Carta a Edilma
- Claude Bloc -
Amiga, Edilma,
A você que sempre me prestigia com sua amizade, que me entende, que me lê e me incentiva, que, como eu, anseia em tomar a velha estrada que se estende até a entrada da velha casa – França Livre - quero agradecer pela linda tapeçaria de palavras e imagens que vem bordando neste blog. Confesso que o que tem me deixado inquieta esses dias é a existência de muitas palavras silenciosas que não saem da nossa boca, por maior que seja o esforço ou a intenção de expeli-las porta afora. Você as deve conhecer muito bem: são aquelas palavras cruzadas aqui dentro do peito. Entrelaçadas atapetando um chão tantas vezes varrido pelo silêncio, que faz questão de nos esconder e encobrir à sombra da chapada sem, no entanto, se preocupar em nos guarnecer ou dar conforto algum.
Mas, sabe, Edilma, ontem fiquei lembrando das quantas e quantas vezes que estivemos lá pela Serra Verde nas férias e de como preenchíamos de alegria nossa vida naqueles momentos em que saíamos a cavalo pelas estradas cantando, galopando, vibrando. Dos intermináveis banhos no açude. Dos jogos de baralho à noite... e das cantorias noturnas na casa de Maria Alzira, motivadas pelos vários “lotes” de pipoca quentinha.
E as festas? A melodia extraída da sanfona ao som da noite embalava o movimento circular dos participantes e envolvia a gente ao ritmo das batidas do peito. O coração se revestia de seda para servir àquela cadência festiva tal como um pandeiro seguindo um violão plangente. Assim se podia dinamizar a energia vital do ambiente.
Era simplesmente sublime esse tempo. Pela sala vestidos rodados e o cheiro de extrato barato bailavam pelo salão. Nossos vestidos resplandeciam sobre as paredes cruas da casa. As mocinhas se enfeitavam para se apresentar ao mundo e ofereciam aos olhares curiosos um porte majestoso e delicado ao mesmo tempo...
Agora, numa nova roupagem, nos sentimos dispostas mais uma vez a trançar novos fios, a traçar novas linhas na nossa vida, sem o medo das palavras que ressoavam antes. Esta é nossa nova vida incorporada, motivo e valor de nossa atual devoção. Eis o ímpeto para fazer figurar nossa amizade fraterna, com orgulho, nossa história em uma nova tapeçaria de palavras.
Abraços, mana
Abraços, mana
Claude
Um comentário:
Erdirma minha ilrimã,né ca outa foi arrancar alembraça dos tempo baum! êta Serra Verde boa danada, é a merma coisa de arrancar tatu sem rabo, la de dentro do buiaco,cum us cachorro alatindo acuado.
Cuma eu num sei escrivinhá muito,nesse tar de cumputacumdor,vou apertando esse bidolo,ou amió,dando assuluvaco nessa catombo,sei la cuma xama essa bôba,mais uma coisa eu lhe agaranto, aqui sai inte retrato,eu a lhe apregunto,é vossa mãe ,Dona Teulrma, que ta aqui dento desse bixo.
Nesse tempo que Croude falou ai,era bom demais da conta,era tempo de bricadeira,tempo dos treis treis pararão,de boca de forno,cinturão queimado,bixeira,bigurrilho,arrêia,aneu,do grilo,bandeira,guisado e tantas. O a mió,mais mió de tudo isso,é qui tudo passou,mais nossa amizade continua a merma,amigos irmãos.Que sabemos perdoar,que sabemos pedir desculpas,que sabemos nos recolher,que sabemos nos apresentar,que sabemos nos doar,que sabemos pedir,que sabemos agradecer,que sabemos entender uns aos ouros sem cobrar,por isso mana,que... amigos... não é só chamar de amigos,temos que regalos,cuidalos e cultivalos.Só assim, os amigos deixam de ser só amigos,eles se tornam "FAMÍLIA".
Você faz parte do jardim de rosas pérolas da amizade de Hubert/Jannine,dos irmãos Bloc Bloc e família.
Beijos,beijos.
Assinado \um caba da gota serena,afuleimado,grosso igual a parafuso de patrol mais que te ama muito,
Teu Mano Jacques.
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