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Estão paralisados, mas não há desespero,
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"

(Carlos Drummond de Andrade)

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sexta-feira, 8 de julho de 2011

Um livro sobre João Paulo II – por Armando Lopes Rafael




Li-o de um folêgo, como se costuma dizer. O livro (“João Paulo II, Peregrino da Esperança”, publicado pela Reader’s Digest) é formado por uma sequência de depoimentos de pessoas que conviveram sobre Karol Wojtyla – mais conhecido como Papa João Paulo II, recentemente beatificado.


Vejam uma parte do depoimento dado – em 2001 – pelo jornalista Lucjan Kydrynski: “Chegou-nos com pouco mais do que a roupa do corpo... Na altura, vivíamos na Rua Felicjanek, em Cracóvia. Tínhamos uma casa com três quartos num terceiro andar. Um quarto, o maior, era ocupado por umas senhoras alemãs que trabalhavam num escritório em Cracóvia. Nós ocupávamos os quartos restantes. Nós éramos eu, a minha mãe, irmã, irmão e, depois da morte do seu pai, Karol Wojtyla. Por alturas da véspera de Natal de 1940, Karol esteve na nossa casa a ver o meu pai.


Acabou por se mudar para nossa casa por alturas de Fevereiro de 1941. Ficou durante cerca de 18 meses. Karol possuía um pequenino canto para si – primeiro porque não havia muito espaço e depois porque tinha muito poucas coisas. Quando chegou lá a casa, possuía pouco mais do que a roupa do corpo. A ocupação alemã dava-nos poucas possibilidades de ter objetos pessoais. Para além disso, mesmo que ele tivesse querido trazer a sua mobília, não havia onde a pôr. Mas ele não era do tipo de possuir muita coisa. Mas trouxe-nos amizade, gentileza, alegria – e isso já era muitíssimo. (...)

Ou este testetemunho, dado pelo bispo polonês, Tadeusz Pieronek, quando Karol Wojtyla já era um jovem bispo. A ver: “Por que ficar preocupado? Ainda hoje lembro uma das expedições que fiz à Sicília com o arcebispo Wojtyla durante um intervalo nos debates do Concílio do Vaticano.
Era o primeiro dia de Novembro, o Dia de Todos os Santos. Fomos todos de comboio com o bispo Pietraszka, enquanto Wojtyla viajou sozinho. Visitámos muitas cidades, de Palermo a Catânia. Também subimos ao monte Etna de teleférico. A neve era espessa e caminhar era difícil. E, acima de tudo, era perigoso. Além disso, o tempo estava a acabar e aproximava--se a hora do avião para Roma.
Wojtyla não estava minimamente preocupado com tais assuntos. No caminho de volta, ele parou na encosta do Etna e começou a recitar o breviário. Aproximámo-nos, nervosos, e dissemos: «Por favor, arcebispo, o avião não espera, e está aqui a rezar.».
No entanto, ele não nos prestou atenção. Continuou a rezar.
Chegámos ao aeroporto 15 minutos depois do que era suposto. Mas acontece que o avião tinha esperado. O arcebispo de Catânia sabia que o arcebispo Wojtyla iria naquele voo e arranjou maneira de atrasar a partida. Entretanto, no aeroporto, Wojtyla aproximou-se de nós e disse com um sorriso: «Estão a ver? Está tudo bem. Por que ficar preocupado?”
E são muitos outros depoimentos – constantes no livro “João Paulo II, Peregrino da Espeança” – sobre a figura marcante do Papa. Uma pessoa mediática – significando que “vendia bem” na mídia, porque possuía uma noção do exato sentido de tempo e espaço. E talvez por isso mesmo, segundo o bispo Jan Chrapek: “João Paulo II teve a sensibilidade de saber que, apesar de tudo, os meios de comunicação não podem substituir o encontro do homem com outros homens, o encontro do homem com a natureza e, com certeza, não pode mediar o enconto do homem com Deus, em que o único mediador só pode ser outro homem, ainda mais quando esse homem é o Papa”.

4 comentários:

Claude Bloc disse...

Armando,

Fiquei encantada com a leitura desses trechinho, imagina como será a obra inteira recheada com a maneira especial deJoão Paulo II ser.

Vou procurar o livro.

Ótima indicação de leitura.

Abraço,

Claude

Edilma disse...

Armando,

Faço minhas as considerações de Claude.
Exelente postagem!
Parabéns!

Armando Rafael disse...

Claude:

Existem livros que renovam nossa esperança na humanidade.
Neste, ficamos sabendo que João Paulo II – humilde, de grande simplicidade e dotado de profunda compreensão do ser humano – foi autêntico em tudo que a vida lhe proporcionou , em meio a guerra, perseguição política e atuação as mais diversas, como ator de teatro, padre, professor, escritor e, sobretudo, como o mais popular Papa da história da Igreja.

Armando

Armando Rafael disse...

Edilma:

A exemplo de Claude, você também é comedida nos comentários. Por isso o elogio de ambas me deixou feliz.

Armando