O campo é um centauro, dizia o professor. Uma encruzilhada hermenêutica que construo mas me incorpora definitivamente em seu intransponível horizonte de equívocos. A análise é um centauro. Eu sou um centauro, às vezes sem existência real, só mitologia, torrentes de palavras neste momento.
Contemplo minhas patas e garras, a cauda do dragão no átrio da Igreja. Seu incenso. Que me açoita e revela o meu eu, minha pertença, o mim. Algo muito fundo.
Do profundo do tempo me amaste, Senhor.
Eu vã, eu louca e ausente, mas ali estou e sou eu, e não sou, fora desse átrio, origem e destino, nenhuma dúvida jamais nesse lugar. Do profundo do tempo esse sintoma me toma e define. Asma como eu. Ana como eu. Que me trava quando contra mim para que eu talvez caminhe em meu favor, mas pelo avesso, e me silencia, me paralisa quando preciso. E como preciso, desesperadamente.
O mundo contra mim, o fluxo contra mim, o eu ignoto remoto no pátio da Igreja, no vão da porta, no átrio.
A Nave.
Asma, unha cravada na pele da alma.
Nenhum sangue.
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Desenho de Ígor Souza.
Desenho de Ígor Souza.
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