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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

COMPOSITORES DO BRASIL


A MPB no Cinema Brasileiro

Por Zé Nilton

Outro dia estive revendo Amarcord, de Federico Felini. Uma ou duas vezes por ano revisito as obras primas do insubstituível mestre. Vivo num tempo em que o bom é voltar pra trás, como diz o mineiro. O passado parece que me revigora. Mas, não seria o novo? Aliás, tenho uma mania feia de não correr para olhar novidades. Deixo o tempo passar, ouço tudo sobre a coisa da hora, aí, bem na frente, depois de muito tempo, eu vou lá, atrás do novo que já passou.

Há coisas novas que vejo, leio ou escuto uma vez só, quando me interessam. Já outras eu firmo uma espécie de compromisso de um eterno retorno. Tipo assim uma dívida divina, é como se aquilo se tivesse um “pedaço de mim”, “metade afastada de mim”, que me crava uma saudade imensa. Por isso eu volto levado pela saudade e ausência, e me refaço porque equilibro todos os meus sentidos.

Voltei a Amarcord também pela bela e penetrante trilha sonora. O talentoso Nino Rota fez demais. E fez para o filme de Felini. Filme de recordação. E quando ouço a trilha “no toca fita de meu carro” bate uma saudade... Mas de que ? De quem ? Não sei explicar. Só pode ser da “metade desgarrada de mim” e de sua inquietante ausência. Aliás, me lembrei do filósofo Rubem Alves; ele fala desses mistérios.

Bom, quem não se emocionou com a música acompanhando as cenas daquele filme? Quantas lágrimas não foram derramadas no escurinho do cinema quando a música criava o clímax? Quem não se lembra de “Al di la”... Com a palavra a poeta Socorro Moreira, o escritor José do Vale, o folclorista Antonio Morais, o maestro Dihelson e você aí que curte tudo isto.

O cinema brasileiro tem um passado de inserção de boas trilhas sonoras e muitas músicas principalmente nos tempos das chanchadas. Mas também nos belos filmes com temáticas urbanas e rurais.

Nesta quinta-feira, no COMPOSITORES DO BRASIL, vamos iniciar uma série de programas com a temática da MPB no cinema. Claro que aceitamos colaborações, porque não é fácil encontrar aquela música daquele filme.

Para o primeiro programa iniciaremos com:

ESTRELA DO MAR, de Marino Pinto e Paulo Soledade com Dalva de Oliveira e a Escola de Samba Império Serrano, do Filme TUDO AZUL, 1952
SODADE, MEU BEM, SODADE, de Zé do Norte com Pena Branca e Xavantinho, do Filme O CAGACEIRO, 1953
VIDA DE BAILARINA, de Américo Seixas e Chocolate com ângela Maria, do filme RUA SEM SOL, de 1953.
ESCUTA, de i Ivon Cury com Emilio Santiago e Ângela Maria, do Filme O REI DO MOVIMENTO, 1954
OBSESSÃO, de Mirabeau e Milton de Oliveira com Carmem Costa, do Filme. DEPOIS EU CONTO - 1956
ANDORINHA PRETA, de Breno Ferreira com Hebe Camargo, do Filme RIO FANTASIA , 1956
TRABALHA MANÉ, de José Luiz e João da Silva com Os 3 do Nordeste, do Filme FUZILEIROS DO AMOR.1956
MADUREIRA CHOROU, de Carvalhinho e Júlio Monteiro, com Joel de Almeida, do Filme É DE CHUÁ, 1957
CISNE BRANCO, de Antônio M.E.Santo e Benedito X.de Macedo, com Dilermando Reis, do filme O PAGADOR DE PROMESSA, 1962
VAI TRABALHAR VAGABUNDO, de Chico Buarque com Chico Buarque, do Filme VAI TRABALHAR VAGABUNDO, 1973
PECADO ORIGINAL, de Caetano Veloso com Caetano Veloso, do Filme A DAMA DO LOTAÇÃO, de 1978.

Quem ouvir verá!

Programa: Compositores do Brasil
Rádio Educadora do Cariri (www.radioeducaroradocariri.com)
Todas as quintas de 14 as 15 horas
Pesquisa, produção e apresentação de Zé Nilton
Operador high tech: Iderval Dias
Direção Geral: Dr. Geraldo Correia Braga


3 comentários:

socorro moreira disse...

Sintonia !
Ontem um grupo esteve aqui para gravar um depoimento, que poderá fazer parte de um documentário sobre cinema, nos velhos tempos. Situei-me a partir da década de 50.
Coloquei justo em evidência , as trilhas sonoras , inclusive a música brasileira.
"Jeca Tatu" , por exemplo:
Cenas com músicas de Cely e Tony Campello; "Estrada do Sol", "Ave Maria Brasileira".
Aquarela do Brasil, em Merlodia Imortal.
"Risque", em "Matemática Zero, Amor 10";
Lista sem fim ...
Filme X música afetavam as emoções : soluços e risos.

Toda menina cratense, na década de 60, tinha um caderninho, onde anotava os filmes que assistia: música, atores, produtor, diretor, trilha sonora , e a cotação pessoal, enriquecida por acontecimentos especiais.
Precisamos de um movimento pra resgatar um Cine4ma par o Crato.
Vamos viver de lembranças?
Gastar uma grande pra ir até o Shopping Cariri, no Juazeiro?
Cinema foi umas das partes mágicas da nossa história.

"Iremos ao cinema
só se mamãe deixar
Cinema traz problema
e nem é bom falar..."

Que nada!
Cinema ainda é o maior dos entretenimentos !

Quero O arrepio, quando toca a música certa, e as luzes se apagam.

Zé NIlton disse...

Beleza !

Stela disse...

Zé Nilton:
tu sabe das coisas, hein? E o melhor: sabe falar de música e cinema com conhecimento e leveza. E de saudade, então! E essa história de "novidade ser o que já passou"... adorei! É uma espécie de irreverência diante dos modismos. Muito bom mesmo.
Eu também não ligo muito para o que tá na moda não.(risos)

Gracias pelo brinde cine-musical.
Abraços líricos
stela