Minhas incursões pelas escolas de Crato seguem uma trajetória peculiar. Pequena ainda, quando meus pais acharam que eu devia aprender a ler e a conhecer o mundo da matemática, eu ainda morava em Serra Verde. Papai, então, para manter-me estudando na fazenda, contratou Dona Raimunda Cassimiro, das bandas de Várzea Alegre, para, morando conosco na casa-sede, abrir para mim as cortinas do mundo encantado das letras, o mundo dos primeiros símbolos e sinais gráficos. Fui uma aluna compenetrada desde o princípio. Dona Raimunda Cassimiro ficou conosco por dois anos até vir de Crato Dona Francisquinha Leite, que morava perto da casa de Dona Telma. Fiz com ela até o equivalente à 2ª série.
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Certa tarde, Dominique (minha irmã) teve uma crise aguda de apendicite. Tivemos, ela, Mamãe e eu, que ir ao Crato às pressas, pelo caminho mais longo, (que era a estrada que levava ao Crato por cima as Serra de São Pedro - hoje Caririaçu), visto que o Rio dos Carais não estava dando passagem devido às chuvas (não havia ainda a ponte). Chegando, então, ao Crato papai decidiu alugar uma casa na rua Leandro Bezerra, e me pôs a estudar no Pio X que funcionava na rua Nelson Alencar, de frente para a lateral do Colégio Diocesano.De acordo com minhas parcas lembranças, quase vizinho à casa de Vieirinha, nosso querido Professor. Depois, o Pio X se estendeu até o Instituto S. Vicente de Paula e cursei nesse estabelecimento a 3ª e a 4ª séries (com reforço de Juraci Batista).
Foi nessa época que meus pais decidiram ir à França a fim de visitar nossos familiares. Fomos no mês de junho, interrompendo a minha 4ª série. Chegando em Arès (França), fui estudar numa escola de freiras, amigas de minha avó. Não tive dificuldades em aprender aquelas coisas todas, apesar do “fator língua”. Passamos um ano por lá, até Bertrand (que nasceu nesse tempo) completar 3 meses e poder suportar uma viagem de navio através do Atlântico. A viagem se deu num cargueiro-misto e passava-se 11 dias "singrando os mares", com uma única parada nas Ilhas Canárias e depois, finalmente, em Recife. .
Chegando novamente ao Crato, fui estudar no Instituto São Vicente Férrer. Eram turmas pequenas orientadas por Dona Anilda e Dona Alda Arrais, tendo Dona Lúcia Madeira (que a gente apelidava de outro nome) como professora. Lembro-me que foi esta a primeira vez que consegui na escola o primeiro lugar. Meus colegas nessa época foram: Tutu e Lúcia Maia, Maria Edite, João Eudes, Fernando Arrais (que se foi tão cedo) e Jefferson Jr.
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A seguir, fui fazer o famigerado Exame de Admissão no Diocesano para voltar a estudar no Pio X. A esta altura, as Irmãs do Silêncio ganharam um terreno na saída do Crato e o então o Ginásio Pio X mudou-se para lá. Fiquei estudando no Pio X até terminar a 3ª série ginasial. O Pio X, porém, situava-se no extremo oposto do Crato em relação ao Pimenta e ficava difícil meu acesso de ida na combi e de volta no ônibus. Não me pegavam nem me deixavam em casa. Com isso, papai achou por bem escolher uma escola mais perto de casa. Foi aí que decidiu com Seu Pedro Libório pedir a Madre Feitosa que acolhesse suas filhas (Darci e eu) para cursar a 4ª série ginasial, no Madre Ana Couto.
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Foi exatamente nesse ano, que aos 14 anos, começou minha “missão de professora”. Eu era dispensada de OSPB (com Hamilton Lima Barros) para dar aulas na 1ª série Ginasial. Tinha eu maturidade para isto? Não sei, mas enfrentei o desafio imitando meus mestres. No mesmo período, Dr. José Newton Alves de Sousa, me havia convidado para dar aulas na 4ª ginasial do D. Bosco, na turma de Ana Elisa Nogueira. Lembro-me de ser uma turma inquieta, mas creio ter conseguido passar o recado.
O Científico, fiz no Diocesano. Da mesma forma que no Madre Ana Couto, papai e Seu Pedro Libório foram dialogar com Monsenhor Montenegro para convencê-lo a aceitar a primeira turma mista do Colégio. Outros pais aderiram e se formou uma boa turma. Havia, sim, as “presepadas” que ficavam sobretudo a cargo de João Roberto de Pinho (falecido) e de Tutu Maia, mas não resta dúvida de que havia empenho por parte da maioria . Talvez não me lembre de todos os nomes dos colegas no momento, mas alguns posso citar com certeza: Maria Lúcia Maia, Marliete, Gracinha Pimentel, Darci Libório, Eros Volúsia, Helena Lutércia, Waldemarzinho (irmão de Nágela). Henrique e Zé Maria (das Pernambucanas), Zeta (Zé Abagaro), Antonio Gomes da Costa, Paião (apelido), Tutu, João Roberto, havia também outra Gracinha, enfim, uma turma de peso e medida. Fizemos juntos o 1º e o 2º anos do Científico.
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Tivemos ótimos mestres: Ivone Pequeno, Pe. David, Prof. Magalhaães, Monsenhor Montenegro, Alzir, Hermógenes, etc etc etc. No primeiro ano tirei novamente o 1º lugar, feito comemorado no auditório do Diocesano. Papai foi assistir todo orgulhoso à entrega de alguns livros que me foi feita pelas mãos de Monsenhor Montenegro. O que achei mais interessante foi ser indagada por João Roberto sobre meus métodos de estudo para conseguir aquele primeiro lugar. Respondi-lhe simplesmente e brincando: “apaixone-se por um(a) professor(a) !!!”
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Assim, foi. No 3º ano-cursinho fui pra Fortaleza estudar no então Colégio Castelo migrando de um curso para outro até ficar com Letras, meu amor definitivo.
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Texto de Claude Bloc (a pedido de Socorro Moreira)
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Um comentário:
Espetacular !
Abraços.
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