Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

ROBERTO CARLOS ONTEM, HOJE E SEMPRE - Por Edilma Rocha


Tempo da jovem guarda e Roberto Carlos chegando ao Cariri para uma única apresentação. Com o ingresso comprado com antecedência e a proibição de ir ao Romeirão no Juazeiro por falta de uma companhia de responsabilidade.
- Que droga !
Tinha que encontrar alguém para ir comigo. Lembrei de uma amiga da minha mãe que era pra frente e adorava uma novidade. Combinamos tudo e fizemos os planos para a saída para o show.
-Mas e o carro ? Como poderão ir ao Juazeiro a noite sem um carro?
Perguntou minha mãe.
- Vou dar um jeito !
Corri depressa até a rua Nelson Alencar, fui a casa de Nemezinho e pedi para ele nos levar ao Romeirão. Colocamos gasolina no carro e compramos o ingresso do motorista mais hilário da cidade.
Tudo pronto. Eu usava calça Lee boca de sino com uma camisa de listrinhas verde e branco, um par de botas da moda combinando com o cinto preto que na fivela estava escrito : É UMA ONDA, MORA ! Cabelos repartidos de lado como os do rei e uma maquiagem suave pela pouca idade.
A amiga já era mulher madura e vestia calças compridas com uma túnica bordada e usava uma peruca alourada feita com fios naturais por Baísa, nossa cabeleireira.
Estávamos no portão de casa prontamente as 18 horas quando chegou a POLDA de Nemezinho.Um horror ! Verde oliva com arranhões e amassados por todos os lados. Um para-choque torto preso por arames retorcidos, 4 pneus carecas, farol de um olho só e fazendo um barulho desgraçado. Mas o motorista feliz da vida, afinal era o show de Roberto Carlos. Entramos no carro e quando olhamos para o piso só tinha um enorme buraco comido pela ferrugem e nossos pés tinham que ficar suspensos. Haja canseira ! A amiga bateu a porta e esta não fechou.
- Nemezinho, cadê o trinco dessa porta ?
- Não viu não ? Olha só o tamanho do ferrolho pelo lado de fora. Seguríssima !
Não faltava mais nada, o carro estava completo e o buraco no piso ele disse que era o ar condicionado natural...  Lá fomos nós e tome estrada. O show iria começar as 20 horas e a POLDA se arrastando pelo caminho...
- Esse carro não anda não, Nemezinho ? Assim vamos perder um bom lugar na arquibancada!
- É pra correr ? Então se segurem!
A POLDA arrancou na toda e o ar do buraco levou pra longe a peruca da madame. Ao olhar pro lado eu só vi foi um cabelo todo enrolado por uns 100 grampos pequenos, penteado que chamavam de touca.
- Pare o carro e vamos procurar minha peruca !
 Procurar no asfalto sem iluminação, foi dose ! Mas finalmente Nemezinho encontrou a dita cuja dependurada numa cerca de arame. Peruca na cabeça e chegamos ao Romeirão lotado. Nos acomodamos nos batentes pegando fogo pelo sol do dia inteiro e tínhamos que ficar sentadinhos até o final para as outras pessoas não perderem a visão.
- Pipoca, picolé e água, quem vai querer ?
Vendedores ambulantes por todos os lados.
- Senta, senta, vai começar !
Entrou o rei Roberto Carlos. Foi um auê danado. Gritos assobios e palmas se misturavam num enorme barulho. Meninas desmaiavam aqui e ali... Quando começou a cantar a emoção e os embalos do Rock tomou conta da multidão. Era o máximo ! O "Calhambeque" deu inicio ao show e depois a "Volta", "Namoradinha de Um Amigo Meu", "Festa de Arromba", "Esplixe Pless" e "Que Tudo Mais Vá Pro Inferno". Um momento que ficou na memória de uma garota simples do interior, para sempre...

