Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Colaboração:Claude Bloc


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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Pachelly e Dihelson: um norte na bússola da fotografia. - José do Vale Pinheiro Feitosa

O Jacques Boris, que tem o dom de nos seduzir com uma empatia positiva, homenageia fotógrafos caririense em madeira vazada. E quando falamos dos homenageados dizemos imagens que capturam, tratam (ou não) e expõem ao nosso olhar. E por estas imagens completamos que Jacques não é apenas simpático, mas tem a síntese do relevante. Do relevante que não anula as demais coisas e não as torna irrelevantes. Pelo contrário, um relevante que apenas amplia a potência de todas as outras coisas. Especialmente quando sabemos que os dois operam, nasceram e se desenvolvem no território.

Por isso o Jacques faz uma coisa muito interessante com sua homenagem, ele não cria semi-deuses, que se isolam num panteão e numa solidão de matar. Pelo contrário, eleva o geral da fotografia e dos fotógrafos da região. Ao sentir orgulho do Pachelly e do Dihelson, desejamos apenas expressar o potencial que estes revelam da região. Eles são símbolo da força da fotografia que se amplia.

Outro dia conversava com meu irmão que gosta de fotografar e estimulava que entrasse ou criasse um blog com o exercício que faz. Argumentava que a fotografia com o meio digital se tornara tão ampla, tão presente, mas isso não significaria banalidade. Pelo contrário, neste universo fantástico de amadores, de celulares em punho sobre o evento, de todo tipo de ocasião, a fotografia tinha tudo para crescer e muito.

O melhor da expressão humana se encontra primeiro na transpiração coletiva. Na presença de muitos desenvolvendo e se expressando. O melhor discurso é sempre aquele momento que sintetiza todas as falas. A melhor poesia é aquela que se emociona com o leite da seringueira que sintetiza toda a árvore. A música de qualidade apenas nasce quando tantos a praticam e por ela se expressam.

O Dihelson e o Pachelly apenas os vi uma única vez. Mas nos conhecemos muito pelas imagens que expõem nos blogs e com o primeiro por debates acalorados (e não apenas político). Os dois têm diferenças fundamentais no que fazem e por isso estão num patamar de referência para a região. O Dihelson é mais de prosa, um pouco de crônica, algo poético e essencialmente um fotógrafo da imagem pronta, examinada pós-facto, sem dificuldades com a sua edição. O Pachelly é um poeta deste o clic ao revelar (agora simbolicamente), mesmo quando faz crônica, ele dialoga previamente com a imagem, é aquele fotógrafo que ajusta o seu instrumento de arte e não se amplia na edição pós-facto dela.

Poderia o Jacques encontrar exemplos melhores? Exemplos perfeitos para que não sintamos inveja, mas, sobretudo que nos estimulam a desenvolver-se. Uma perfeita homenagem ao fotógrafo caririense.

5 comentários:

Dihelson Mendonça disse...

...

Outro dia vi um fato engraçado. Numa entrevista do Sebastião Salgado, o maior gênio de fotografia do Brasil, quando alguem o provocou e entregou para ele uma pequena câmera e pediu que ele batesse uma foto, esperando que ele fizesse algo espetacular como ele sempre faz. Salgado olhou, olhou pelo obturador e a genialidade foi maior: apertou o obturador e fez uma foto comum, que qualquer pessoa faria, e entregou ao repórter, que ficou decepcionado, depois, olhando para o repórter disse: "Eu fiz o que o ambiente aqui permitia, uma foto comum. Eu sou fotógrafo, não sou mágico".

Avise ao seu irmao que siga o rumo da arte, e apenas fotografe o que gosta, para não ser escravo de uma câmera. Tenho hoje certeza de que muita gente talentosa como Henrique Maia, um grande fotografo do Crato, Vicelmo e outros seriam capazes de fazer coisas ótimas se não houvessem perdido a estima, o amor pela fotografia.

Toda arte que vira profissão, que se passa a viver e depender para sobrevivência, perde o encanto. Eu era muito mais feliz quando fotografia para mim era apenas um hobby de fim-de-semana. Já em música eu não abro mão: Toco apenas o que eu quero e para quem quero. Não me importo se entenderam ou não. Graças a Deus, hoje eu não preciso mais viver exclusivamente da música, e posso ser eu mesmo. Espero que um dia eu faça isso na fotografia também.


Abraço José do Vale pela crônica
Abraço ao Jacques que motivou toda essa discussão.
Abraço ao mestre Pachelly, que sempre tem sido um grane amigo e parceiro.

Dihelson Mendonça

Dihelson Mendonça disse...

A ordem está invertida, a primeira parte é a postagem número 2

M

Claude Bloc disse...

José do Vale,

Agradeço pelo meu irmão o que compete a ele nesse texto seu.

Agradeço também por sempre nos proporcionar boas leituras,claras e reflexivas.

Agradeço igualmente por você estar aqui conosco partilhando essas idéias grandes que vêm de você.

Agradeço pela grandeza e generosidade que ponteia nas suas palavras.

Portnto, fica aqui meu abraço por hoje...

Claude

José do Vale Pinheiro Feitosa disse...

Caros amigos Dihelson e Claude que vieram até aqui. Eu vou fazer uma imagem simbólica nossa: somos vaqueiros na caatinga. Levamos cipoadas, garranchos ameaçam nossos olhos, espinhos arranham nossa pele, mas saímos no descampado para o abraço de sermos o que somos e de sermos deste canto volúvel do mundo. Obrigado aos dois pelos agradecimentos.

Daniel Boris (Jacques) disse...

Grande Zé, não tem uma vez que vejo alguma reportagem ou comentário seu que não me lembre do meu " gran mestre "(Professor Zé do Vale). Sendo filho de quem é, me deixa mais orgulhoso ainda, porque o segmento da amizade continua. As sua gentis e verdadeiras palavras me envaidecem como homem, artista e como eu mesma, uma pessoa comum. Obrigado, obrigado, obrigado. Um beijo no seu coração.

Obs. Zé , não respondi antes porque o meu tempo esta muito corrido, graças a Deus tenho pessoas iguais a minha irmã,(Claude) que me falou sobre sua reportagem.