Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O PÉ DE CAJARANA - Por Edilma Rocha

- Quem de nós não guardou na memoria a sua árvore da infância ?
A de uma árvore enorme, tronco forte, folhas verdes e brilhantes nos proporcionando aos seus pés a sombra fresca da clorofila com uma sensação de bem estar. Lembranças de aventuras na escalada do seu tronco até chegar ao topo de onde nos sentíamos poderosas.

Lá estava ela, imponente, frondosa no alto do Morro do Caboclo encobrindo parte da visão da Casa Grande a espera dos visitantes. Tinha se passado um semestre inteiro desde a última visita a Fazenda Serra Verde. Tempo suficiente para produzir novas folhas e frutos pequenos, porém deliciosos.

Já conhecia aqueles meninos que brincavam a sua sombra com carrinhos e conhecia especialmente as lindas meninas que todas as tardes subiam bem alto nos seus galhos e confidenciavam seus segredos de amor. A tudo escutava silencioso e se deliciava com as histórias inocentes do coração. Por algumas vezes precisou suportar marcas no seu tronco para registrar as iniciais dos namorados que sabia iria levar por anos a fio nos corações perfurados por flechas dos cupidos.

Quando chegava a noite todos subiam as escadas da varanda a procura de repouso lhe deixando a espera por um novo dia. Pela manhã a cozinheira da casa sacudia forte os seus galhos  colhendo os frutos que caíam ao chão. Enchia uma bacia de alumínio e retornava rapidamente para preparar o suco preferido dos visitantes. Suco de cajaranas e também mangústia, com frutos cozidos. Uma delícia !

A sua sombra também se abrigavam os animais que ficavam a espera das pequenas amazonas para as cavalgadas todas as manhãs.  Até o velho  Jippie 51 quando retornava das andanças pela fazenda ficava estacionado ali e  ele ouvia alto e claro o ronco do motorista na soneca do descanso.
Era o preferido de todos nas fotos que registravam as nossas férias.

Nos galhos mais altos se abrigavam passarinhos e faziam seus ninhos protegidos dos curiosos. Lá de cima do morro era testemunha de tudo que acontecia: moradores descendo e subindo a ladeira para o trabalho; no açude o barco que saía para mais uma pescaria; ouvia o barulho da forrageira no preparo do alimento dos animais; até o ruído do serrote do velho carpinteiro a assobiar.
Se chegasse alguma visita inesperada era o primeiro a saber de suas presenças.

Mas o dia da despedida  se aproximava, todos iriam embora deixando momentos inesquecíveis de mais umas férias na Fazenda Serra Verde. Do alto do morro tudo observava e o silencio aos poucos dominava o lugar, antes de euforia, agora  de silêncio.  A solidão dava lugar a alegria que se ia e ficava a espera de mais seis meses por outras férias que certamente demorariam a chegar... 

Edilma Rocha

10 comentários:

socorro moreira disse...

Grande narradora !
Menina que sabe contar a história do que sente.

Abraços!

Edilma disse...

Socorro,

Estou tão sem tempo de escrever que me sinto em falta com o blog.
Este pequeno texto estava entre os meus escritos e nas altas horas o publiquei aproveitando a foto da ilustração.
Que bom que gostou !
Obrigada pelos elogios !

Beijo !

Aloísio disse...

Edilma,

Parabéns pelo belo texto, trazendo na gente lembranças de nossas férias.

Abraços
Aloísio

Edilma disse...

Aloisio,

que bom resgatar em voce as lembranças das férias da infnacia.
agradeço a gentileza e lhe retribuo desejando um Feliz Natal.
Abraço !

Liduina Belchior disse...

Edilma,

Esse seu texto bem elaborado, foi uma volta minha minha aos valores infantis. Considero um presente, menina escritora!
Saudades...

Abraços: Liduina.

Anônimo disse...

Muito bom seu texto Edilma, Parabéns!

Abraços

Magali

Edilma disse...

Liduina,

Acho que o pequeno texto agradou a todos revivendo as lembranças da infancia.
Obrigada pelas suas palavras.
Lhe desejo um Feliz Natal.

Abraço !

Edilma disse...

Magali,

Como vai Carlos?
Envio recomendações a ele com os meus desejos de um breve restabelecimento.
Pois é, texto simples mas agradou...
Obrigada pela atenção.
Um Feliz Natal com muita saude para toda a familia.

Beijo !

Claude Bloc disse...

Menina do céu,

Que coisa mais linda esse texto! Tocou bem fundo nas minhas lembranças, nas minhas saudades... Eu já fiz um texto com esse nome, mas com uma abordagem diferente... Esse seu ficou uma maravilha.

Abração,

Sua mana Claude

Edilma disse...

Claude,

São as lemranças gemeas que causam esse seu encanto por tão simples narrativa.
procure o seu e publique, por favor.
Quero ler a sua historia.
Ah, nosso pé de Cajarana !
Quanta saudade !

Beijo !