Em recente viagem ao Crato tive a satisfação de rever a minha prima Maria Célia Esmeraldo Pinheiro, freira da congregação missionárias de Jesus Crucificado, irmã da Madre Esmeraldo, falecida em 2007 e filha do meu Tio e Padrinho José Pinheiro Gonçalves (Zé Pinheiro do Belmonte). Fazia alguns anos que não a encontrava e a satisfação foi enorme ao vê-la alegre como sempre, vendendo saúde e com aparência de 60 anos apesar dos 80 bem vividos. Os 55 anos a serviços dos menos favorecido certamente rendeu-lhe a tranqüilidade típica dos que cumpriram sua missão e colhem os frutos das sementes plantadas. No descontraído papo no terraço da casa de minha mãe, ela relatou episódios que a minha memória havia perdido. Segundo ela, no dia em que foi para o convento, meu padrinho ficou muito triste, chegando às lágrimas. Do alto da descontração dos meus quatro anos, me ofereci para dormir como padrinho para ele não chorar de saudade. O gesto sensibilizou meu padrinho e certamente contribuiu para que me presenteasse com o mais incrementado velocípede da época. Era grande, vermelho, importado e passou vários dias exposto e chamando a atenção da criançada logo na entrada da loja FC Pierre, na Santos Dumont. Era meu sonho de consumo. Pouco antes havia pedido para meu pai comprar. Pedido recusado com o argumento do preço alto, “mais caro que um boi”.
O veículo fez o maior sucesso com os primos e colegas da vizinhança. E eu fiquei tão vaidoso que “Seu” Diomedes foi chamado para registrar a pose.
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Na semana seguinte, meu padrinho foi na nossa casa e fui convidado a demonstrar minha habilidade ao “volante”. Para me exibir, pedalei em alta velocidade esquecido que o terraço tinha fim e que no final havia dois batentes. Passei “voando”, me estatelando no chão, parando quase na calçada da rua. A visita terminou na emergência do hospital S. Francisco, com passagem posterior na clínica do Dr. Dalmir Peixoto, para raio X em um dos braços. Lembro que chorei muito, menos pelas escoriações e dores generalizadas, mas pelo temor de ter quebrado o estimado velocípede.
2 comentários:
Stela,
Que bela história da infância de Joaquim. Quando lemos algo assim passa imediatamente na nossa memória o filme da infância.
Adorei e quero mais...
Cadê as histórias de Bisaflor?
Estamos de férias e pedindo mais de Joaquim e voce...
Saudades e bejos!
Stela,
Texto transparente a tão límpido que emociona a gente.
Joaquim desde cedo foi essa pessoa sensível e espetacular que permanece sendo hoje. Alegra-me ler sobre ele. Sobre essas coisas tão peculiares que esse texto revela.
Abraço a você e outro pra Joaquim,
Claude
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