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"Penetra surdamente no reino das palavras.
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Estão paralisados, mas não há desespero,
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"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Colaboração:Claude Bloc


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segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

TRADIÇÃO ORAL – BISAFLOR CONTA HISTÓRIAS - por Stela Siebra Brito

A história que Bisaflor conta hoje é um conto da tradição oral africana que, semelhante aos contos de diversas tradições, mistura personagens humanos com animais.

A MULHER, A COBRA E A ÁGUIA

Certa vez uma cobra, perseguida por caçadores, correu, correu tanto, que saindo dos limites da floresta, foi bater num povoado, e pediu socorro a uma mulher que varria a calçada da casa.
- Socorra-me, senhora, os caçadores querem me matar, esconda-me, eu imploro.
- Mas eu não tenho onde escondê-la, assim tão bem escondida, de modo que eles não lhe encontrem.
- Por favor, eu imploro, me ajude. Olhe, a senhora pode me esconder no seu estômago, nesse lugar os caçadores não me encontrarão.
- Ora, que ideia mais absurda!
E a cobra tanto choramingou que a mulher a escondeu no estômago. Os caçadores vasculharam a rua e, não encontrando a cobra, foram embora.
- Pronto, acabou-se o perigo, pode sair.
- ih, quero sair não, aqui dentro é ótimo, é tão aconchegante, tem comida, vou sair não, senhora.
A mulher pediu, rogou e nada da cobra querer sair do seu estômago, ficou lá bem instalada, comendo tudo que ela comia, engordando, e em consequência provocando o aumento do peso e da barriga da mulher.
A vizinhança começou a reparar naquela barriga crescendo, achavam que a mulher estava esperando um filho; começaram os mexericos e coisa e tal, porque a mulher não era casada, e agora aparecer grávida assim, e passaram a hostilizá-la.
Um dia a mulher recebeu a visita de um amigo, que se mostrou solidário, dizia que precisava saber o que realmente estava acontecendo, que não iria comentar com ninguém. E tanto insistiu que a mulher contou o que lhe acontecera.
Mal saiu da casa, o rapaz contou o sucedido para alguns amigos, que, por sua vez, contaram para outros, e a história da cobra no estômago da mulher se espalhou por todo povoado e foi motivo de chacota.
- Ora, que boba, se deixar enganar assim – era esse o comentário geral. Todos riam da mulher, que, assim, foi ficando cada dia mais só.
No entanto, dias depois uma águia baixou no quintal da mulher. Conversa vai, conversa vem, a mulher acabou lhe contando a história da cobra que não queria mais sair do seu estômago. A águia prometeu ajudá-la, sabia o que devia fazer para a cobra sair do esconderijo. E começou a elogiar a cobra, falando bem alto:
- Pois é, senhora, alimentando-se assim tão bem, essa cobra deve está muito forte, com pele lustrosa, bem tratada...
Ouvindo aquela conversa, a cobra ficou curiosa, queria escutar melhor, por isso foi aproximando a cabeça da boca da mulher. E a águia percebendo o efeito dos elogios, atiçou-lhe mais ainda a vaidade:
- Pena que a cobra esteja escondida, nem podemos apreciar sua beleza, o brilho dos seus olhos, sua pele sedosa...
A cobra não cabia em si em orgulhosa e se espichava cada vez mais para fora.
Numa rapidez incrível a águia prendeu sua cabeça e a puxou para fora. Depois, voou com a cobra presa no seu bico para bem longe.
Desde esse dia, a mulher não quis mais conversa com cobra.
Entrou por uma perna de pinto saiu por uma de pato, senhor rei mandou dizer que contasse mais quatro.
.

3 comentários:

Anônimo disse...

Stela,


Adorei a História! Vou contar para os netos.


Abraços


Magali

Claude Bloc disse...

Gostei da história...

A criança que eu fui (e sou) não larga do meu pé...e quer mais uma hostória da bisaflor "entrando pela perna do pinto e saindo pela perna do pato"...

Abraço,

Claude

Stela disse...

Amigas Magali e Claude
brevemente Bisaflor voltará para contar novas histórias. Beijos