Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Colaboração:Claude Bloc


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terça-feira, 13 de setembro de 2011

"Leite derramado" - José Nilton Mariano Saraiva

Se, enquanto teoria, a criação e implantação da Região Metropolitana do Cariri conseguiu ludibriar muita gente, através da propagação de mentiras e devaneios mil, na prática, a partir do momento em que passou a ser operacionalizada, converteu-se em um colossal embuste, uma farsa sem tamanho, uma nua, crua e indigesta realidade, principalmente para os cratenses.
Fato é que, para camuflar a escolha de uma única cidade (Juazeiro do Norte) como receptora preferencial dos investimentos governamentais ao sul do Ceará (assim como o fizera com Sobral, ao norte), o Governo do Estado contou com uma legião de treinados e amestrados “multiplicadores” (deputados estaduais da sua base de sustentação, secretários de Estado e meia dúzia de cratenses (???) escorregadios e cooptados) que, hipócrita e irresponsavelmente, saíram às ruas a dourar a pílula, alardeando, difundindo e propagando as futuras benesses advindas da criação da Região Metropolitana do Cariri; só que, internamente, entre quatro paredes, já havia a determinação política em se evitar a pulverização dos investimentos governamentais entre as diversas cidades da Região do Cariri (desprovidas do “componente político”), centrando-os em uma só urbe, na mafiosa perspectiva que os benefícios fluiriam e se espraiariam entre as demais comunidades (e naquela ocasião, alertamos aqui sobre o perigo da passividade com que aquela conversa mole passara a ser digerida).
Mas foi assim, verbalizando tão incrível lorota diuturnamente (em alto e bom som), e valendo-se de um pseudo “regionalismo” alavancador do progresso, que foram criados e passaram a operar em Juazeiro do Norte (e só em Juazeiro, pt saudações) o Aeroporto Regional de Cariri, o Hospital Regional do Cariri, a sede regional da Receita Federal, o campus regional da UFC/Cariri, a delegacia regional da Polícia Federal, a unidade regional da Receita Federal e tudo o mais que pudesse ser rotulado de “regional”. Castrando e obstaculando qualquer tentativa de descentralização, tudo tinha obrigatoriamente que ser em Juazeiro (posteriormente, na esteira do prestígio chancelado pela preferência governamental, a instalação de empreendimentos privados foi apenas conseqüência). Quanto às demais cidades da região (inclusive e principalmente o Crato), ficaram a ver navios, a esperar por quem não ficou de vir, e tendem à estagnação absoluta, à involução, a virarem meros satélites errantes a vagar sem rumo e sem norte na órbita juazeirense.
O mais estapafúrdio nisso tudo é que, à época da criação da tal Região Metropolitana do Cariri, por deslavada conveniência política, falta de justificativa consistente para esconder o marasmo administrativo, ou mesmo na vã tentativa de justificar o injustificável, os (maus) cratenses, inclusive e principalmente suas atuais autoridades constituídas (que deveriam, sim, ser responsabilizadas pelo estágio a que chegamos), convencionaram e passaram a adotar o cretino bordão de que, como éramos “UM SÓ POVO, UMA SÓ NAÇÃO CARIRI”, o progresso e a aura desenvolvimentista viriam de forma equânime, igualitária, simétrica (e ai de quem ousasse pensar diferente). Tanto é que o prefeito do Crato e seus áulicos sempre se fizeram presentes e nunca deixaram de bater palmas e tecer fartos elogios a tudo que era inaugurado em Juazeiro. Não podem, agora, chorar o leite derramado.
Deu no que deu. E como o esvaziamento do Crato é notório e acachapante, hoje, hipocritamente, as mesmas autoridades e formadores de opinião que engoliram o bolo sem mastigar, que teceram loas àquela criminosa ação governamental, que se deixaram bovinamente estuprar intelectualmente, que se extasiaram com o canto da sereia, e que covardemente, sim, se omitiram em questões cruciais, posam de indignados, choram ante as câmeras, manifestam surpresa sobre os rumos da Região Metropolitana do Cariri, reclamam do tratamento “desigual” a que foram submetidos Crato e as demais cidades da região.
Pois bem, o mote da vez, agora, é reclamar contra a perspectiva (sombria, triste e desmoralizante) de que o tal “lixão do Cariri” seja instalado em Crato (com todas as mazelas daí advindas), omitindo o fato de que o próprio vice-prefeito Raimundo Bezerra (certamente que com o aval do prefeito do Crato), num passado não tão distante empreendeu viagem ao sul/sudeste do país a fim de conhecer as tais usinas de processamento de lixo e os “benefícios” e “maravilhas” que adviriam da sua fixação em nossa cidade, objeto de ampla reportagem num dos blogs da região (e é bom não esquecer que, à época, como nos posicionamos peremptoriamente contrários, bem como mostramos que a criação da tal Região Metropolitana do Cariri não passava de mais uma grotesca farsa do governo do Estado objetivando privilegiar uma única cidade da região, os “puxa-sacos”, os “ensaboados” e os “escorregadios” da vida trataram de tentar nos desqualificar, de nos acusar de bairrista, retrógrado, conservador e coisas tais) porquanto – na míope e caolha visão deles – os benefícios se espraiariam por todo o Vale do Cariri, dentro daquela cachordice de que somos “um só povo, uma só nação Cariri”). Pura hipocrisia, deplorável jogo de cena, falsidade em estado absoluto e latente.
E Juazeiro do Norte, que nasceu, cresceu e marombou-se à sombra de um grande embuste, uma farsa grotesca (o tal do “milagre da hóstia”), continua adotando e valendo-se do mesmo heterodoxo “modus operandi”, da mesma estratégia suspeita de tramar na calada da noite, que o catapultou à condição de centro receptor de tudo que provém do poder central estadual (com a inestimável colaboração do “componente político”).
Ou alguém não lembra da séria denúncia do professor Cacá Araújo, veiculada aqui mesmo, segundo a qual um dos “graduados” de Juazeiro (de nome Celestino) teria verbalizado de forma irônica, em alto e bom som, numa das emissoras da região, todo o seu desprezo para com a nossa cidade, ao indagar “quem o Crato pensa que é pra tomar alguma coisa de Juazeiro” ???
Alfim, simplórias indagações: qual o problema da prefeitura do Crato se manifestar de forma contundente, incisiva e oficial sobre a não aceitaçao do tal "lixão" na cidade ??? Quem manda na cidade: seu prefeito ou o governador do Estado ??? Já não estaria na hora de dá um murro na mesa e se impor ??? Pra que toda essa "rasgação de seda" na tentativa de promover um determinado "vereador-suplente" ???

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