Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Circulando por aí...
- Claude Bloc -



Eu sempre gostei de perambular a pé pelo centro das cidades por onde circulo. Não sei bem se é um hábito que adquiri quando ainda pequena moradora do Crato, ou se é um gosto próprio meu, este de andar a pé explorando os lugares e descobrindo-lhes os segredos e a essência. Só sei que gosto. E faço-o com prazer infantil.

Hoje, por exemplo, dei aula de Francês de 7h às 8h. Depois, fui resolver algumas tarefas burocráticas (papéis) no centro da cidade de Sobral. Estacionei o carro na Praça da Igreja São Francisco e comecei a jornada. Apesar do que eu imaginava (morosidade) foi tudo muito rápido. Como estava no centro, a seguir, fui “bater perna” e “lamber” as vitrines.

Andar em Sobral desanima o “freguês”. O “solzão” na cabeça começa a queimar desde cedo e o calor intenso faz a gente procurar a calçada da sombra e evitar a exposição direta aos raios solares. Mas... é inevitável o suor e a busca refrescante por um copo d’água geladinho. Água, sim!

Pois é, descobri que gosto de Sobral e, apesar de seu comércio caro e limitado, é bom estar na cidade. O comércio de pequenas proporções fecha as portas a empresas de “outras terras” para não abafar o sucesso do pequeno comerciante. Mesmo assim, nesses passeios pelo centro, percebi que meu gosto de andar por ali é proporcionado por motivos bem pessoais: é no centro das cidades que a História do lugar parece estar preservada indefinidamente, sem muita mudança. Dá pra sentir a vibração antiga das casas, das fachadas rebuscadas, das igrejas, das ruas estreitas e mal desenhadas. Dá pra sentir a alma da cidade, do seu povo, a dinâmica da vida citadina.

No mais, o moderno, representa crescimento e progresso. Louvável, mas não romântico. É esta minha visão alienada a respeito das cidades. O centro ferve. O resto vive.

Sobral, porém, não é minha cidade. Assim como não são minhas cidades as outras por onde perambulo. Em Sobral convivo com muita gente – alunos - uns 300 por semestre. Encontro-os pelo centro, trabalhando no comércio ou vagueando com as famílias. Mas... em Sobral não há minha gente. Nem os sorrisos que recebo aqui e ali quando estou no Crato. Aqui nesta cidade, sou uma estrangeira que a ela se incorporou desde 2003. Nada mais. Por isso, tive que criar vínculos através do trabalho, fazendo meu melhor.

Mas, por favor, não me tirem a esperança de morar no Crato, pois circular pelo Crato é pura magia. Esteja como estiver.


Claude Bloc

2 comentários:

jair rolim disse...

Oh claude, esta é a esperança de todos nos que moramos fora. Tenho firme convicçao que seu esforço nao será em vão. Insista, persista que seu dia chegará. Belíssimo texto que nos deixa uma saudade imensa.
Paarabens.
Jair Rolim

Liduina Belchior disse...

Claude,

Primeiro, parabéns pelo belo e inteligente texto; segundo O crato será seu berço novamente. Siga Jair Rolim: Não desista.

Abraços: Liduina.