Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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domingo, 26 de junho de 2011

Paráfrases de Ungaretti


Quiete

L’uva è matura, il campo arato.

Si stacca il monte dalle nuvole.

Sui polverosi specchi dell’estate
Caduta è l’ombra

Tra le dita incerte
Il loro lume è chiaro,
E lontano.

Colle rondini fugge
L’ultimo strazio.
   
Giuseppe Ungaretti

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QUIETUDE

O café preto e vermelho salta
no terreiro ao sol.

Os coqueiros brincam
com as nuvens no céu.

A água gorgoleja no córrego
entre os inhames.

A maritaca grita
dependurada nas telhas claras.

A paz é uma moringa d’água
à sombra da figueira.

José Carlos Brandão

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Inquietude

A uva apodrece, a terra quebra-se.
o monte cobre-se de urubus.

Cai a sombra do inverno
sobre as coisas.

Entre os meus dedos frios
a treva pesa.

As andorinhas morrem
com o meu desespero.

Gregório Vaz

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Não é a primeira vez que tento fazer uma paráfrase deste poema de Ungaretti, que admiro muito. Tento traduzir a sensação que Ungaretti cria no seu poema. Por último perpetrei uma heresia (Todos matam quem mais amam, disse Wilde), e assassinei o poema – procurei aproximar-me dele formalmente, e, para disfarçar, afastar-me quanto às ideias. Atribuí esse assassinato a meu heterônimo Gregório Vaz. Mas o resultado foi que esse crime de lesa arte aproxima-se mais do original e seu autor... Sim, já pensei muito em aposentar Gregório Vaz. Parece-me impossível.

... Quem não quiser me acompanhar nessas pensamentações, afinal inúteis, fique com os poemas em si. É possível que goste.

José Carlos Brandão

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