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(Carlos Drummond de Andrade)

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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Agostino Balmes Odísio, um civilizador no Cariri -- por Armando Lopes Rafael

(2ª Parte)

A arte de Agostino
  
Pois foi neste cenário que Agostino construiu monumentos, reformou as igrejas, fez plantas modernas e estéticas para construções, fabricou e introduziu artísticos mosaicos de pisos, muitos, ainda hoje, embelezando os templos e residências do Sul do Ceará. Ele foi também pioneiro na introdução do marmorite no Cariri.

Em Crato, esse italiano foi autor de importantes projetos, como o Palácio Episcopal (foto ao lado, no aspecto atual com a escultura do Bom Pastor dominando a fachada do prédio) ; busto de Dom Quintino, na Praça da Sé; o altar-mor e o altar da capela do Sagrado Coração de Jesus da Catedral; gruta de Nossa Senhora de Lourdes e estátua de São Geraldo, no Colégio Santa Teresa de Jesus; altar-mor da capela do Seminário Diocesano São José, dentre outros.

    Em Juazeiro do Norte, ele trabalhou na reforma da Igreja-Matriz de Nossa Senhora das Dores (hoje Santuário Diocesano e Basílica Menor) onde projetou altares e esculpiu estátuas, medalhões e painéis, a maioria até hoje conservados naquele templo, um dos mais visitados do Nordeste brasileiro.

   Na sua arte, Agostino Balmes Odísio utilizava o estilo “Art Déco”, movimento das artes decorativas cultivado pela sociedade de massa que influenciou as artes plásticas e arquitetura. A “Art Déco” surgiu na década vinte do século XX e ganhou força nos anos 30, na Europa e Américas. O estilo arquitetônico mistura os princípios do cubismo como elementos clássicos. Edifícios, esculturas, joias, luminárias e móveis são geometrizados. Sem perder o requinte, os objetos adquirem decoração moderna. A “Art Déco” chegou ao Brasil em 1929, com a construção do edifício A Noite, em Copacabana, na Zona Sul carioca. Algumas obras feitas nesse estilo: o monumento do Cristo Redentor e a Estação Central do Brasil, no Rio de Janeiro; o Elevador Lacerda, em Salvador, e o Viaduto do Chá, em São Paulo.

Traços biográficos

   Nascido em 1881, em Turim, Norte da Itália, Agostinho Odísio formou-se pela Escola de Belas Artes daquela cidade. Na infância, foi aluno da Escola Profissional Domingos Sávio, mantida por São João Bosco. Uma curiosidade: Agostinho assistiu – com sete anos de idade – ao enterro de Dom Bosco, falecido em 31 de janeiro de 1888. Em 1912, ele esculpiu um busto do Rei da Itália, Vito Emanuel II, conquistando o 1º lugar numa disputa por uma bolsa de estudo em Paris. Na capital francesa, foi discípulo de August Rodin, considerado, ainda hoje, o maior escultor contemporâneo. Em 1913, com 32 anos de idade, Agostinho Odísio resolveu emigrar para a Argentina, onde residia um irmão seu. Entretanto, por motivos ignorados, desembarcou no Porto de Santos, em São Paulo. De lá seguiu para Minas Gerais, onde conheceu Dosolina Frateschi (filha de italianos) por quem se apaixonou e casou, decidindo ficar no Brasil.

   Durante 20 anos, produziu dezenas de obras de arte nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Em 1934, devido a problemas de saúde, foi aconselhado a residir no Nordeste, por causa do clima quente da região. Por acaso, leu na imprensa sobre a morte do Padre Cícero, e, vislumbrando oportunidade de negócios – por conta da religiosidade da população daquela cidade – veio para Juazeiro do Norte, onde residiu até 1940. Transferiu-se, em seguida, para a capital cearense, onde veio a falecer, em 1948, deixando para a posteridade diversos trabalhos que imortalizam seu nome, em mais de trinta cidades do Ceará, dentre as quais: Fortaleza, Crato, Juazeiro do Norte, Lavras da Mangabeira, Missão Velha, Barbalha, Viçosa do Ceará, Acaraú, Sobral, Baturité, Ubajara, Canindé, Bela Cruz, Quixadá, Senador Pompeu, Várzea Alegre, Iguatu, Granja e Guaramiranga.

   Não padece dúvida de que, na sua passagem pelo Sul do Ceará, Agostinho Balmes Odisio desempenhou o papel de um civilizador, nesta vasta área do interior nordestino.

(Texto, foto e postagem de Armando Lopes Rafael)

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