Criadores & Criaturas



"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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domingo, 2 de agosto de 2009

Revival: um flash do Festival

Marigébio Lucena (Novo), George Lucetti e osvaldo Rafael (Tobinha)
O palco era a Quadra Bicentenária, no Parque Municipal. Um pequeno quarteirão da bicentenária cidade do Crato, mas também um espaço de comprovado valor histórico e afetivo. Em frente, a quase cinquentona Sociedade de Cultura Artística do Crato, que na década de 1970 inaugurou o Teatro Rachel de Queiroz. Na ocasião, foi encenada, pelo lendário Grupo Teatral de Amadores Cratenses (GRUTAC), a peça “A raposa e as uvas”, de Guilherme Figueiredo. Nessa peça, atuaram José Correia e Eloi Teles de Morais, nomes que para qualquer cratense dispensam-se comentários. O poeta Geraldo Urano, autor das apresentações mais vanguardistas (verdadeiros happenings) dos festivais, morava ao lado. A quadra ficava no centro geodésico entre o Bar do Alagoano, na Praça da Sé, e a Boate Arapuca, no vetusto Crato Tênis Clube, bairro do Pimenta. Um ponto simbolicamente eqüidistante entre tradição e o novo, o costume e o modismo.

Os primeiros festivais, ouvi pelo rádio, transmitidos pela Rádio Educadora do Cariri. Sempre pegava no sono antes do anúncio das músicas classificadas para a grande noite final, sempre num domingo de outubro. Torcia pelo grupo do meu irmão Tobinha (Osvaldo). Primeiramente chamado de Cia. Ltda., e depois de Gitirana, devido a música que emplacou o segundo lugar no festival de 1972. Não conhecia e não tinha lá simpatias por Luiz Carlos Salatiel e Abdoral Jamacaru - verdadeiros papa-festivais, deixando o Gitirana em posições secundárias.


Na primeira vez que fui ver o festival ao vivo, acho que em 1975 (tinha 9 anos), assisti a apresentação do grupo de Geraldo Urano, do qual participava as feras Cleivan Paiva, no violão, e Demontiê Dellamone na bateria. Geraldo passou todo o tempo da apresentação sentado na beira do palco, lendo um gibi e tomando coca-cola. No final, saiu dançando por toda a extensão da quadra, sob o frenético frevo executado pela banda. Aquilo mexeu comigo e abriu definitivamente minha cabeça para a arte.

5 comentários:

socorro moreira disse...

Eu perdi os fesivais.
Assisti agora .Você sabe contar a história !

Carlos Rafael Dias disse...

Bom domingo, amiga!

chagas disse...

Assisti à apresentação em que Pachely Jamacaru (se eu não estiver tão equivocado) ganhou o festival com uma música que dizia: "Não haverá mais um dia /não deixemos pra depois / o filho do homem pássaro invadirá o coração dessa cidade [...] nos dias de hoje".
Nunca esqueci esse trecho. Se puder, confirma um dia com ele se é um trecho de uma música dele, porque tantos anos depois, a memória pode vacilar.

Carlos Rafael Dias disse...

Isso. Mas, acho que a letra certa e´:

"Não haverá mais um dia
Não deixemos pra depois
O tiro do homem no pássaro
Fere o coração de toda cidade

"Amiga, que loucura nos dias de hoje..."

Foi o último0 festival da canção do cariri, em 1978...

José do Vale Pinheiro Feitosa disse...

Carlos,

Juro que estou presente quase todos os dias com vocês do Cariri como uma espécie de paga pela minha ausência. Pode ser um azar para vocês, já poderiam ter ficado livres deste "espectro" ausente mas a presença continua sendo o mais descupável dos transtornos. Pois aproveito para dizer o que me ocorreu: em fevereiro de 1968 peguei um trem para Fortaleza, um mês depois já estava fazendo parte das reuniões políticas nos movimentos famosos daquele ano. Estudava para o vestibular com afinco e já fazia parte do ambiente educacional da cidade. No ano seguinte já era universitário, com um salto intelectual, especialmente pela militância entre artistas, lideranças, no ambiente do futuro do Estado. Em 70 resolvi estudar economia também, queria ser um marxista de base. Enfim o Crato esfumaçou-se, ainda mais por um acidente, um irmão (primo) morreu e os demais foram embora para Recife. Em outras palavras nada conheci dos Festivais do Crato. Anos depois até encontrei o Marigébio, já médico e dirigindo um hospital do Minisério. Mas os festivais só agora, convivendo com esta geração. O passado não serve para soterrar o presente, pelo contrário, ele serve para dar mais vida ao presente e dizer aos jovens que não se deixem levar por um dia após o outro. Mesmo que sejam nossos filhos e netos, que se arrisquem. É a nossa lição.