Foto: Mário Luiz Thompson
Ismael da Silva nasceu em Niterói RJ em 14 de Setembro de 1905. Filho de um operário e de uma lavadeira, aos três anos mudou-se com a família da praia de Jurujuba (Niterói), para o bairro do Estácio e mais tarde para vários outros bairros do Rio de Janeiro. Freqüentou escola primaria no Rio Comprido e aos 15 anos compôs Já desisti, seu primeiro samba, que ficaria inédito. Dois anos depois, de volta ao Estácio, passou a freqüentar o Bar e Café Apolo e outros pontos de encontro de alguns dos grandes sambistas da época, como Mano Edgar, Baiaco, Nilton Bastos, Brancura, Bide e seu irmão Rubem Barcelos. Logo se tornou conhecido nessas rodas, e em 1925 a melodia de seu samba Me faz carinhos era gravada pelo pianista Cebola, em disco da Casa Edison. Dois anos mais tarde, doente e internado em hospital da Gamboa, foi procurado por Bide, que lhe trazia uma proposta de Francisco Alves: o cantor, na época já famoso, queria comprar um samba seu. Aceitou, e Me faz carinhos foi lançado em disco Odeon, trazendo no selo o nome de Francisco Alves como intérprete e autor. Logo depois o samba Amor de malandro era lançado nas mesmas condições, e o êxito alcançado pelos dois discos levou o intérprete a propor-lhe exclusividade na gravação de toda a produção do sambista. Este aceitou o arranjo (mais tarde desfeito) com a condição de que fosse também incluído seu parceiro Nilton Bastos. Assim, vários sambas como Não há, Nem é bom falar e o grande êxito Se você jurar, lançado em 1931 pela dupla Francisco Alves - Mário Reis, tornaram-se conhecidos pelo publico dos discos e do Rádio, tendo participado do coro na maioria dessas gravações. Em 1928, com os principais sambistas do Estácio, reuniu integrantes dos blocos de sujos existentes no bairro, e fundou a Deixa Falar, a primeira escola de samba do Rio de Janeiro. Segundo ele próprio, seria de sua autoria a expressão "escola de samba", por analogia com a Escola Normal existente no Estácio, bairro de onde saíram os "professores" de samba. Fundada a 12 de agosto de 1928, desfilou pela primeira vez no ano seguinte, cantando na Praça Onze os sambas do pessoal do Estácio, com ele do lado de fora da corda, vestindo seu tradicional terno de linho branco. Nessa época, como o samba carioca guardava ainda semelhanças com o maxixe, esse grupo de sambistas – segundo afirmação dele – foi o responsável pela criação e fixação de um novo tipo de samba, cuja batida marcada por instrumentos de percussão era mais apropriada para os desfiles das escolas que surgiam.
Em fins de 1931, Nilton Bastos morreu de tuberculose e Mano Edgar foi assassinado numa briga de roda de jogo. Deixou então o Estácio e foi morar na cidade, datando desse ano suas primeiras composições com Noel Rosa, novo parceiro que conheceu através de Francisco Alves. O primeiro samba da dupla, Para me livrar do mal, foi feito ainda em 1931 e gravado no ano seguinte por Francisco Alves. Comporiam juntos diversos sucessos, entre os quais Adeus (com Francisco Alves como co-autor), dedicado a Nilton Bastos e lançado em 1932 pela dupla Jonjoca-Castro Barbosa; Uma jura que eu fiz (também com Francisco Alves), por Mário Reis em 1932; Ando cismado, por Francisco Alves em 1933; e A razão dá-se a quem tem (com Francisco Alves), grande êxito de Francisco Alves e Mário Reis em 1933. Em dupla com Noel Rosa o sambista estreou como intérprete em 1932, gravando na Odeon o samba Escola de malandro (Orlando Luís Machado). No ano seguinte lançaram, no mesmo disco, os sambas Quem não dança e Seu Jacinto (ambos de Noel Rosa). Suas composições começaram a ser gravadas por vários interpretes, entre os quais João Petra de Barros, Silvio Caldas e Carmen Miranda. Em 1937, morreu seu parceiro Noel Rosa. Esquecido durante a década de 1940, reapareceu em 1950, quando Alcides Gerardi lançou Antonico, samba de versos tristes e andamento lento, um dos mais belos de sua obra. O ano de 1954 marca um período de revalorização de antigos nomes da música popular: por promoção do cantor e radialista Almirante, realizou- se em São Paulo o Primeiro Festival da Velha Guarda, reunindo grandes nomes da música popular, entre eles o seu; na boate Casablanca, no Rio de Janeiro, estreia em 1955 o show O samba nasce no coração, onde atuou ao lado de artistas de grande popularidade nas décadas anteriores. Logo depois gravou os dois primeiros LPs como interprete de suas músicas: O samba na voz do sambista, lançado pela Sinter, e Ismael canta Ismael, pela Mocambo, ambos em 1956. Em 1964, depois de outro período de esquecimento, reaparece no Restaurante Zicartola, na Rua da Carioca, com grande sucesso. No ano seguinte atuou no Teatro Opinião, com Araci de Almeida, no musical O samba pede passagem, do qual foi feito um LP lançado pela Philips. Homenageado na Bienal do Samba, em São Paulo SP, e em programas de televisão e Rádio, voltou ao palco em 1973 no espetáculo Se você jurar, escrito por Ricardo Cravo Albin e estreado no Teatro Paiol, a convite da prefeitura de Curitiba PR. Em junho do mesmo ano gravou na RCA o LP Se você jurar, com grandes sucessos do passado e seis sambas inéditos: Contrastes, Alegria, Alias, Receio, Entrada franca e Afina a viola. Morreu no Rio de Janeiro RJ em 14 de Março de 1978
Biografia: Enciclopédia da Música Brasileira
Art Editora e PubliFolha
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