Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

ENVIE SUA FOTO E COLABORE COM O CARIRICATURAS



... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


FOTO DA SEMANA - CARIRICATURAS

Para participar, envie suas fotos para o e-mail:. e.
.....................
claude_bloc@hotmail.com

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Caririensidade -- por Armando Lopes Rafael

   O povoamento do Cariri, dizem os historiadores, teve início provavelmente por volta de 1703. Foi quando criadores baianos e sergipanos – seguindo o caminho dos rios –  chegaram a esta região vindo – com seus rebanhos – pela ribeira do Rio Salgado e Riacho dos Porcos. Alguns desses colonizadores se fixaram inicialmente na povoação de São José dos Cariris Novos, atual cidade de Missão Velha.
Só depois apareceu por aqui o lendário frei Carlos Maria de Ferrara, responsável pelo surgimento da Missão do Miranda do Brejo Grande, atual cidade de Crato. São, portanto, mais de 300 anos.  Tempo no qual a população sul-cearense construiu sua história, saberes e fazeres, usos e costumes, enfim plasmou uma identidade cultural própria. 
  
Temos raízes. A mim me parece, no entanto, que o atual e  globalizado caririense ainda conserva – lá no recôndito da alma – quando nada, a nostalgia dessa caririensidade.  Perguntinha ingênua: existiria ainda –  num mundo tão globalizado como o nosso – e, particularmente, numa região tão eclética como o Cariri, espaço para defendermos a existência do sentimento que se convencionou chamar de “caririensidade”?
   
Hoje falamos o linguajar que nos foi imposto pela televisão gerada a partir do sudeste. Vestimo-nos como a população se veste nas demais regiões do mundo: calça jeans, camisa polo ou xadrez. Calçamos o tênis. Igualzinho ao palestino, ou ao arqui-inimigo deste, o israelense. Este, por sua vez, traja igualzinho aos manifestantes que derrubaram as ditaduras no Egito, na Tunísia e na Líbia. Sabemos todos, que o sonho de consumo da paupérrima população cubana é vestir-se igual aos “decadentes” capitalistas norte-americanos. Por isso, o promissor comércio da prostituição cubana fez da calça jeans uma  moeda de conversão.
   
 E as comidas que consumimos no Cariri? Se formos a um restaurante caro (ou mesmo a um bom self service) o cardápio destaca logo: Pizza, Spaghetti, lasanha, risoto, Paella... Se optamos por um fast-food, existem dezenas de sugestões, que vão desde o sandwich de salsicha simples,  ao hambúrguer com batatas fritas e a inevitável Coca-Cola (e aí meu chefe? vai de light, diet ou KS?).
Sem esquecer outras sugestões como o Beirute, ou as esfihas. As de bacon são as mais consumidas. Como sobremesa, uma boa pedida  é o  mousse de maracujá. Suprema humilhação: hoje no Cariri se vende mais queijo mussarela do que o de coalho.
              
Agora experimente numa festa tocar um autêntico forró Pé-de-Serra. A pista de dança fica logo cheia! Ou mande um caririense escolher entre as sugestões do cardápio e um sarapatel... Sugira uma panelada, galinha cabidela, cozido com pirão de farinha, paçoca pilada no pilão com cebola roxa, buchada de bode, baião-de-dois com carne de sol e queijo de coalho...
               
Aí, meu irmão, prevalecerá a caririensidade...
(Texto e postagem: Armando Lopes Rafael)

Nenhum comentário: