Falo da dor com presença e propriedade
Da dor que dói, da que espeta e da que arde
Falo da dor que alimenta esta saudade
Falo da dor que te abandona e que me invade
Dor de espinho cravando fundo a carne
Dor de osso ainda vivo e triturado
Dor de quando, ainda moço e já bem tarde
Vi mistérios de esfinge desvendados
Dor de pedras que atingem passarinhos
Dor de aborto quando o morto era esperado
Dor do dia que o filhote deixa o ninho
Dor de peixe que nadando é afogado.
Dor de morte escondida no segredo
Do sangue que pulsa contaminado
Dor do encontro do martelo com o dedo
Dor de membro putrefeito e amputado
Dor que infere sobre a singularidade
Do vivente que, por estar vivo, dói
Dor que rompe que corrempe que corroe
Dor que grita, dor que dói na eternidade
Falo da dor com presensa e propriedade
Dor que dói dor que espeta dor que arde
Da dor que grita dor que dói na eternidade
De dor eu falo com presença e propriedade.
Nicodemos
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