Tenho medo de esquecer o caminho de casa.
Tenho medo de não saber mais voltar.
Esquecer o nome da minha mãe
e da minha irmã.
Ficar com os olhos entreabertos
e aquele risinho patético no canto.
Não quero mansidão.
Eu quero é confusão mental.
Lembro-me sempre sozinho com minhas vozes.
Desde criança no quintal.
Adolescente na cela.
A estas vozes devo o que sou:
um fantasma delicado.
Tenho medo da minha delicadeza.
De esquecer de chorar e de odiar certas pessoas.
Tenho medo de morrer dormindo.
Não tenho medo da morte.
Tenho ainda mais medo de esquecer o caminho de casa.
Esquecer os rostos da minha mãe e da minha irmã.
As mais próximas e bondosas.
Por enquanto me arrumo como posso.
Pensando.
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