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Estão paralisados, mas não há desespero,
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"

(Carlos Drummond de Andrade)

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domingo, 24 de outubro de 2010

A liberdade das raposas no galinheiro - José do Vale Pinheiro Feitosa

Esta semana que se encerra uma notícia frequentou este blog. Se tratava de uma lei de autoria de uma deputada do PT que criaria um conselho de comunicação social e fora para sanção do governador. O blog apenas repercutiu o debate em Fortaleza. Mas isso rodou a internet como mote da atual campanha eleitoral, qual seja a da liberdade de imprensa. Pelo que recebi por e-mail hoje o nascedouro da lei tinha sido no poder executivo do Estado e ela fora vetada. Então eu respondi a quem me mandou o e-mail nestes termos:

Caro amigo,

Você vai achar que é provocação, mas não é. A respeito do debate sobre censura à imprensa ou à liberdade de expressão. Como é do teu conhecimento teve aquele episódio da Maria Rita Kehl no Estadão que mostrou uma tremenda contradição à linha de defesa da liberdade do jornal, que em editorial, muito melhor que outros, mostrou que tem lado nesta campanha. Isso é correto, como fez o Mino Carta. Mas aconteceu. Depois o PSDB denunciou a Revista do Brasil ao TSE e este apreendeu a tiragem inteira que é de 360 mil exemplares e proibiu sua leitura on line.

Não me pergunte o que motivou ou se tinha razões para assim proceder. Não por que o argumento da liberdade de expressão não é relativo. Não pode ser por que a revista foi financiada pela Cult ou o Estadão pelo sistema financeiro, ou para melhor comparação pela FIESP. O tema tem que se encontrar na raiz. E na raiz, aparentemente, a Revista não fez mais ou menos do que fazem a Veja, o Estadão e a Folha de São Paulo. Convenhamos, o TSE censurar uma revista para um público específico e financiada por setores de trabalhadores e classe média é mais fácil do que censurar empresas. Nisso reside este discurso contraditório da censura nos dias atuais.

Além do mais não teve nenhuma manifestação de defesa da revista por parte Associação Nacional dos Jornais (ANJ), cujo presidente é Judith Brito, funcionária do grupo Folha e que em abril deste ano disse que a imprensa iria fazer o papel da oposição. Então entramos no campo do cinismo do mais forte: abrem o bico longo para condenar o que fazem os países mais adiantados, mas se calam num caso deste.

Em outras palavras, pedi uma troca de opiniões com você pois vejo aí a única opção de ter uma racionalidade. Estas gritas de interesses cruzados terminam se anulando e a sociedade é que perde. Não vou defender aqui especificamente qualquer meio de comunicação, mas acho por bem discutir a liberdade de expressão, ampla e geral. Falta o irrestrito para completar a frase do tempo da ditadura: neste caso o irrestrito não pode ser da raposa no galinheiro. Tem de haver a proteção das aves e que não são as “galinhas verdes” que costumam ocupar o centro do debate.

Abraços

José do Vale

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