"No Brasil, a informação sempre foi tratada
como ítem de consumo não essencial.E essa
visão equivocada fez que o acesso à comuni-
cação fosse visto como algo individual: os inte-
ressados deveriam assumir a responsabilidade
pelo acesso, a responsabilidade por "avaliar"o
produto que recebem em suas casas e, indivi-
dualmente, decidir se querem ou não mudar o
canal, desligar a TV, o rádio.
A comunicação fica, assim, com viés pu-
ramente comercial.Falácia. Comunicação é
uma necessidade.
A necessidade de acesso à informação
correta, dígna, a manifestações culturais, plu-
rais, éticas, qualificadas, tem mais semelhan-
ça com a necessidade de acesso à saúde e à
educação do que com uma ótica comercial.
A comunicação precisa ser percebida como
uma necessidade, na formação dos cida-
dãos.Algo tão sério passa, necessariamente,
pelo controle social.
E controle social, ao contrário do que ten-
tam vender por ai, não é censura, mas parti-
cipação social.
A idéia de controle social, no Brasil, ga-
nhou força desde a redemocratização do país
na década de 80.Um dos campos que exem-
plificam isso é a área da saúde, cujo Sistema
Único de Saúde(SUS), um modelo internacio-
nal de política pública, tem o controle social
em diversas instâncias de sua gestão.
Controle social é prever que a sociedade
brasileira possa efetivamente participar da
concepção, gestão e fiscalização da comuni-
dade social no país, a partir de marco legal
(leis, regras claras, instâncias responsáveis),
coerente e construído de forma transparen-
te e democrática.
O desafio é fazer que a mídia realmente
esteja a serviço da construção do Brasil, que
precisa enxergar-se efetivamente refletido
naquilo que é transmitido.
Não há problema em que os tocadores
de pífano de Caruaru, Pernambuco, conhe-
çãm os surfistas do Arpoador, na capital do
Rio de Janeiro. O problema é se os surfistas
também não tiverem a oportunidade de ou-
vir os músicos do Nordeste."
Fonte: Jornal do Conselho Federal de Psicologia.
Setembro/2009.
Nenhum comentário:
Postar um comentário