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"Penetra surdamente no reino das palavras.
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Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Paulo Tapajós- Por Norma Hauer



Em 29 de dezembro de 1990 faleceu, aqui no Rio de Janeiro, aquele que foi um dos maiores nomes da radiofonia nacional: PAULO TAPAJÓS.

Com seus irmãos Haroldo e Oswaldo iniciou sua carreira na pioneira Rádio Sociedade, em 1927. Seu irmão Oswaldo logo abandonou o conjunto e Paulo continuou fazendo dupla com Haroldo, quando gravaram a primeira composição de Vinicius de Moraes, então um nome pouco conhecido, embora sobrinho de Melo Moraes, também compositor e Delegado de Polícia.

Essa primeira gravação foi o samba "Loura e Morena".

Paulo Tapajós e Vinicius de Moraes nasceram apenas com um dia de diferença: Vinicius no dia 19 e Paulo no dia seguinte (20) ambos em 1913. Paulo gostava de dizer que eles "se encontravam" à meia-noite, para um abraço de parabéns recíproco.

Paulo Tapajós continuou sua carreira com o irmão Haroldo, ingressando na Rádio Mayrink Veiga.

Posteriormente, já sozinho, passou à Rádio Nacional (entre 1942 e 1946) , fez uma pequena temporada na Rádio Tupi, regressando à Nacional onde apresentava, no fim
da noite, o programa "Musica em Surdina".

Com Albertinho Fortuna e Nuno Roland, formou o "Trio Melodia", ainda na Rádio Nacional.

Nessa época gravou (sozinho) várias serestas, a maioria de Catulo, como “Talento e Formosura”. "Os Olhos Dela";"Tu Passaste por este Jardim":"Recorda-te de Mim"; "Ao Luar"; Clélia , “ e várias outras.

Como sua voz era "pequena", mas muito bem colocada, ele foi considerado "modinheiro" ao invés de seresteiro.
Quando a Rádio Nacional , em 1964, chegou “ao fundo do poço”, “graças” aos militares, Paulo Tapajós conseguiu salvar seu acervo que iria ser sucateado. Hoje, programas da Nacional, como "Rádio Memória",de Gerdal dos Santos ou "História da MPB", de Osmar Frazão, costumam inserir partes de programas famosos salvos por Paulo Tapajós.
Paulo Tapajós dirigiu o Museu da Imagem e do Som, depois que Almirante o deixou e
ali ouviu e gravou depoimentos de compositores e cantores que passaram por
nossa música e foi a ele que Pixinguinha revelou o nome de Octavio de Souza como
o autor da letra da belíssima composição "ROSA”. Sucesso permanente, primeiro na voz de Orlando Silva.
No disco original de ROSA, gravado por Orlando , só consta o nome de Pixinguinha, grande músico, mas que não fazia letras.

Em 1990 Paulo Tapajós, como grande pesquisador que ia "fundo" buscar material para seus programas, apresentou, durante cinco terças-feiras, no Teatro do BNDES a "História do Carnaval no Brasil", desde os primórdios, quando havia muita influência estrangeira, principalmente lembrando o carnaval de Veneza, passando pela primeira música feita para o carnaval , o "Abre Alas" de Chiquinha Gonzaga, até o apogeu das Escolas de Samba.

Vários cantores ali se apresentaram, dando voz e vida aos programas.

Paulo Tapajó estava preparando outra programação para aquele teatro, quando apresentaria a obra de Ataúlfo Alves no mesmo sistema, em 1991, mas faleceu em 29 de dezembro daquele mesmo ano (1990) e o projeto não aconteceu.

Paulo Tapajós teve três filhos, todos ligados à música: Maurício, Dorinha e Paulinho. Apenas este último está vivo.
Ele e sua mãe (Norma Tapajós) são hoje responsaáveis pelo grande arquivo de Paulo.

Norma




Um comentário:

socorro moreira disse...

Paulo Tapajós é parceiro de Humberto teixeira , na música "Eu vou pro Ceará".