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domingo, 21 de fevereiro de 2010

O universo de Geraldo Vietri





Vietri sempre retratou bem os imigrantes em suas histórias e o governo de Portugal concedeu-lhe uma importante comenda devido à boa imagem que dera a eles em suas tramas.

Depois de “Antonio Maria”, Sergio Cardoso e Aracy Balabanian viajaram pelo Brasil, se apresentando em teatros, animando bailes. A novela teve um remake na TV Manchete, na década de 80, com um ator português de verdade no papel principal, mas fracassou. Foi o próprioVietri que a reescreveu. O segredo do português foi revelado já nos primeiros capítulos, que ele era milionário em Portugal. Este foi um erro.

“Nino, o Italianinho” (69/70), com Juca de Oliveira e Aracy Balabanian, também foi um grande sucesso de Vietri. Trabalham também Miriam Muniz (no papel muito divertido de Dona Santa, uma verdadeira mamma italiana), Marcos Plonka (o judeu Max), Elias Gleiser (Donato), Denis Carvalho (Julinho), Marisa Sanches, Graça Mello, Lucia Melo, Bibi Vogel (Natália), Paulo Figueiredo (Vitor), Uccio Gaetta (Angelo).

A história se passa numa vila – Bixiga. Retrata o dia-a-dia dos moradores de uma rua. Nino havia vindo ao Brasil com quinze anos de idade acompanhado de seu tio Angelo (Uccio Gaetta). Era açougueiro e noivo de Natalia (Bibi Vogel). Ela troca o Nino por um dono de uma joalheria – Renato (Wilson Fragoso). Diz, entre outras ofensas, para o italianinho - “Não aguento mais o seu cheio de carne. Sinto nojo!”. Nino pouco a pouco de aproxima de Bianca (Aracy Balabanian), uma moça coxa. A novela durou um ano. Eram sempre no horário das 19h00.

Vietri acabou formando uma equipe. Em várias novelas vão aparecer os mesmos atores. Ele exigia exclusividade. De vez em quando descobria novos talentos. Gostava de incentivar atores iniciantes.

“Nino” foi a primeira novela brasileira a ser exportada para países da América Latina. Chegou até os Estados Unidos

Vietri fez alguns filmes, utilizando artistas de seu grupo, como “Os Imorais”, que fala sobre homossexualidade, “Senhora” (76) , com Elaine Cristina e Paulo Figueiredo, e também “Tiradentes, o Mártir da Independência”, com Adriano Reis

“A Fábrica” (71/72), com quase os mesmos atores de “Nino”, acrescentando Lima Duarte (Pepê) e o cantor Gilbert. Juca de Oliveira e Aracy Balabanian, desta vez, não ficam juntos no final.

Vitoria Bonelli (72/73), com Berta Zemel. Jaime Bonelli (Raul Cortez), um milionário endividado, morre no primeiro capítulo. Perdem tudo, Vitoria junto com seus filhos, que tem nomes de apóstolos: Tiago (Tony Ramos), Lucas (Flaminio Favero, abandonou a carreira artística alguns anos depois, atualmente é dono de um restaurante), Mateus (Carlos Alberto Ricelli) e Veronica (Anamaria Dias, atualmente é diretora e produtora de teatro), acabam montando uma cantina – Cantina Bonelli.

Trabalham também: Yara Lins, Etti Fraser, Dina Lisboa, Rutnéia de Morais, Graça Melo, Carmen Monegal  e Paulo Figueiredo.

Vietri deu o papel a Berta Zemel porque a personagem Vitoria foi baseada nela mesma – uma mulher forte, corajosa, que é capaz de tudo para defender sua família.

Aos poucos Tony Ramos e outros vão se firmando como grandes atores.

“Meu Rio Português” (75), atores principais: Jonas Melo e Márcia Maria. Uma nova homenagem ao povo lusitano.

“Os Apóstolos de Judas” (76), novamente com Jonas Melo e Márcia Maria nos papéis principais. Vietri acabou repetindo uma cena igualzinha a do “Nino, o Italianinho”. Judas era um feirante, a noiva Márcia Maria o despreza, diz mais ou menos as mesmas coisas que Natalia dissera na outra novela.

Por que Vietri estava se repetindo? Acho que ficou tão fascinado com o sucesso anterior de “Nino”, quis repeti-lo. Não sei, é uma hipótese minha. Dias Gomes veio a fazer a mesma coisa, anos depois, com o personagem que virava lobisomem.

