Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

A Eterna Sombra

Que farei da poesia
no dia em que a felicidade
transformar-se em virtude

e a alegria corromper-me
a alma e o silêncio?

Que farei da poesia
na noite em que o meu quarto
não me espante e os objetos se calem

e fuja da minha vista
a exuberante vida do inanimado?

Que farei da poesia
quando não ouvir a voz do vazio

e o nada e coisa alguma
deixem de me ferir as têmporas?

Que farei da poesia
se não mais houver meus sussurros
ao ler e tentar encaixar um som
entre sílabas?

Que farei da poesia
quando os fantasmas ao meu redor
acordarem e me suplicarem o exílio?

O que serei?

Voltarei a ter um olhar
além da fascinação
e do distúrbio?

Beberei água sem pensar
na textura do copo
e na delicadeza da cozinha?

Minhas botas serão apenas botas
e a minha xícara (enfim) será salva
da minha loucura?

O que a poesia fará de mim
no dia em que eu acordar
um homem normal
preocupações normais
e sonhos corriqueiros?

O que a poesia fará de mim
na noite em que eu resolver
partir de vez deste mundo
sem a sua companhia?

Quem me perdoará
se apenas o seu cajado é mágico
e o seu amor verdadeiro?

Seja lá o que eu faça com ela
e ela faça comigo continuaremos
na dúvida e no laço apertado.

E não saberemos nunca
qual o fim da nossa fábula

e por que somos uno
e por que nos repartimos.

Um comentário:

socorro moreira disse...

O fim da fábula é um encontro geral.
Todos sem defeitos. Luminosos, lindos !
É assim o céu que imagino.


Bichinho, cada poswtagem sua é um preswe4nte , enrolado em sentimentos.