Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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quinta-feira, 29 de julho de 2010

Islã e a arte abstrata (para uma reflexão)


“O não-especialista só é capaz de reconhecer de uma forma protocolar o papel prioritário do Islã na transmissão do pensamento e da ciência da Grécia antiga para o Ocidente. A maioria de nós chega quase a ignorar as pressões criativas, ao mesmo tempo estimulantes e antagônicas, que a difusão do islã exerceu sobre a cristandade medieval. Tendo recebido com extremo critério crítico e maleabilidade a herança tanto do judaísmo abrâmico e mosaico quanto dos ensinamentos de Jesus, o Islã desenvolveu suas próprias filosofias e alegorias da criação. Foram idéias que se relacionaram imediatamente com uma estética de intrincado teor religioso e filosófico. O tabu, invariavelmente parcial e muitas vezes limitado, sobre a representação da pessoa humana, vincula-se a uma estética singularmente sutil do ornamento, da lógica matemática e da beleza do geométrico. As caligrafias persas e árabe são mais que sugestivas da álgebra (uma disciplina cuja própria origem, como se sabe, remonta a raízes parcialmente islâmicas). Num modo essencial, a tensão da iconoclastia na sensibilidade islâmica e nas práticas arquiteturais sublinha um paradoxo latente em qualquer estética madura posterior à proibição mosaica da reprodução de imagens e à crítica platônica do mimético. Uma malaise sensível continua próxima ao núcleo da representação. Por que reproduzir a substância natural e a beleza do mundo dado? Por que induzir à ilusão ao invés de se tentar estabelecer qualquer visão verdadeira (algo como o ‘princípio de realidade’ em Freud?) A arte não-figurativa e abstrata nunca foi uma invenção do ocidente moderno. Como complemento básico da percepção da prodigalidade figurada do mundo natural, a abstração tem sido, há séculos, crucial para o Islã”.

(George Steiner: Gramática da criação. Ediora Globo, 2003.)

Um comentário:

socorro moreira disse...

Prazer e honra, receber e ler as tuas postagens. E agora que te revi, depois de tantos anos, você e Sônia fazem parte das minhas alegrias, aquelas que o coração sela, e guarda !


Abraços !

Obrigada pela informação , desenvoltura da nossa consciência crítica. Dessa aprendizagem, somos carentes !