Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

toda a ausência do mundo


Tudo que quero seus olhos dentro das minhas botas.
Tenho medo de envelhecer com essa mania.

Seus olhos dentro das minhas botas
eu andaria delicado sobre as nuvens.

Ultimamente tenho castigado os sonhos.
Você sabe que os sonhos vivem todos
enrolados em nuvens de chuva.

Tem chovido, querida.

E eu sei (não precisa me apontar o dedo)
que a sua existência é um bloco de versos
para que cigarras cantem
e sapos bebam estrelas.

Você é uma fábula,
eu uma triste figura.

Escrevo para iludir minhas botas.
As minhas botas têm sede.

E por mais que eu lhes ofereça meu sangue
(vinho empoeirado de lembranças)
as minhas botas só sonham
com seus olhos.

Esqueci a cor dos seus olhos.

Fábula é bruma e toda bruma
encanta os cílios de D. Quixote.

Posso chamá-la Dulcineia Del Toboso?
A saudade é uma imaginação terrível.

Ainda tenho dois braços um para tocar a lua
e o outro para trazer de volta a lua que foge.

Pode chamar-me de louco.
Mas nunca me diga que sou triste.

O passado é o perfeito carrasco da felicidade.
Lembre-se do que foi bom, mas não acorde os mortos.

Você é uma fábula,
eu um signo estúpido.

Sabe, estou a tossir agora.

E não faço chá (tenho medo
da fervura da água) vai que seus olhos
pulem das botas atravessem o quarto
cheguem à cozinha (curiosos)
mergulhem no bule.

O meu bule é de cerâmica.
Que tipo de bule é o seu?

2 comentários:

socorro moreira disse...

Domingos é colecionador de bules?
Lindas peças !
Lindo poeta
Lugar dos olhos é nos olhos.
E essa bota de muitas léguas
Descansa no porto do dia a dia
Perto da cama
solta na varanda
Convite aberto
prosa de lua com estrela guia.
Fábula triste
Balada figura
Uma caneca de orvalho estrela
Desejam as tuas botas.

Edilma disse...

Domingos,

Mesmo sem me responder uma só palvra, continuo a lhe dizer que estou lendo seus versos e o admirando cada dia mais.
Salve nosso poeta verdadeiro !

FELIZ NATAL !