Cristal
- Claude Bloc -
As palavras secretas
que me dizes
vêm cheias de memória
e navegam barcos
ou beijos.
Depois
como águas que estremecem,
como ondas ou marés,
se perdem nas areias
desamparadas,
incoerentes
sementes
na correnteza.
À noite
tecidas de luz
ofegam em verdes paraísos
e vibram a cada amanhecer.
Quem escuta essas palavras?
Quem as recolhe assim:
cruéis ou sentidas
desfeitas em suas conchas?
As palavras,
aquelas que me dizes
são orvalho apenas,
cristal em minhas mãos.
***
Claude Bloc
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