Manhã cor-de-rosa ,doce aurora ! Da janela o mundo parece foto - inanimado ! Se não fosse o latido dos cães , chilro dos pássaros , eu só teria o som do teclado .
O rádio na madrugada revive um samba antigo , e na minha memória, uma velha vitrola, soluça "Anaih".
Tempo do leiteiro à cavalo; do padeiro na carroça; do pirulito na tábua; das verduras no balaio.
Mingau na mamadeira, papa no dedo,chupeta no beiço, passeio nas calçadas com pijama flanelado. Casa varrida e aguada;cheiro de café torrado ; chão de tijolos, casa com chaminé; pinico nos quartos, banho de cuia , tina no quintal. Gritos de empregada e patroa : o que fazer pro almoço, carne cosida ou torrada ? E o pilão comendo frouxo. O abano cansando a mão; a boca soprando brasas.
Infância danada !
- Soltar barcos de papel , na rua alagada da chuva;chorar a morte do soldadinho de chumbo, derretido no fogão de lenha; Branca de Neve envenenada porque mordeu a maça; Bela adormecida, no sono do fuso encantado e eu, patinho feio, querendo presentear o meu gato com uma bota de mil quilômetros.
Estou no Crato, e em todos os lugares que vivi. Estou em Copacabana , onde um dia te vi. Estou no largo de uma saudade que não machuca , e me faz feliz !
7 comentários:
Querida amiga,
Isso é que é acordar de verdade !
Lendo este texto que fez reviver minha infância nas férias lá no Assaré...
Bom dia Socorro Moreira !
Bom dia, Edilma Rocha !
Assaré guarda também minhas histórias.
Mas enquanto isso, eu penso na Pedra lavrada , e em Mauriti.
Doida que chegue a hora do almoço pra comer umas colheradas de doce de buriti.
Já pensou se tivesse agora um tacho de bronze com a rapa do doce de leite ?
às favas , a diabetes !
Menina, como vc faz falta nesse pé de serra. Um dia você volta, não volta ?
Abraços .
Hoje é dia da infância !
Não aquela perdida, mas a que nos resta , em filhos , sobrinhos e netos.
Socorro,
Texto lindo e comovente como a autora...
Abraço,
Claude
Socorro
O tempo passou, mas ainda resta mais algum. Quero ver cadeiras na calçada, roda alegre e eu a escutar esta e muitas outras história. Um dia eu também volto para o Crato.
Um forte abraço
Jair Rolim
Socorro
O tempo passou, mas ainda resta mais algum. Quero ver cadeiras na calçada, roda alegre e eu a escutar esta e muitas outras história. Um dia eu também volto para o Crato.
Um forte abraço
Jair Rolim
Meu caro Jair,
Espero que não demore nada , um encontro das lembranças, nas calçadas do Crato.
Abraços.
Claude,
Toda vida que vc chega, voltamos à infância. Criança ri à toa.
Abraços.
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