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Estão paralisados, mas não há desespero,
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"

(Carlos Drummond de Andrade)

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Colaboração:Claude Bloc


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sexta-feira, 16 de abril de 2010

A PERFEITA CANÇÃO DE AMOR - por José do Vale Pinheiro Feitosa

Hoje, uma chamada do Bom Dia Brasil da TV Globo foi que o Roberto Carlos pretenderia compor a mais perfeita canção de amor. Foi a chamada, mas não vi a matéria e posso estar enganado. Mas vamos que seja a “perfeita canção de amor”.

Que não é a mesma coisa da canção do amor perfeito, ou o amor perfeito na canção, ou o amor na canção perfeita. No primeiro caso trataria de compor uma canção que representasse o amor perfeito. No segundo iria listar todas as canções que trataram do amor perfeito e no terceiro trataria de listar as canções perfeitas que trataram do amor.

A perfeita canção de amor como a chamada queria que o Roberto compusesse tem lá os seus problemas. Vamos começar pelo problema principal: o amor. Abramos o dicionário e tomemos um susto pela quantidade acepções que existe para ele. São 14 acepções gerais no Houaiss e mais 10 secundárias. Por isso mesmo são 3 derivações por extensão de sentido, 3 por metonímia e uma de sentido figurado. Existem 8 rubricas, sendo 4 de religião, 2 de mitologia e 2 botânica.

De qualquer modo tantas acepções já se originavam no Latim, onde se encontra a etimologia da palavra. O latim já tinha as seguintes: amizade, dedicação, afeição, ternura, desejo grande, paixão, objeto amado. Seguramente que qualquer filósofo diria que são afins, mas há de se considerar que objeto amado não é a mesma coisa de desejo grande e tampouco de paixão.

Se não bastante tanto para o Roberto Carlos, ainda haveria o largo problema de que o amor tem sido tratado nas canções tanto como agonia do impossível quanto a fastio do seu exercício. Não é incomum que se trate dos conflitos provocados em razão da sua prática. Do desejo de vingança pelo amor perdido. Da profunda dor de seu fim ou de sua distância.

Uma perfeita canção de amor deveria resolver dois problemas o da perfeição da canção e do amor. Talvez se houvesse um modo de resumir tantas acepções do amor. Não basta escolher uma só, mesmo que o Roberto apenas queira compor, com é comum, uma canção de gênero, do amor entre homens e mulheres. Mas não existe nada de menos, ou menor, no amor dentro do mesmo sexo, como o amor homossexual, cujas acepções tratam da mesma base sentimental.

De qualquer modo, num esforço ligeiro, os blogs são rápidos no tema, consegui breve senso comum que é a afetividade. A afeição como algo que permeia todas as acepções. Mesmo isso seria vago. Talvez a solução para o termo não se encontre no dicionário.

Talvez se encontre mesmo neste imenso desejo de eternidade dos seres humanos, mesmo reconhecendo o seu fim. Todo o exercício do amor é uma compulsão pela permanência, não apenas a imanência, mas esta localizada no tempo e no espaço.

Amo-te sobre as dunas de Paracuru nesta noite de lua cheia.

2 comentários:

socorro moreira disse...

Existe o amor que nos toca, e a canção que é tocada por nós ou pra nós... A canção é expansiva, como o amor precisa ser. Não consigo entender contração nem na arte, nem no amor. Amor é semente que solto em mim, e deixo o jardim florescer.
Existe amor e canção perfeitas ? Existirá a perfeita canção de amor?
Pretensioso!
"Agonia do impossível e o tédio do exercício..."Amor perfeito tem a felicidade em tese...: não se agonia, nem se entedia !
A prática do amor feliz nos torna perfeitos !

Zé do Vale, esse tema abordado é deveras instigante !
Toda canção de amor me emociona !
Você tem as Dunas, e nós temos a Chapada ... E a lua cheia é única !

Claude Bloc disse...

Texto fantástico!

Abraço,

Claude