Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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domingo, 26 de dezembro de 2010

Conversa nos batidores com o novo colaborador Luis Eduardo





Aproveito a oportunidade agora para isto! Não de tão importante, mas tudo importa também...
Conversávamos mais cedo hoje, me ocorreu esclarecer algumas coisas para você. O assunto principal para mim Socorro é música. A música transformadora da realidade, a música que faz a flor perfumar o ambiente, a vida. O "rock" surgiu para mim como rebeldia, como a contestação do status quo, anos 70 - nos 60s, eu (ou)via não entendia, criado na roça, a música caipira, a Folia de Reis. Na cidade, a jovem guarda, mas tanto doce nas letras que eu não via um sentido que me comovesse. "Pobre menina, não tem ninguém..." "Eu sou um negro gato de arrepiar..." Achava melhores aquela do E. Carlos "Sentado à beira do caminho", do R. Carlos "Detalhes", por suas construções poéticas mais realistas, mas a música que procurava tinha cheiro de mato, de coisa da terra... Quando via alguma coisa diferente, gostava. A música caipira me oferecia isso, com seu ideário heróico, as histórias navegadas no carro de bois, os cavalos, os amores puros da gente mais simples. A vida era muito simples.

Quando falo em rock, falo mais portanto de VAN DER GRAAF GENERATOR (procure no 4shared.com, que você faz ótimos downloads, para conhecer - se você não conhece, claro!), ouvi muito YES, GENESIS, KING CRIMSON, JETHRO TULL, mas também muito Blues, muito HENDRIX, JOPLIN, IGGY POP, ERIC BURDON, além dos BEATLES e STONES, e no Brasil Mutantes, Raul Seixas, Sérgio Sampaio. Naquele tempo ouvi alguma coisa dos baianos C. Veloso, G. Gil, mas logo perdi o gosto pela história deles, que não vi a coerência que sintonizasse, só sua adesão mesmo ao stablishment. Não é verdade? (Cadê a proposta revolucionária necessária deles, não é mesmo?) (Será que exagero, deliro, vacilo, erro, injusto?...)

Queria chegar a que dancei esses sons, mas aquilo era realmente louco, tribal, viajante. Hoje não tem sentido para mim dançar daquele jeito que dancei. E as danças do pessoal anterior, que sei que você gosta, além do samba, da seresta - você já me disse -, do bolero, esses não me atraíram. Compreendo que se goste, mas meus movimentos são mais mentais, os físicos, só em momentos de muita intimidade - acho que você me entende.
Antes, gostarei que você participe comigo da música de que lhe falei, geralmente intitulada progressive rock - que alguns entendem que só existiu nos 60s e 70s, a produção de 80 para cá tivesse perdido sua função transgressora, mas na verdade alguma coisa sobreviveu, sim, e é [para mim] o melhor da festa. Lembro especialmente a maravilha do trabalho de PETER HAMMILL, que é o poeta-cantor-pianista-guitarrista do Van Der Graaf Generator, além da resistência também de Robert Fripp, o guitarrista do King Crimson, a resistência também, com um trabalho extraordinário, excelente, de PETER GABRIEL, que foi Genesis, mas há alguma coisa mais ainda, se bem que o "gênero" se esvai, restam poucas representações.

A música que me atrai hoje principalmente é WORLD MUSIC, em que as diversas etnias musicais se misturam, realizando uma música pacífica, de solidariedade, além do que remanesce da NEW AGE, a música elaborada com a intenção meditativa. Vivemos num grande caldeirão planetário, e a música da urbanidade, de quase todos os lugares, perdeu sua originalidade. No Oriente sei que se faz boa música, mas lá praticamente todos os shows são acompanhados de orquestras, de naipes completos. Aqui infelizmente não temos isso, a música que sobrevive, ou faz o que o mercado exige, com seu baixo nível, ou que se banque. Não é assim? Aí existem sei coisas maravilhosas no Crato, que perambulam certamente pelas cercanias, mas é muito raro virem aqui. Aqui da mesma maneira acontecem coisas, mas que não têm oportunidade de viajar pelo Brasil - se não aceitarem a tutela do patrão dinheiro, do mercado, não é mesmo?

Vejo muitas coisas suas no Cariricaturas, você posta muita coisa, quer dizer, você realmente é uma das pessoas mais presentes ali. Vejo então muitas vezes Roberto Carlos - além daquela infância tão distante, e tão cheia de falta de opções, não mais me interessou seu trabalho -, mas não vejo seu conterrâneo Sérgio Sampaio (Eu quero é botar meu bloco na rua...). Pesquise ache logo você vai colocar coisas maravilhosas do Sérgio Sampaio no blog, tenho certeza. O samba que ele faz, o bolero que ele faz, são da melhor qualidade do mundo, porque são revolucionários, progressistas (não sei se poderia dizer assim...)...


Esteja muito bem!


Luis Eduardo

O Cariricaturas é música ...Também !
Sons remanescentes , outros permanentes.
Já não danço boleros como antigamente, nem tão pouco o nosso forró.
Curto ouvir o que não se pode dançar.
Só frevo, na época do Carnaval, ou fora de época , instiga alguns passos...Pouco espaço !
Não lembrava a obra de Sérgio Sampaio.Música bem cantada, em décadas passadas.
Valeu!
Vou pras pesquisas. Extrair qualquer coisa que seja prazer lembrar, partilhar, conviver.

Abraços.
Socorro Moreira



2 comentários:

Ulisses Germano disse...

Fico feliz em ler as palavras do "amigo das antigas" Luiz Eduardo... a branda Van Der Graaf realmente é única (além da velocidade da luz), assim como Frank Zappa (Big Song), Hermeto Pascoal (aura das palavras) e tantos outros que povoam o espaço sonoro musical do planetinha azul.

socorro moreira disse...

Germano,

Saudades das tuas postagens.
Já retornou de Fortal?

Abraços.