Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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domingo, 13 de junho de 2010

O Suíno Roedor - por Cauê Alencar



Nota: Essa história foi elaborada de uma forma curiosa. Entrei no msn de noite, e um amigo disse: Cauê, me conta uma historia sobre suínos roedores, brincando. Eu disse que iria pensar e depois contaria. Ele falou que queria na hora, para distrair, e como quem se deixasse levar pela onda lúdica, comecei a história, que deu nisso ai ^^
Em vastos campos ingleses, longe de civilizações, haviam vários porcos que ali moravam.
A vida era tranquila e luxuosa, eles tinham a melhor grama, bons frutos que caiam das árvores distantes umas das outras, e um ótimo ar puro do campo.
Um certo porco que ali morava tinha como atividade favorita observar a lua e as estrelas à noite. Para ele era fascinante. Gostava de ir, toda noite, a uma colina próxima dali, a mais alta que não ficasse tão longe.
Certo dia, o céu estava particularmente lindo. As estrelas brilhavam instensamente e era noite de lua cheia.
Sem hesitar, o porco dirigiu-se à colina. Chegando lá, deparou-se com uma criatura que nunca havia visto antes.
Inocente, apenas perguntou: estás a observar a lua nesta llinda noite?
A criatura respondeu: oh sim, sim, estou a obervá-la, e você, que fazes por aqui?
Sempre venho aqui pela noite para olhar a lua e as estrelas, vim fazer isso hoje, novamente. Posso juntar-me a você?
Os dois ficaram calados por uns minutos, olhando para cima. Após algum tempo, a criatura, percebendo a fascinação do porco pelo céu, falou:
Que irás fazer quando não poder mais observa-la?
O porco respondeu: sempre poderei observá-la.
A criatura retrucou, impaciente: não! em breve ela será minha e não poderás mas ver este brilho ou sequer este vislumbre atenuado, endendes? só eu vou poder observar tamanha beleza
O porco disse: mas porque faria tal coisa? privaria assim todos os outros de olhar para esta magnífica ilusão
Você não entende, se não cuidamos das coisas como devemos, elas ficam entregues aos ratos, e eu sou o único capaz de cuidar de tal beleza, pois sou o maior em tal planeta
O porco exclamou: piedade! não tomas a lua, que ela saiba que sua magnífica beleza não pode ser de um só!
A criatura disse: não sabes o que falas, és mais um rato que um porco, és a mais desprezivel das criaturas!
A criatura retirou-se, e o porco pois-se a pensar: porque tal criatura faria tal coisa? não era justo, não era válido...
Tempos se passaram.
Estações foram e estações vieram.
E o porco retornou a colina, certa noite, bem mais velho.
E para sua surpresa, reconheceu uma criatura que há tempos havia visto ali
Olá, senhor. falou o porco, caminhando lentamente para o local onde costumeiramente se sentava.
O senhor que ao olhar para o porco deixou-se tomar por uma expressão de nojo, disse: Olá.
Como está o senhor nesta linda noite?

Vou bem, Obrigado. E como você está?
Estou muito bem, obrigado. Disse o porco finalmente sentando-se ao lado do senhor e olhando pra cima.
Sabes, afinal, não consegui compra-la. Falou o senhor olhando a lua
Eu percebi. Falou o porco
E porque está tão feio, com estas deformidades, porco?
Ora, não sou mais o mesmo de antes, vivi uma vida intensa. O senhor também não está lá estas coisas.
O velho resmungou.
O porco disse: sabes, homem, tamanha beleza não pode ser comprada, e algumas coisas não podem ser compradas, outras não podem ser compreendidas.
Cala a boca, porco! não és digno de um porco! és tão porco que passas de porco, chegas a ser um rato, é mais rato que porco!
E o porco virando o rosto para olhar o senhor, solenimente falou:
E tu és mais porco que homem

2 comentários:

Domingos Barroso disse...

Cauê Alencar,
belíssima e repentina inspiração.

A preciosidade do que se escreve,
na maioria das vezes, ocorre assim:
um raio sobre a cabeça.

Forte abraço.

Claude Bloc disse...

Você é grande, menino...
Gostei de te ler.

Abraço,

Claude