Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Irmã Maria Célia Esmeraldo - por Joaquim Pinheiro














Em recente viagem ao Crato tive a satisfação de rever a minha prima Maria Célia Esmeraldo Pinheiro, freira da congregação missionárias de Jesus Crucificado, irmã da Madre Esmeraldo, falecida em 2007 e filha do meu Tio e Padrinho José Pinheiro Gonçalves (Zé Pinheiro do Belmonte). Fazia alguns anos que não a encontrava e a satisfação foi enorme ao vê-la alegre como sempre, vendendo saúde e com aparência de 60 anos apesar dos 80 bem vividos. Os 55 anos a serviços dos menos favorecido certamente rendeu-lhe a tranqüilidade típica dos que cumpriram sua missão e colhem os frutos das sementes plantadas. No descontraído papo no terraço da casa de minha mãe, ela relatou episódios que a minha memória havia perdido. Segundo ela, no dia em que foi para o convento, meu padrinho ficou muito triste, chegando às lágrimas. Do alto da descontração dos meus quatro anos, me ofereci para dormir como padrinho para ele não chorar de saudade. O gesto sensibilizou meu padrinho e certamente contribuiu para que me presenteasse com o mais incrementado velocípede da época. Era grande, vermelho, importado e passou vários dias exposto e chamando a atenção da criançada logo na entrada da loja FC Pierre, na Santos Dumont. Era meu sonho de consumo. Pouco antes havia pedido para meu pai comprar. Pedido recusado com o argumento do preço alto, “mais caro que um boi”.

O veículo fez o maior sucesso com os primos e colegas da vizinhança. E eu fiquei tão vaidoso que “Seu” Diomedes foi chamado para registrar a pose.

Apesar do sucesso, nos primeiros dias provocou mal estar. Sentindo-me o legítimo dono, não permitia que ninguém andasse no veículo, situação essa contornada pela habilidade de minha mãe. Ela organizou fila com as oito crianças do meu tope e estabeleceu a regra do uso. Cada coleguinha daria uma volta completa no terraço, e eu, como era o dono, tinha direito a dose dupla. Convenceu-me que era vantajoso para mim.
Na semana seguinte, meu padrinho foi na nossa casa e fui convidado a demonstrar minha habilidade ao “volante”. Para me exibir, pedalei em alta velocidade esquecido que o terraço tinha fim e que no final havia dois batentes. Passei “voando”, me estatelando no chão, parando quase na calçada da rua. A visita terminou na emergência do hospital S. Francisco, com passagem posterior na clínica do Dr. Dalmir Peixoto, para raio X em um dos braços. Lembro que chorei muito, menos pelas escoriações e dores generalizadas, mas pelo temor de ter quebrado o estimado velocípede.

2 comentários:

Edilma disse...

Stela,

Que bela história da infância de Joaquim. Quando lemos algo assim passa imediatamente na nossa memória o filme da infância.
Adorei e quero mais...
Cadê as histórias de Bisaflor?
Estamos de férias e pedindo mais de Joaquim e voce...

Saudades e bejos!

Claude Bloc disse...

Stela,

Texto transparente a tão límpido que emociona a gente.

Joaquim desde cedo foi essa pessoa sensível e espetacular que permanece sendo hoje. Alegra-me ler sobre ele. Sobre essas coisas tão peculiares que esse texto revela.

Abraço a você e outro pra Joaquim,

Claude