Dezembro de 2010, dia 11, Show do Roberto Carlos no SIARÁ HALL em Fortaleza.
Outros tempos. Os ingressos comprados na mão do cambista para não pegar fila e um ambiente com capacidade para 10 mil pessoas sentadas no ar condicionado para aguardar o grande momento.
Mulher de 50 anos com um ar jovem ainda, suspirando pelas músicas de amor do rei Roberto Carlos. Em cima de um par de saltos da Areso, calça preta colada, blusa prata em tafetá num corte perfeito da etiqueta "AnneKanner", com detalhes metálicos. Um cabelo escovado, bijuterias combinando uma bela produção na maquiagem. Entei na confortável BMW branca, com ar condicionado, vidros blindados ao lado do Celso para seguirmos  pelas ruas decoradas para o Natal em Fortaleza e atravessamos a avenida Wasimginton Soares até o SIARÁ HALL.  Nos acomodamos nas cadeiras especiais para finalmente reencontrar o rei Roberto Carlos depois e tantos anos...
- Com licença, Senhores, o cardápio !
- Um camarão "A Milanesa", Wisky Red Label e um Coquetel de frutas sem álcool. Por favor !
Era o serviço especial dos garçons antes do show começar. Tudo perfeito.
Apagaram-se as luzes exatamente às 23 horas e trinta minutos para dar início ao mega show. Ele, o rei, impecável no seu terno branco seguido pela orquestra do maestro Eduardo Lages, começando a performance artística. Cantou e encantou com "Emoções", "Os Botões da Blusa", "Cavalgada", uma coletânea da jovem guarda, "Como é Grande o Meu Amor por Você", "Detalhes", "Nossa Senhora" e encerrou com a música "Jesus Cristo"jogando rosas vermelhas às fãs e uma caiu sob os meus pés como por encanto. Um mega espectáculo em cores, luzes e som. Realmente inesquecível !

Ontem a emoção que encantou o coração adolescente de uma fã que gritava e chorava pelo seu ídolo. E hoje o encanto com saudade vivida na poesia através das letras das músicas que marcou cada momento da vida de uma mulher apaixonada.
Roberto Carlos, Ontem, Hoje e Sempre...

Edilma Rocha 

6 comentários:

socorro moreira disse...

Arrasou, mulher !
Adorei do início ao fim.

beijos
Esse texto deveria fazer parte do livro.

Carlos Eduardo Esmeraldo disse...

Prezada Edilma

Há dias que não ria tanto. Aliás, soltei sonoras gargalhadas com esse texto tão bem humorado. Parabéns! Excelente esse seu texto!

Claude Bloc disse...

Edilma,

Mesmo você tendo me contado a história pra saber se valia a pena publicar, eu "bolei de rir" relendo seu relato...

A situação é realmente inusitada... O fechamento da história também ficou muito bom pelo fato de você ter feito uma análise de sua vivência em épocas distantes... diante do mesmo Rei...

Menina, você está de parabéns. Ficou ótimo.

Até mais tarde.

Abraço,

Claude

Edilma disse...

Socorro,

Fique avontade !
Segostou tanto do texto para o seu livro, ele é todo seu.
O show foi um espetáculo de emoções. Quem é rei nunca perde a magestade. Lotado !
Pessoas de nossa geração e muitos jovens tambem.
Lembrei de voce naquele CD do seu carro.
Grande Abraço!

Edilma disse...

Amigo Carlos,

Que coisa boa eu proporcionar a vove momentos de alegria.
Sou assim mesma. Meio moleque de vez em quando. Gosto de descontrair e espantar as tristezas pra lá.

Grtande Abraço !

Edilma disse...

Claude,

Ficou bem legal mesmo !
Tenho uma memória muito boa e lembro de cada detalhe de tudo.
Não descrevo mais para não ficar tão cansativo.
Pense num show espetacular.
Dizem que Roberto está de namoro com uma cearense e volta e meia anda por aqui.
Ele está muito bem. Sem aquele antigo ar de sofrimento, mais jovem, os cabelos escurecidos ligeiramente e um pouco mais curtos.
Sorrindo muito, não cantou as musicas da Maria Rita e nem mencionou nada a respeito.
Estava com um ar de felicidade e muito romantico falando nas musicas especiais com sexo.
Foi um arraso!
" Como é Grande o Meu Amor por Voce "

Beijo, menina