"Chico Buarque conheceu Tom Jobim em 1966. Os dois foram apresentados pelo produtor Aloysio de Oliveira. Tom já era o maior compositor brasileiro, celebrizado em âmbito mundial. E Chico já dava seus primeiros rápidos passos para logo se tornar a unanimidade nacional proferida por Millôr Fernandes. Dois anos depois, já em 1968, Tom e Chico já eram parceiros. Construíram obra pequena, só que de previsível caráter exemplar. Sobrinha de Sueli Costa, a cantora Fernanda Cunha faz, ao lado do violonista Zé Carlos, suave inventário desse fino cancioneiro no CD Zíngaro - batizado com o nome da versão instrumental da música que, com letra de Chico, ficaria conhecida como Retrato em Branco e Preto.
Com voz afinada, sempre bem colocada, Fernanda interpreta sem dramaticidade músicas como Eu te Amo (gravada por sua mãe, a saudosa Telma Costa, em duo com Chico na década de 80) e Olha Maria. Sabiá, por exemplo, voa alto sem a amargura contida em muitos registros deste tema que foi uma espécie de triste carta de despedida dos exilados pela ditadura militar. Se (ainda) lhe falta alguma leveza para encarar um samba como Piano na Mangueira, cujo suingue repousa mais no violão de Zé Carlos, a jovem cantora oferece elegantes registros de Meninos Eu Vi e Pois É. Já Zé Carlos - sem querer aparentar virtuosismo - dá muito bem o seu recado, evocando no violão, por exemplo, a original pulsação nordestina de A Violeira. Enfim, um bom disco resultante de uma boa idéia. "
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