Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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quarta-feira, 2 de dezembro de 2009


Para meu amigo secreto - Armando Rafael
um Natal muito feliz

***

Símbolos do Natal - o presépio.

As minhas lembranças de Natal incluem, em lugar de destaque, o presépio, a coroa de advento e a Missa do Galo. Certo, todos os anos nós montávamos a árvore de Natal. A diversão começava por escolher o pinheiro. Principalmente porque era uma atividade eminentemente paterna. A tarefa resumia-se a buscar o nosso pinheiro – não importava o tamanho, o tipo desde que ele fosse adotado pelas crianças. A montagem e a colocação dos enfeites tinham a participação de todos. Até eu, o caçula, ajudava retirando as bolas das caixas e entregando aos mais velhos para prenderem no pinheiro. Com o máximo de cuidado e concentração, pois todos os enfeites eram quebráveis. E o gran finale – a colocação da ponteira de estrela. Novamente tarefa paterna.

Mesmo com todo este ritual a armação do pinheiro perdia de longe para a montagem do presépio. Este sim era o símbolo do Natal. Era não, ainda é – há mais de 50 anos a mãe continua a montar o presépio. O mesmo presépio. As figuras principais – Jesus, Maria e José eram de gesso pintado. As demais figuras eram de massa pintada. E como tinham figuras. A representação da Sagrada Família era apenas uma parte do presépio. Tinham pastores, a vaca e o jumento e uma verdadeira fazenda que mais lembrava a ante-sala da arca de Noé.

Não sei de onde vem a tradição, se é que vem de algum lugar, mas o nosso presépio tinha galo, galinhas e pintinhos, perus, patos, marrecos, boi, vaca, ovelhas, cabritos e vários outros animais.

Tinham os camelos dos reis Magos e os próprios. A montagem era sempre na lareira da sala de estar. A parte posterior, era transformada em estábulo com cobertura de barba-de-pau e palha no chão. Nas laterais e na frente ficavam as demais figuras, compondo uma paisagem com lago artificial, um poço de massa onde os aldeões iam buscar água, areia do deserto e oásis e um caminho verdejante que levava até a entrada do estábulo. Em cima do estábulo a Estrela guia.

O menino Jesus só aparecia na madrugada do dia 25 de dezembro, depois da volta da Missa do Galo. Depois íamos dormir. E os presentes? Só na manhã do dia de Natal. Cada um corria para descobrir o seu. A cerimônia de entrega era substituída pela alegria de encontrar o nome no pacote. Quem não sabia ler contava com a ajuda dos letrados. Nunca vi um Papai Noel em casa.

Talvez por isso nunca demos muita importância para o pobre velhinho. Mas com certeza ficávamos impressionados como ele conseguia descer pela chaminé sem estragar o presépio. Provavelmente uma questão de respeito e hierarquia.

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