Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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sábado, 16 de outubro de 2010

o vazio das conchas das mãos

Além do mar se vê Poesia
dentro das botas também.

Pelas paredes e no reflexo dos vitrais.
Nas cerâmicas rachadas e no dorso do mármore.

A poesia é pudim, groselha, tamarindo
água para matar a sede do corpo pois
a poesia exaure os tendões e os cílios.

Não leia o poema com a mente
(nem a sua nem a do outro) .

Há de se permitir o tombo da alma
ao balé da folha seca despencando.

Não leia versos julgando-os amorosos
ou brincantes: quem desvenda o sorriso
daquele triste palhaço na sua alcova?

Não tentem aprisionar o poema
com sutis olhares de mestre.
Ninguém é mestre diante
da loucura e da lucidez
(de fogo) .

Nenhum conceito é puro.
Nenhuma mão que segura a pena é inocente.

Além do mar existe Poesia.
Além do quarto sombrio certamente.

A Poesia não é território somente dos corais ou dos ácaros.
Arranque seu coração experimente escrever sem este músculo.

O cajado do poeta são os versos
retorcidos sob a solidão necessária
de cada poema.

Escrever é o bastante
(e veja a dança) .

A Poesia é uma dança frenética (arrebatadora) .
Quem escreve não precisa de ajuda,
mas sim revelações.

7 comentários:

socorro moreira disse...

Você e a poesia são irmanados.
Vejo-os sempre de mãos dads , e corações em uníssono !

Abraços, mi amor !

Claude Bloc disse...

Domingos,

A madrugada te revela
entre versos dispersos,
entre paredes e vitrais
sementes-poemas
sementes da mente

E a Poesia se incorpora
e mata a tua sede
e exaure a noite
e apaga os reflexos
do teu olhar sutil

A Poesia tem enfim
o sopro do vento
tem sabor de fruta
e na loucura dos versos
esconde
a lucidez do poeta
noturno
sonata

solidão.

José Carlos Brandão disse...

Glosa de Domingos Barroso

As conchas das mãos nunca estão vazias.
No mínimo estão cheias de nada
e mesmo o nada é poesia.

Tenho poesia no corpo todo,
nos olhos doentes de tanta luz,
nos pés gretados de tantos caminhos,
nas botas, nas unhas, nos cabelos
que caem e renascem a cada dia.

Leio o poema com os olhos,
sinto o poema com os dedos
com o nariz, com os ouvidos e com a língua.
Leio o poema com os cinco sentidos.

As folhas caem, mas, antes de cair, bailam
no ar, valsam suaves ou rodopiam endiabradas.
As folhas têm alma: a nossa alma.

Os versos são formas lúdicas ou são o corpo do amor,
mas a dor do poeta, esse palhaço, quem saberá?

O poema é livre como o voo do pássaro
e se queima no fogo das imagens iluminadas.

Ninguém escreve ou lê impunemente um poema.

Poesia se escreve com sangue pulsando nas palavras
e inundando a forma fecha, de concha, do poema.

O meu bordão flori a cada verso que eu escrevo.
Planto o meu bordão na rocha no meio do deserto
e não brota água, mas sangue convulso.

Escrever é uma dança imóvel à espera da revelação.

(Um abraço, Domingos, do amigo Brandão.)

Domingos Barroso disse...

Socorro (Sacerdotisa),
a fraternidade poética
é o nosso elo, sempre

Carinhoso abraço.

Domingos Barroso disse...

Claude, obrigado pelos versos
e pelo imenso carinho
...

Fraterno abraço.

Domingos Barroso disse...

Grandioso poeta
e meu amigo,
José Carlos Brandão

tal homenagem
enche meus olhos
de puras lágrimas
e profundamente a alma
se abriga (em cada imagem)
contentíssima
...

Forte abraço,
meu amigo.

Stela disse...

Nossa! que poemaço!