Virgílio Vasconcelos Vilela
Uma vez, comprei um livro chamado Desenhando com o Lado Direito do Cérebro, de Betty Edwards, e tive resultados surpreendentes e até fantásticos, considerando os desenhos que eu fazia. Antes, eu desenhava no estilo "abstrato", como este:
Após executar os exercícios iniciais do livro, fiz as seguintes ilustrações, por observação:
O que a autora descobriu foi que desenhar é muito mais uma questão de percepção do que de habilidade motora, mais especificamente de saber ver. Para desenhar, é preciso olhar para o que se está desenhando não no nível simbólico e interpretativo, mas no nível de forma, linhas e relações entre esses elementos. Como estamos muito acostumados a ficar no nível simbólico, ela sugere alguns "truques" para facilitar. Um é desenhar os espaços negativos, ou seja, o que não é, os espaços vazios entre o que é. Os espaços negativos da sua mão são os vãos entre os dedos (veja uma aplicação dessa percepção em Lazer: Ache os perfis).
Outro truque interessante é colocar o que estamos desenhando de cabeça para baixo, o que desorganiza as relações que estamos acostumados a perceber, como, no caso de rostos, cabelos sobre olhos sobre nariz sobre boca, abrindo caminho para a percepção das linhas e formas. Veja por si mesmo, olhando para as duas imagens abaixo. Note na segunda, em particular, as sombras.
Teve algo mais interessante ainda. Após algum tempo se dedicando, o desenhista entra em um estado diferente, atemporal, no qual ele pode passar horas e não perceber, o chamado estado alfa, que a autora diz que é quando o lado direito do cérebro domina. Eu tive a oportunidade de experimentar essa mudança de estado, e foi realmente algo fora do comum, uma energia muito boa circulando pelo corpo. Mais não posso dizer, porque não saberia como. Tem coisas que só experimentando para saber.
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