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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Colaboração:Claude Bloc


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domingo, 14 de fevereiro de 2010

Molière



Molière
15/01/1622 (data do batismo), Paris, França
17/02/1673, Paris, França

Mestre da sátira, Jean-Baptiste Poquelin imortalizou-se como Molière

Jean-Baptiste Poquelin, conhecido pelo pseudônimo de Molière, nasceu em Paris, a 15 de janeiro de 1622, morrendo na mesma cidade a 17 de fevereiro de 1673. Filho de um rico mercador de tapetes, recebeu educação privilegiada: estudou no Colégio de Clermont, dos jesuítas. Atraído pela literatura e pela filosofia, é provável que tenha chegado a se formar em direito.

Em 1643 já se dedica ao teatro, unindo-se a uma família de atores por cuja filha, Madeleine, se apaixona. Funda, assim, o grupo L'Illustre Théâtre, que por dois anos se apresentou em Paris e, com o fracasso, as dívidas e a prisão temporária do próprio Molière, passa a excursionar pelas cidades do interior da França.

Durante cerca de 14 anos a companhia excursionou, representando obras do repertório clássico e algumas peças curtas de Molière. Em uma dessas viagens, o príncipe de Conti, governador do Languedoc, se tornou mecenas do grupo (de 1653 a 1657), dando o seu nome à companhia.

Em 1658 os atores representaram, diante do rei Luís 14, a obra "Nicomède de Corneille" e uma peça curta do próprio Molière, "O médico apaixonado". Devido ao êxito, a companhia passou a se chamar Trupe de Monsieur (uma referência ao irmão do rei, duque Filipe de Orléans) e, com a ajuda do novo mecenas, juntou-se a uma companhia italiana dedicada à commedia dell'arte.

A companhia apresentou em Paris "As preciosas ridículas", uma crítica à afetação e maneirismos da época. Em 1660, o grupo estabeleceu-se numa sala do Palais-Royal. A partir de então, Molière apresentaria em Paris - e ocasionalmente em outros lugares - obras próprias e de diversos autores, e enfrentaria com freqüência acusações de imoralidade e proibições impostas às suas obras.

A inveja e a hostilidade dos seus rivais encontram ótimo pretexto quando se casa com uma suposta irmã de Madeleine, talvez filha dela, vinte anos mais moça que o dramaturgo. Mas Molière tem, nessa época, as boas graças do rei Luís 14, e satiriza no palco os seus adversários, tirando partido de um conflito entre o poder real e a Companhia do Santo Sacramento, também chamada de "cabala dos devotos", um grupo da alta sociedade francesa que protesta contra o excessivo realismo e a irreverência das peças de Molière.

Só com a derrota e a dispersão dessa associação religiosa, depois de quatro a cinco anos de hesitações, o rei autoriza a encenação de "O tartufo", escrita em 1664, mas encenada apenas em 1669. O artista, contudo, se encontrava minado pela doença, por tragédias familiares e muitas dívidas. Poucos anos depois, já sem o apoio do rei, Molière morre poucas horas depois de uma representação de "O doente imaginário".

Na época, os atores não podiam, por lei, ser sepultados nos cemitérios normais, já que o clero considerava tal profissão a "representação do falso". Contudo, o rei conseguiu que o enterrassem durante a noite no cemitério reservado aos não-batizados. Em 1792, seus restos mortais foram levados para o Museu dos Monumentos Franceses e, em 1817, transferidos para o cemitério de Père Lachaise, em Paris.

Libertino e libertário

Representante máximo da comédia de língua francesa e um dos mais significativos dramaturgos da literatura universal, Molière é o mestre dos espetáculos divertidos, impregnados de uma viva trama do cotidiano e uma aguda visão satírica dos costumes, denunciando os caminhos e descaminhos da sociedade francesa do século 17 - e de todos os tempos.

Entre a ascensão do absolutismo e a expansão econômica da burguesia - da qual, aliás, era filho -, Molière exprime uma consciência irreverente desse processo, jogando com o humorismo de suas situações particulares e recompondo com ironia as aventuras humanas.

Para isso, Molière orienta-se por uma razão que é pós-cartesiana e pré-revolucionária, tendo de um lado o senso da justeza, da medida certa, e do outro uma inquietação que é crítica e sutilmente demolidora. O resultado é um equilíbrio que se percebe nas diretrizes da sua moralidade: ele acompanha os moralistas, mas só até certo ponto, pois sua valorização da experiência e natureza humanas está voltada para o futuro e antecipa, ideologicamente, a Revolução Francesa.

Molière se contrapõe aos dogmas católicos e situa suas esperanças - e suas desesperanças - na pura e simples natureza humana. Do caráter falível dessa natureza emergem duas características essenciais e fecundamente contraditórias da sua comédia: a matéria do riso e a matéria da melancolia. Melancolia que, muitas vezes, se aprofunda nos momentos de humor e escurece a máscara - às vezes trágica - da comédia.

Saboroso crítico da hipocrisia, das convenções repressivas, da beatice dos devotos, da falsa ciência e da estupidez sentenciosa dos médicos, Molière trabalha com intrigas simples, conduzindo seus personagens com uma lógica inflexível, de que extrai os efeitos cômicos. Em suas peças, o racional se diverte com o irracional. Seu pensamento é, de um lado, metódico, equilibrado - e, de outro, libertino e libertário.

Entre suas peças, destacam-se: "O misantropo", "O tartufo", "Escola de mulheres", "O doente imaginário", "A escola dos maridos", "Don Juan", "As sabichonas" e "O burguês fidalgo".

Fonte: Enciclopédia Mirador Internacional.

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