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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Colaboração:Claude Bloc


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segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Graciliano Ramos


Graciliano Ramos relata que, quando menino, na escola lhe ensinaram um ditado: “Fale pouco e bem e ter-te-ão por alguém". Ele repetia o ditado mas ficava com uma dúvida: “Quem será esse ‘Tertião’?"

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Graciliano Ramos de Oliveira nasceu no dia 27 de outubro de 1892 em Quebrângulo (AL). Um dos 15 filhos de uma família de classe média do sertão nordestino, passou parte da infância em Buíque (PE) e outra em Viçosa (AL). Fez estudos secundários em Maceió, mas não cursou faculdade. Em 1910, sua família se estabelece em Palmeira dos Índios (AL).

Autor de Vidas Secas, foi um romancista, cronista, contista, jornalista, político e memorialista brasileiro do século XX.

O estilo formal de escrita e a caracterização do eu em constante conflito (até mesmo violento) com o mundo, a opressão e a dor seriam marcas da literatura. Graciliano foi indicado ao premio Brasil de literatura.

Em 1914, após breve estada no Rio de Janeiro, trabalhando como revisor, retorna à cidade natal, depois da morte de três irmãos, vitimados pela peste bubônica. Passa a fazer jornalismo e política em Palmeira dos Índios, chegando a ser prefeito da cidade (1928-30).

Em 1925, escreve seu primeiro romance, Caetés. Muda-se para Maceió em 1930, e dirige a Imprensa e Instrução do Estado. Logo viriam São Bernardo (1934) e Angústia (1936, ano em que foi preso pelo regime Vargas, sob a acusação de subversão).

Memórias do Cárcere (1953) é um contundente relato da experiência na prisão. Após ser solto, em 1937, Graciliano transfere-se para o Rio de Janeiro, onde continua a publicar não só romances, mas contos e livros infantis. Vidas Secas é de 1938.

Em 1945, ingressa no Partido Comunista Brasileiro. Sua viagem para a Rússia e outros países do bloco socialista é relatada em Viagem, publicado em 1953, ano de sua morte.

O escritor tinha o hábito de trabalhar arduamente a linguagem do texto, sempre à procura do termo correto, da frase seca e sóbria. "Isso talvez ocorra por Graciliano ter sido um homem do sertão, apesar de pertencer a uma camada privilegiada daquela região seca de Alagoas", observa o professor. Isso não significa que, ao contrário do se possa imaginar, Graciliano não era um homem triste, melancólico ou apático. "Era, isso sim, uma pessoa bastante reservada, que sempre ficava na defensiva. Talvez por não ter tido formação regular universitária. Era um autodidata", conclui Berriel.

Obsessão - A secura e a objetividade são uma particularidade marcante no seu texto, que tem muito a ver com uma certa concepção de escrita que se pode encontrar referências muito fortes em Eça de Queiroz e Machado de Assis, por exemplo. Graciliano foi um escritor que ficou conhecido pelos cortes que fazia em seus textos. Seus originais eram sempre marcados por sinais de régua para riscar palavras, frases e períodos inteiros e, ao final, quando já havia escrito umas quatro laudas, formando-se um amontoado de rabiscos, tirava uma página a lápis, "mais ou menos definitiva". Depois, não necessariamente no mesmo dia, reescrevia toda a página a caneta. "Era um escritor tão obsessivo que não raro reescrevia até mesmos as provas tipográficas", revela Berriel.

"A crer no narrador, analfabeto até os nove anos de idade, algo de muito interessante nesse processo deve ter ocorrido, a ponto de os críticos considerarem Graciliano Ramos autor dos mais precisos no manejo da língua portuguesa", observa a pesquisadora. O escritor confidenciou à esposa, Heloísa Ramos, ter tido no banheiro "uma ótima idéia" para um livro. Os capítulos de Infância começavam então a ser delineados.

Os Doze Pares de França para a rede, num gesto próximo de sua intimidade com o cigarro de palha e as conversas com os empregados no terreiro. "Padre Pimentel parecia ocupar lugar especial em sua formação. Traduzia-lhe as expressões enigmáticas dos textos religiosos, atualizando as informações distantes de seu foco de compreensão. Agia como um verdadeiro mediador, cuja principal qualidade era a de permitir a existência de dúvidas e provocar indagações", diz a pesquisadora. Tudo isso em um contexto, onde, curiosamente, à criança não era permitido sequer tomar parte em conversa de gente grande.

Vale a pena ver este vídeo.
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Fontes de pesquisa:


Um comentário:

Anônimo disse...

Não nasci em Portugal. Em São Paulo tem professoras italianas. A professora pediu para mudar a palavra fogo com o sentido de difícil para outra coisa. Falei para ela que os japoneses gostam de metáforas. A palavra fogo deve ter saído como gíria. É difícil encontrar outra palavra para gente que gosta de palavrinhas. Fiz Letras e não gosto de todas as palavras. Elas tem que combinar com o texto, mas prefiro textos de pessoas que não gostam de pensar.