Criadores & Criaturas
"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata."
(Carlos Drummond de Andrade)
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sábado, 19 de junho de 2010
O Pelicano por João Marni de Figueiredo
Deus segurou o sol enquanto soprava esta esfera nossa, árida e errante, a multicoloriu com o verde das matas, o azul dos mares e dos céus, o branco das nuvens, o marrom do barro, o amarelo, o vermelho e o cinza das rochas. Segurou a lua, fazendo as ondas, as praias e os sonhos dos poetas. Criou as placas tectônicas para que a terra aflorasse em montanhas e cordilheiras, nascedouros de rios caudalosos após chorar a neve. Desenvolveu um núcleo quente feito o coração da gente e que mantém a temperatura do sistema com vulcões e gêiseres.
Somos gêmeos: vegetais, minerais e animais e vagamos pelo espaço á mesma velocidade, sabe Deus para onde... Em meio a tamanha exuberância, surgimos nós, os homens, blasfemamente tidos como a imagem e semelhança divina.
Deus é o criador, mas nós somos os criadores de casos, os destruidores, raramente solidários, frequentemente pragmáticos e quase sempre falsos e interesseiros. Desenvolvemos a mentira para atrair a amada quando perdemos a cauda do pavão (ou nunca a tivemos!) Estamos cada vez mais desmembrados, como filhotes de cobra: rastejando logo para longe, sem nem mamar, antes que seja tarde demais, cada um por si, em fuga com sua cota de veneno, fazendo do abraço instrumento de sufocação e morte.
Se existe mesmo a possibilidade de novas vidas, peço encarecidamente ao criador delas que na próxima seja eu um pelicano, símbolo da caridade e da paixão de Cristo. Em tempos de escassez, antes que as lágrimas me devorem, bicarei meu peito em nacos grandes e suculentos e alimentarei meus amores.
Pois é, bem disse Lya Luft. “O contrário do amor não é o desamor. É a indiferença”. Bom é dormir em paz, sossegado por não dar as costas a quem precisa. Não devemos priorizar o que é prioridade para o homem, mas o que é relevante para Deus. Lembre-se, “todos podem dominar a tristeza, exceto quem a possui” ( Shakespeare)
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