Mesmo assim
- Claude Bloc -
Mesmo que a metáfora o afogue
Mesmo que o poema o sufoque
Não deixe a poesia ir embora...
Mesmo de olhos fechados
Mesmo de lábios cerrados
Deixe que os sonhos se acheguem
Deixe que a poesia navegue
No mar de suas queixas
Mesmo que o dia se apague
E que a noite chegue ao fim.
Deguste as alegrias
As saudades benfazejas
Das coisas simples de outrora
E mesmo que seja tarde
E o dia se for na noite
Repita tudo amanhã.
Viu?
Claude Bloc
6 comentários:
Caramba, heim, Claude. Você escreveu algo de me comover. Adorei seu poema. Ele por si só já é uma delícia de poema. "As saudades benfasejas das coisas simples de outrora" fazem parte dos meus fantasmas, porque ainda sou aquele garoto assustado com a cidade grande.
No Guardador de Rebanhos Pessoa escreveu:
Nas cidades as grandes casas fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar
para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.
Mas essa cidade grande fecha "a vista à chave", e o que sobra é uma baita feiúra, que dá ao tom das palavras um gosto amargo.
O seu poema só confirma a minha crença de que um poeta sempre escreve pra outro poeta. A poesia é um papo que não acaba nunca.
Abraços.
Chagas,
Muitos poemas me falam, de fato.
Outros me acalentam
Outros me espantam...
Gosto desse diálogo, desse brincar com as palavras. Dessa interlocução.
Mas seu texto me comoveu igualmente e merecia uma resposta.
Gostei do trecho de Pessoa para ilustrar seu ponto de vista... Ele é um dos meus gurus. Bebo seu pensamentos. Gostei e gosto!
O resto é pura empatia.
Abraço,
Claude
Oh coisa boa é ler esse povo por aqui.
Que venham mais poesias..
Claude e Chagas !
Eu quero é mais...
Menina Claude,
Sua poesia me tocou!!!!
Gostei principalmente do final:" E mesmo que seja tarde e o dia se for repita tudo amanhã"...
Começar de novo sempre!
Abraços: Liduina.
Claude,
Parabens!!!
Gostei muito da mensagem contida em seu poema.
Abraços
Aloísio
Edilma, Lidu e Aloísio,
Para todos nós acontece o mesmo, eu creio. Lemos um texto, um poema, e nos sentimos parte dele como se nosso momento se completasse em outro momento... e nossa idéia em outra ideia. Não é verdade?
Foi isso que ocorreu...
Abraço e obrigada pelo carinho e amizade.
Claude
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