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"Penetra surdamente no reino das palavras.
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Estão paralisados, mas não há desespero,
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"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Colaboração:Claude Bloc


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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

"A política é dinâmica" - José Nilton Mariano Saraiva

O então Governador do Ceará, Luiz de Gonzaga Fonseca Mota, que fora ungido ao cargo por indicação dos “coronéis” políticos cearenses Virgílio Távora, César Cals e Adauto Bezerra, acabou traindo-os espetacularmente ao escolher o então desconhecido empresário Tasso Ribeiro Jereissati para sucedê-lo; para justificar seu ato ignóbil e traiçoeiro, Gonzaga Mota cunhou uma expressão (ou raciocínio) que passou a fazer parte dos anais (ou do folclore) da política cearense: como “a política é dinâmica”, comportaria quaisquer atos, desabonadores ou não, a fim de alcançar os objetivos colimados (posteriormente, ele provaria do próprio remédio, quando Tasso Jereissati o “aniquilou” politicamente, transformando-o sem dó nem piedade em algo parecido com “sulfato de merda”).
Pois bem, eleito, reeleito, padrinho e responsável pela eleição do sucessor e, posteriormente, sucedâneo deste em mais uma eleição, o senhor Tasso Ribeiro Jereissati passou incríveis dezesseis (16) como Governador do Estado do Ceará (12 efetivos e 04 do afilhado, já que este o consultava sempre nas questões substantivas); pra não largar o osso, já que quem se acostuma com o poder encontra dificuldades em largá-lo, tantas são as benesses, vantagens e mordomias (mesmo para um empresário podre de rico), referido senhor ainda passou oito (08) anos como Senador da República; foram, portanto, 24 anos na “crista-da-onda”, quando mandou e desmandou, casou e batizou, traficou influência e impôs seu estilo arrogante e prepotente. Tanto é que durante todo esse tempo Tasso Jereissati dirigiu o PSDB com mão-de-ferro, não permitindo que ninguém lhe fizesse sombra ou atrapalhasse seus planos, a ponto de ser comum se dizer que, tal qual a sombra de uma frondosa mangueira, aonde ele pisava também não nascia mais grama.
Toda uma família interiorana, no entanto, caiu nas graças e privou do afeto de Sua Excelência: os Ferreira Gomes, de Sobral. À frente o senhor Ciro Gomes (o mais velho dos irmãos), seu “líder” na Assembléia Legislativa e a seguir eleito Governador do Estado por sua influência (chegou até a assumir o Ministério da Fazenda, num ato insano do exótico presidente Itamar Franco), também foram beneficiados os irmãos Cid Gomes e Ivo Gomes (transformados em apagados Deputado Estadual) e até a mulher do próprio Ciro, a inexpressiva Patrícia Gomes, eleita primeiramente vereadora de Fortaleza, depois Deputada e, alfim, Senadora da República (que se notabilizou pela improdutividade, por onde passou). E já se fala que a filha Lívia Gomes (desempregada ???) será candidata a vereadora em Fortaleza, nas próximas eleições
Pois bem, após o término (08 anos) do seu mandato de Senador da República, o senhor Tasso Jereissati houve por bem candidatar-se à reeleição, certo de que levaria fácil, fácil (afinal, já estava mamando há 24 anos e no horizonte as nuvens aparentemente eram tranqüilas e o céu de brigadeiro). E aí, como uma praga avassaladora, o “A POLÍTICA É DINÂMICA” de Gonzaga Mota (que fora traído por Tasso), se fez presente: os Ferreira Gomes traíram “com gosto de gás” aquele que os lançara e os construíra politicamente, ao optarem por um bancário e sindicalista desconhecido (José Pimentel) atendendo a um pedido do presidente Lula da Silva (a rigor, como eram duas vagas de Senadores, os Ferreira Gomes, se gratos fossem, bem que poderiam apoiar um deles e descarregar os demais votos no antigo aliado). A derrota foi humilhante, doída e acachapante (dizem até que o insensível Tasso Jereissati chegou ás lágrimas ante tamanha “consideração”).
Hoje, pra tirar o braço da seringa e tentar uma reaproximação com o ex-tutor, o espertalhão Ciro Gomes soltou a seguinte pérola, numa manifestação pública em Quixeramobim: “O Tasso não merecia passar o que está passando, por tudo que fez pelo Ceará. Não merecia ficar com dois deputados estaduais, um porque é parente e outro porque é doido e ninguém quer” (observação: o parente é o João Jaime e o “doido” o Fernando Hugo).
Só esqueceu de dois pequenos detalhes: 1) que, a debandada de deputados (do PSDB, de Tasso Jereissati) é rumo ao partido que os Ferreira Gomes de apossaram (PSB), certamente que em razão das vantagens oferecidas; 2) que, como a traição perpetrada é de conhecimento público, Ciro Gomes bem que poderia questionar o ex-aliado Fernando Hugo, que o rotulou de “desocupado profissionalmente” e que “Tasso Jereissati foi apunhalado traiçoeiramente pelos Judas Escariotes que estão no poder” (aqui, leia-se família Ferreira Gomes).
E aí, Ciro, vai encarar ??? Ou faltam argumentos ???

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