Aconteceu uma coisa interessante nesta novela – um velhinho muito pobre (Sadi Cabral), amigo do Judas, morre e deixa-lhe uma fortuna, ele era seu único herdeiro. Na verdade, o velho era milionário, estava desgostoso com a família e havia virado mendigo.

Aí, a personagem da Márcia Maria, procura Judas. Não me lembro se ele a perdoa e acabam juntos no final.

Em “João Brasileiro, o Bom Baiano” (78), Jonas Melo é um baiano morando em São Paulo, na pensão da Dona Pina (Nair Bello). Era uma outra mamma, do tipo de Dona Santa, de “Nino”. João estava fugindo de alguma coisa na Bahia? O que seria? Uma mulher? Exato. A trama estava parecida com “Antonio Maria”, mas mesmo assim caiu no gosto do público, fez sucesso.

Por que Vietri se repetia? Falta de talento não era. Não sei porque.

Aí a TV Tupi faliu, mas não faltou emprego para Vietri. Fez na Globo ”Olhai os Lírios do Campo”, adaptação de Erico Verissimo.

Trabalhou na Cultura, depois Bandeirantes, com “Dona Santa”, uma reprodução da Dona Santa, de “Nino, O Italianinho”? Não sei, talvez.

Infelizmente, sua novela “Renúncia”, baseada no livro homônimo de Emmanuel, psicografia de Chico Xavier, só teve 12 capítulos, foi tirada do ar. Vietri estava modificando um pouco a história de Emmanuel, que se passa, uma parte na Irlanda, e outra, nos Estados Unidos. Na trama do novelista, era Portugal e Brasil. Seria uma nova homenagem ao povo português? Tirando do ar, na época, alegaram que foi por causa do horário eleitoral. Não acredito...

Na Manchete fez “Santa Maria Fabril”, uma nova adaptação de “A Fábrica”? Não sei. Fez uma nova adaptação de “Antonio Maria”, desta vez utilizando atores portugueses. Infelizmente, fracassou.

Na CNT – Central nacional de Televisão – fez “ Irmã Catarina” e “Antonio dos Milagres”.

Quase no final da vida, para a ASJ (Associação do Senhor Jesus), onde, em parceria com a Igreja Católica, fez várias novelas de cunho religioso. Essa associação funciona em Valinhos e possuí uma rede de televisão, encabeçada pela TV Século XXI.

Geraldo Vietri morreu na sua querida São Paulo, onde se passaram todas as suas histórias, em 1996, com 66 anos, vítima de complicações bronco-pulmonares.

De fato, ele foi muito importante por ter sido o primeiro a apresentar novelas bem brasileiras, singelas, retratando nossa gente, nossos problemas, nosso quotidiano, sem as apelações que vemos atualmente.

Ele sabia muito bem dosar humor com drama, o que muitos novelistas atuais não fazem.

Para mim, particularmente, foi importante assistir a suas novelas, bem como a de outros. Inteirei-me da linguagem coloquial, das gírias, da vida dos grandes centros, fiquei até com vontade de virar novelista.

Me divertia durante horas diante da TV, junto com a família, até jantando na sala para não perder nada.

Por que as novelas, hoje em dia, não estão fazendo tanto sucesso? Elas não se renovaram, caíram numa mesmice muito grande. Quando algum autor propõe uma coisa diferente, seu projeto é engavetado. Acho que os canais têm medo de arriscar o novo e não agradar o público.

Nota - Várias informações sobre Vietri e suas novelas obtive consultando o Google. Pude ver duas cenas das novelas “Antonio Maria” e “Nino, o italianinho”, também uma entrevista com Vietri. Dêem uma olhadinha.

Fabiano Possebon

2 comentários:

Edilma disse...

Socorro.

Embora não constem comentários nas importantes aulas de conhecimentos gerais que nos proporciona por aqui, fique certa de que nossa cultura musical, cinematográfica, teatral, artistica, poetica, literaria, não seia a mesma sem você.
Somos agradecidos pelas importantes pesquisas.
Você é demais, Moreira

Beijo !

Carmen Monegal Está Viva disse...

Se liguem companheiros!
Carmen Monegal está Viva,mora em Nova York e deu entrevista para O Estado de São Paulo quando veio passar o Natal no Brasil.
Abs