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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Histórias do Brasil Real, Brasil verdadeiro -- I

Nhá Chica, a mãe dos pobres

Imagine uma pacata cidade no interior de Minas Gerais onde uma casinha simples se destaca, apesar de muito pobre, pela grande quantidade de pessoas que dela entram e saem a todo o instante, ali se misturando ricos e pobres, doutores e até mesmo conselheiros do Imperador.

Um transeunte certamente se questionaria: “O que há de tão especial naquele local? O que atrai tanta gente?”  Ali vivia uma respeitável senhora, Francisca de Paula de Jesus, conhecida carinhosamente como “Nhá Chica”. Era analfabeta, mas possuidora de sabedoria e virtude surpreendentes. Filha de escrava, Francisca nasceu em 1808, num pequeno povoado do município de São João Del Rei. Ainda criança, mudou-se para a cidade de Baependi, próxima a Caxambu, onde aos 10 anos de idade ficou órfã.


Seguindo o conselho que sua genitora lhe dera no leito de morte, tomou Nossa Senhora da Conceição por mãe adotiva, confiando-se inteiramente à sua proteção.

A juventude de Francisca transcorreu-se na solidão, com todo o tempo livre dedicado à oração e à prática da caridade. Apesar de alta, morena e bonita, e de ter recebido várias propostas de casamento, permaneceu solteira, afirmando que queria dedicar-se inteiramente à fé e ao serviço dos irmãos.
Dava e recebia esmolas, tratando as pessoas com bondade e respeito. Por isso, em pouco tempo, ficou conhecida como “a mãe dos pobres”. Àqueles que a questionavam sobre a origem de sua reconhecida sabedoria, Nhá Chica respondia com serenidade: “É porque eu rezo com fé. Eu rezo e peço a Nossa Senhora, que me ouve e me responde”.

Ninguém ia embora de sua humilde morada sem receber uma esmola, uma promessa de oração ou ao menos um conselho, conforme a necessidade. Mas a vocação visível de Nhá Chica é que consumiu grande parte de sua existência terrena: atender “um pedido da Virgem” de construir uma capela em honra a Nossa Senhora da Conceição. Como era pobre, para realizar seu intento, percorria a vizinhança pedindo auxílio para as obras. A notícia espalhou-se e, aos poucos, as esmolas foram chegando de todas as partes.

Após muito esforço, alcançou seu objetivo e a pequenina mas vistosa capela tornou-se um lugar de peregrinação, onde os fiéis habitualmente se reuniam para rezar e celebrar o dia da Imaculada Conceição. Sem demora, o povo passou a chamá-la de “Igrejinha de Nhá Chica”.
Com a missão realizada, no dia 14 de junho de 1895, aos 87 anos de idade, Nhá Chica entregou sua alma ao Senhor. Seu velório estendeu-se por 4 dias, pois a multidão que se comprimia ao redor do corpo sentia dele exalar um agradável perfume de rosas.

Esse mesmo fenômeno repetiu-se, mais de 100 anos depois, por ocasião da exumação do corpo, em 18 de junho de 1998, na presença das autoridades eclesiásticas que se empenhavam em sua causa de beatificação. Ainda em vida, Nhá Chica era conhecida pelo povo como a “Santa de Baependi”. Em 1991 foi declarada Serva de Deus e, recentemente, em 14 de janeiro de 2011, o Papa Bento XVI assinou o decreto de reconhecimento de suas virtudes heróicas conferindo-lhe o título de Venerável.
nça das autoridades eclesiásticas que se empenhavam em sua causa de beatificação. Ainda em vida, Nhá Chica era conhecida pelo povo como a “Santa de Baependi”. Em 1991 foi declarada Serva de Deus e, recentemente, em 14 de janeiro de 2011, o Papa Bento XVI assinou o decreto de reconhecimento de suas virtudes heróicas conferindo-lhe o título de Venerável.
                                                                                                                                              

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