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"Penetra surdamente no reino das palavras.
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Estão paralisados, mas não há desespero,
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"

(Carlos Drummond de Andrade)

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quinta-feira, 14 de julho de 2011

O centenário de Juazeiro do Norte - Emerson Monteiro


Neste ano de 2011, o dia 22 de julho assinala 100 anos desde que Juazeiro mereceu sua autonomia municipal através da Lei n.º 1.028, quando recebeu a toponímia de Joaseiro, em homenagem à árvore típica da vegetação do semi-árido, sempre verde inclusive nas épocas mais tórridas.

Suas origens remontam ao vilarejo de Tabuleiro Grande, formado nas terras que pertenceram à sesmaria concedida no ano de 1703 ao capitão-mor Manuel Rodrigues Ariosa, de origem norterriograndense, depois havidas por famílias iniciais advindas de Sergipe, até chegar no brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro e no neto, o sacerdote católico Pedro Ribeiro da Silva Monteiro. As terras se estendiam do município do Crato às cercanias da Serra de São Pedro. Nessa área da grande propriedade, no decorrer da década de 1820, o Padre Pedro Ribeiro edificaria casa grande, de taipa e telha, engenho, aviamento, senzala e capela.

Para a construção da capela dedicada à Nossa Senhora das Dores, o sacerdote e seu futuro capelão reuniria também esforços dos familiares, nela sendo celebrada missa no dia 15 de setembro de 1827 alusiva ao lançamento da pedra fundamental do templo.

Em 09 de setembro de 1833, quando Padre Pedro Ribeiro deixaria este mundo, a futura povoação juazeirense começava a despontar no crescimento. Somava duas ruas, a Rua Grande, hoje Padre Cícero, e a Rua dos Brejos, em traçado perpendicular; a capela, uma escola e 32 prédios com tetos apenas de palha.

Ordenado em 1870, no dia 11 de abril de 1872, o Padre Cícero Romão Batista fixaria residência no pequeno arruado. Afeito aos anseios das populações simples, desempenharia funções apostólicas voltadas ao conforto das almas sertanejas, cumprindo nisso a missão religiosa católica. Tempos depois, em 06 de março de 1889, dar-se-ia o fenômeno da hóstia transformada em sangue, na ocasião de ministrar a comunhão à Beata Maria de Araújo. A propagação do acontecimento pelos interiores nordestinos intensificaria o deslocamento de milhares de pessoas ao lugarejo, que ganharia impulso surpreendente e definitivo no desenvolvimento.

Já em dias do século XX, a 16 de agosto de 1907, circulara um boletim conclamando os cidadãos juazeirenses para reunião a ocorrer no dia 18 do mesmo mês, na residência do major Joaquim Bezerra de Menezes, descendente dos primeiros proprietários do lugar, visando organizar a emancipação política do território, livrando-o da administração do município do Crato, a quem obedecia. Isso, no entanto, deixaria de gerar efeitos práticos imediatos. Só adiante, devido ações encetadas por novas lideranças, de Padre Alencar Peixoto, Floro Bartolomeu da Costa, José Marrocos e outros, nas páginas do jornal O Rebate, essas ideias ganhariam corpo, galgando efetiva concretização em 22 de julho de 1911, quando da lei estadual que estabeleceu: “Art. 1.º - A povoação de Juazeiro, da comarca do Crato, é elevada à categoria de vila e sede de município, com a mesma denominação”.

4 comentários:

Armando Rafael disse...

- 1 –
Parabéns Emerson pelo bom conteúdo desde seu escrito. Embora resumido ele é oportuno e verdadeiro.

Embora a maioria das pessoas pense que se deve ao Padre Cícero Romão Batista a fundação de Juazeiro do Norte, renomados historiadores afirmam ter sido o brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro o verdadeiro fundador do núcleo primitivo, que deu origem a atual cidade. É o caso de Amália Xavier de Oliveira que defende o brigadeiro Leandro como o fundador da hoje centenária cidade de Juazeiro do Norte. No livro de Amália (“O Padre Cícero que eu conheci”) consta:

"Ordenara-se Sacerdote o Pe. Pedro Ribeiro de Carvalho, neto do brigadeiro, porque filho de sua primogênita, Luiza Bezerra de Menezes e de seu primeiro marido, o Sargento-mor Sebastião de Carvalho de Andrade, natural de Pernambuco. Para que o padre pudesse celebrar diariamente sem lhe ser necessário ir a Crato, Barbalha ou Missão Velha, a família combinou com o novel sacerdote a ereção de uma capelinha, no ponto principal da Fazenda perto da casa já existente".
(continua)

Armando Rafael disse...

- 2 –

Em 15 de setembro de 1827 foi lançada a pedra fundamental da capelinha de Nossa Senhora das Dores. Assistiu a essa solenidade o Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro, aquela época caminhando para os 87 anos de idade. A imagem de Nossa Senhora das Dores, destinada à capelinha, foi adquirida pelo brigadeiro em Portugal e ainda hoje é conservada, em excelente estado, na Casa Paroquial de Juazeiro do Norte.

Deve-se, pois, ao brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro a iniciativa da primeira urbanização da localidade – conhecida inicialmente por Fazenda Tabuleiro Grande, depois chamada de Joaseiro – com a edificação da Casa Grande, de uma capela, além de residências para os escravos e agregados da família.
(continua)

Armando Rafael disse...

- 3 –

Quando o Padre Cícero chegou ao “Joaseiro”, para fixar residência, em 11 de abril de 1872, como sexto capelão, já encontrou um povoado formado em torno da capelinha de Nossa Senhora das Dores. Contava o lugarejo, à época da chegada deste sacerdote, com 35 residências, quase todas de taipa, espalhadas desordenadamente por duas pequenas ruas, conhecidas por Rua do Brejo e Rua Grande. Naquele povoado – à época da chegada do Padre Cícero – residiam cinco famílias, tidas como a elite do vilarejo: Bezerra de Menezes, Sobreira, Landim, Macedo e Gonçalves.

Não padece dúvidas de que o brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro, viveu seus últimos dias na Fazenda Juazeiro, antiga Tabuleiro Grande, onde hoje se ergue a cidade de Juazeiro do Norte, por ele fundada, como afirma dona Amália Xavier de Oliveira.
(continua)

Armando Rafael disse...

- 4 –
É verdade, porém, que o povoado só veio a ter alguma projeção a partir da ação evangelizadora do Padre Cícero. E o vertiginoso crescimento demográfico da localidade só começou em 1889, motivado pela ocorrência dos fatos protagonizados pela Beata Maria de Araújo, que passaram à história como “O Milagre da Hóstia”. A partir desse episódio, Juazeiro ficaria conhecida nacionalmente. Nos dias atuais, milhares de romeiros visitam Juazeiro do Norte, durante todo o ano. A devoção à Mãe das Dores, como é carinhosamente tratada por seus devotos, foi espalhada por todo o Nordeste brasileiro. Hoje Juazeiro do Norte ganhou lugar entre as 100 maiores cidades brasileiras. E seu progresso vertiginoso é motivo de orgulho não só para os caririenses, mas para todos os brasileiros.