Pedrinho, à margem esquerda do rio, joga pedrinhas na água límpida, vendo os peixes amarelos e livres, nadando, ora a favor, ora contra a correnteza, brincando de tudo-pode com a mãe natura. No aquário do pai, um peixe amarelo a se digladiar, esbarrando no vidro quando se aventura num nado maior. Liberdade e clausura dos peixes. Pobre menino que atira pedrinhas no rio e chora pelo não-poder atirar de volta ao rio aquele peixinho amarelo. Pobre peixe amarelo que nada quase nada e esbarra, sem opção de escolher entre o vidro e o rio, entre o vidro e o mar, entre o vidro e a vida. Um gato o observa de longe, esperando um trincar de vidro, um peixe no chão. Do alto de sua gaiola, solidário, o passarinho torce pelo peixe.
Xico Bizerra
Xico Bizerra
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