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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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sábado, 12 de dezembro de 2009

César Ladeira - por Norma Hauer



Ele nasceu em Campinas a 10 de dezembro de 1910, embora nas poucas coisas a seu respeito na Internet conste que seja do dia primeiro. Mas, lembro-me bem das comemorações de seu aniversário na Rádio Mayrink Veiga que eram realizadas no dia 10.
Seu nome CESAR ROCHA DE BRITO LADEIRA, ou simplesmente, CÉSAR LADEIRA.
Para quem não o conheceu, registro que foi a grande força do início do rádio como elemento de divulgação de música,notícias, teatro,até mesmo abriu as portas para a entrada das novelas.

Suas atividades tiveram início na Rádio Record de São Paulo e, por ocasião da revolução constitucionalista de 1932, sua voz ecoou pelos céus de São Paulo, incentivando os revolucionários. Tão vibrante foram seus comentários, tão autêntica era sua voz, que o povo passou a elogiá-lo e reconhecer nele um grande líder. Com a vitória do governo central, chegou a ser preso, mas foi logo libertado; voltou a atuar na Rádio Record e, no ano seguinte (1933), veio para o Rio de Janeiro ingressando na Rádio Mayrink Veiga.
E foi aí que tudo mudou no rádio carioca e brasileiro.

Já tínhamos Ademar Casé e seu vitorioso programa, também tínhamos Waldo Abreu, mas foi com CÉSAR LADEIRA que os locutores (hoje denominados comunicadores) mas
na época chamado de "speakers" se tornaram admirados no rádio.

Assumindo a direção artística da Rádio Mayrink Veiga passou a contratar, oficialmente, cantores, músicos, locutores, grupos vocais, atores...que antes se apresentavam recebendo "cachês". CESAR LADEIRA profissionalizou esses artistas. Um dos
primeiros a assinar contrato foi o cantor Francisco Alves.

Com Paulo de Magalhães e Procópio Ferreira, oriundos do teatro, criou o "Teatro Pelos Ares", que se transformou na "coqueluche" da era do rádio.

Antes de se aventurar a trazer o teatro para o rádio, designou que Paulo de Magalhães fosse aos Estados Unidos verificar como eram apresentados espetáculos teatrais no rádio de New York.

Regressando com novidades, Paulo exigiu que fossem feitas alterações nos estúdios
da Rádio.

As principais alterações foram colocar vários microfones, contratar um sonoplasta e material que fizesse com que se ouvissem passos, portas fecharem e
abrirem, trote de cavalos, ventos, tempestades, etc., tudo parecendo autêntico.

Só depois de tudo organizado foi que no dia 15 de abril de 1937 (uma 5ª feira) o "Teatro Pelos Ares" estreou, com uma peça de Paulo de Magalhães, adaptada por Plácido Ferreira. Seu nome: "Saudade". Um autêntico sucesso. Estava lançado o teatro através do rádio. Na 5ª feira seguinte, foi apresentado "Onde Estás Felicidade?", de Luiz Iglésias e, na outra semana, foi reprisada a peça "Saudade".

CÉSAR LADEIRA, além de locutor e diretor-artístico, passou a ser rádio-ator, atuando ao lado de Cordélia Ferreira, esposa de Plácido e irmã de Olavo de Barros, outro pioneiro. O maior sucesso daquele rádio teatro, reprisado algumas vezes, foi a peça "A Ré Misteriosa", de Alexandre Bison.

A capa da revista "Pranove", órgão oficial da Rádio Mayrink Veiga, trouxe, em seu 3º número, uma foto de César e Cordélia personalizando os protagonistas daquela peça.
Mas a passagem de César Ladeira pela Rádio Mayrink Veiga não foi só como diretor-artístico ou no rádio-teatro; também foi importante sua apresentação, todas as noites, da crônica de Genolino Amado "Cidade Maravilhosa" aproveitando o título dado ao Rio, pelo escritor Coelho Neto.

Depois de 15 anos à frente de quase tudo que ocorria na antiga PRA-9, CÉSAR LADEIRA, em 1948, transferiu-se para a Rádio Nacional. Mas lá foi apenas mais um
artista dentre os muitos daquela emissora. CÉSAR LADEIRA faleceu em 8 de janeiro de 1969, deixando viúva a também atriz Renata Fronzi.


Norma Hauer

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