O professor titular de história da Universidade Federal Fluminense Jorge Ferreira acaba de publicar uma biografia sobre João Goulart. Uma biografia muito interessante, pois trata de desmontar, com fatos e pesquisa, toda uma argumentação à direita e à esquerda para apagar Jango da história. De repente ele se tornou o político que só existiu nos dois últimos anos do seu mandato e até o Golpe que o excluiu da Presidência da República. Jorge Ferreira escreve uma biografia, mostra o político em toda a sua extensão e desmonta todos os preconceitos e a propaganda dos golpistas para justificarem o próprio ato de violência política.
Na introdução do livro ele é revelador de uma das táticas do golpismo e da tentativa de apagar Jango da história. Leiam a seguir.
“Outra questão importante para o desmerecimento de João Goulart são as denúncias sobre as relações, nem sempre pautadas pela ética, entre suas bases de apoio política e as benesses oficiais. As acusações não são destituídas de fundamento, mas criou-se uma imagem distorcida do tema, como se o fisiologismo, empreguismo e o uso da máquina estatal com fins políticos fossem tradições inauguradas por Vargas e tivessem atingido seu apogeu com Goulart. Neste aspecto, Claudio Bojunga, com razão, nos alerta:
Mais do que o autoritário Vargas, muito mais do que Jânio e Goulart, Juscelino distribuiu favores e empregos, e trilhou os caminhos da negociação política nos termos tradicionais da classe política brasileira. Cartórios, nomeações, promoções eram armas prediletas para a cooptação. E continua: Existiam dezenas de maneiras de retribuir, recompensar, garantir, facilitar, agilizar, azeitar e contribuir. Evidentemente que não é o caso saber qual dos presidentes da República mais utilizou recursos desse tipo. Trata-se, sim, de reconhecer que é uma tradição nas relações políticas entre os poderes da República no Brasil, seja nos municípios, seja nos estado, seja em Brasília. – na época de Goulart, antes ou depois dele.”
E concluo: alguém que conhece a realidade das instituições brasileiras, mesmo além dos municípios (por exemplo José Nilton Mariano acaba de fazer uma denúncia contra o prefeito do Crato e não sei se isso tem fundamento ou não), como repartições ou universidades e acha que isso só ocorre na gestão dos adversários ou vive em marte ou tem um olho para uma coisa e outro para coisa diferente.
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