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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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domingo, 7 de março de 2010

Joubert de Carvalho - por Norma Hauer



Ele nasceu em 6 de março de 1900, na cidade de Uberaba- Minas Gerais, de uma família numerosa como era comum naquela época. Seus pais, Tobias de Carvalho e Francisca Gontijo de Carvalho tiveram 13 filhos.

Seu nome: Joubert Gontijo de Carvalho ou simplesmente, JOUBERT DE CARVALHO.

Felizmente, para Joubert, seu pai gostava de música, tinha piano em casa e fazia os filhos freqüentarem as bandas que se apresentavam na cidade. Joubert cresceu nesse ambiente; fez ali seus primeiros estudos, mas seu pai queria muito mais, daí transferiu-se para São Paulo, onde as chances de estudos era muito maior. Com alguns de seus irmãos passou a estudar no Ginásio São Bento.

Talvez já sonhando com a Medicina, compôs sua primeira valsa, dando-lhe o nome de "Cruz Vermelha", homenageando a recém-fundada instituição na capital paulista. O resto foi saindo naturalmente. Nas horas de folga, freqüentava a casa de uma tia pianista e ia levando a vida entre os estudos e a música.Já com dezenas de composições, mostrou-as a um editor que por elas se interessou.
Seu pai, porém, não o apoiou porque queria vê-lo estudando Medicina, fato que o fez transferir-se , em 1920, para o Rio de Janeiro. Foi bom aluno na Faculdade e, terminando seu curso, defendeu sua tese dando-lhe o nome de "Sopros Musicais do Coração".

Sua primeira gravação foi com Pedro Celestino, em 1926, com um tango de nome "Agonia". No final dos anos 20, Francisco Alves gravou "Traição" e "Castelo de Luar"; Gastão Formenti apareceu em "Rolinha" e "Canarinho"; Francisco Rocha com "Prisioneiro de Teu Amor". Em 1928 musicou um poema de Olegário Mariano de nome "Cai,Cai,Balão". Tornaram-se amigos e, da dupla, surgiram as músicas "Hula", "Zíngara" e "De Papo P'ro Ar", todas gravadas por Gastão Formenti.

Joubert de Carvalho passou a ser o compositor,cujas obras todos queriam gravar. E foi aí que surgiu Carmen Miranda. Ela, descoberta por de Josué de Barros, gravou , deste "Triste Jandaia".
Joubert, gostando de seu modo de interpretar, compôs para Carmen o samba "Taí".
"Taí" foi o primeiro sucesso de Carmen Miranda.

Para uma peça de Paschoal Carlos Magno", escreveu "Pierrô" e "Arlequim", gravadas por Jorge Fernandes. A peça não foi montada;" Arlequim" sumiu e "Pierrô" transformou-se em grande sucesso, quando, anos mais tarde, foi regravada por Sílvio Caldas.

É impossível recordar tudo que Joubert de Carvalho compôs, mas há obras que marcaram nosso cancioneiro nas vozes de Francisco Alves, Sílvio Caldas, Orlando Silva, Carmen Miranda... Obras como "Flamboyant"; "Com o Pensamento em Você"; "Lembro-me Ainda";" Em Pleno Luar"; "Maria, Maria" "O Silêncio do Cantor";"Volta para o meu Amor"...

Mas e CARLOS GALHARDO ficou de fora? Claro que não! Além de regravar "Maringá", antes gravada por Gastão Formenti, lançou, em 1965, um LP de nome "Jóias Musicais de Joubert de Carvalho", com algumas regravações e com cinco músicas inéditas. Uma, com letra de Mário Rossi, intitulada "Desde Sempre" é das mais belas composições de nosso cancioneiro. Quem a conhece?
"Muito antes da primeira madrugada,
Do nascimento da primeira flor.
Quando tudo era treva e mais nada,
Somente Deus sabia o que era o amor..."

Assim começava "Desde Sempre".

Em fins dos anos 60, os festivais "fervilhavam". Não eram para Joubert de Carvalho. Mas, e um festival de serestas?
Em 1969 , no Clube Municipal foi realizado o "1º Festival Brasileiro de Serestas". E quem o venceu? Joubert de Carvalho, com "Sol de Estrada", defendido por Antonio João, um cantor que estava se destacando na época.
Um 2º Festival foi realizado, mas não teve a repercussão do 1º. Ainda assim, Joubert de Carvalho o venceu com "A Flor e a Vida".

Gostaria de relembrar aqui dois fatos que Joubert sempre gostava de contar referentes a "Maringá":
Através de um amigo foi apresentado ao então Ministro José Américo de Almeida, que apreciava suas músicas. Este propôs a Joubert que fizesse algo que falasse numa seca e na leva de pessoas que deixam suas terras no Nordeste, em busca de melhores condições no Sul.
O Ministro José Américo era de Areias e seu amigo de Pombal. E a seca, nesse ano, foi pior em Ingá.
Pronto: veio a inspiração e "nasceu" a "Maria do Ingá", que numa leva deixou sua cidade de Pombal. E "Maria do Ingá" se transformou em "Maringá".

"Foi numa leva que a cabocla Maringá,
Ficou sendo a retirante
Qua mais dava o que falar"...

"Maringá" foi logo gravada por Gastão Formenti, tornando-se um grande sucesso.

E que aconteceu depois?

MARINGÁ, A CIDADE QUE NASCEU DE UMA CANÇÃO.

O segundo fato ocorreu anos mais tarde, quando a Companhia Melhoramentos Norte do Paraná, ficou encarregada de lotear e construir uma cidade na região. Concluído o trabalho, não sabiam que nome dar à cidade. Foi quando a esposa do Diretor da firma sugeriu o nome da canção entoada pelos os operários , que a cantavam, enquanto trabalhavam. "Maringá".
E assim surgiu a CIDADE QUE NASCEU DE UMA CANÇÃO.
Maringá foi inaugurada como distrito, em 10 de maio de 1947, sendo elevada à categoria de cidade em 14 de novembro de 1951.
No dia 2 de abril de 1957 a principal rua de Maringá teve seu nome mudado de Bandeirantes, para Joubert dfe Carvalho, a cujo ato inaugural o compositor compareceu. Foi uma glória em vida.

No dia 20 de setembro de 1977 a triste notícia: Joubert de Carvalho, autor de "Maringá" partiu pra a viagem sem volta .
Norma Hauer

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