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"Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
"

(Carlos Drummond de Andrade)

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... Por do Sol em Serra Verde ...
Colaboração:Claude Bloc


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sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Rua Dr. João Pessoa - Anos 60 - Por: Socorro Moreira


( A rua da família de Dona Benigna)

De volta ao passado. Rua acima, rua abaixo.
Estou pisando nos ladrilhos da Dr. João Pessoa, da casa de Dona Benigna até a Praça Siqueira Campos, justo de onde, das trocas de olhares entre os brotos, nasciam grandes amores.
A casa permanece do mesmo jeito: jardim encantando um santuário. A casa das cinco mulheres: Dona Benigna, Dona Anilda, Dona Alda ,Dona Almina, e uma ruma de meninos (os filhos de Dona Almina), sem contar com toda a turma dos primos. Boas energias, boas prosas, bons cuidados. Muro com muro, morava Dona Laís. Mais uma das Arraes.Era bela , cabelos negros, pele clara, olhos cor de esmeralda, mãe de Everardo Norões (notável escritor), "Donaciano" e Fernando.

Depois, a casa da Dra. Josefina. Um casarão sombrio. Meus olhos lá nunca penetravam. Parecia-me que as luzes estavam sempre apagadas. Ela tinha uma personalidade que me intrigava- uma médica, nos anos 60 era coisa rara !

Lado oposto morava, numa casa minúscula, eu e a minha família. Dormíamos uns em cima dos outros, no aperto de todos os sentidos. Dias de chuva, a casa ficava inundada. Boiavam os nossos utensílios( domésticos e pessoais) . Eles sabiam nadar, gozar o prazer de um banho de chuva. Meu pai adormecido, nos seus sonhos de boêmio, conseguia nos lembrar:" cuidado com o meu sapato de cromo alemão!". Enquanto isso as mulheres adultas ficavam puxando e enxugando as águas.

Parede com parede, Dona Irismar e Seu Antonio; Seu Luiz (enfermeiro) e Dona Albertina. Dona Zeneuda (prima de Dr. Aníbal e Letícia Figueiredo) tinha quatro filhas: Antonieta (a mais bela), Elisabete, Ermira e Elisa. Vida de viúva , modesta, parcimoniosa, mas feliz!

Na esquina, a pensão Hermes. Janelas e portas abertas. Mesas bem forradas ervas azeitadas, viajantes, forasteiros, e o cheirinho dos temperos.

Praça Juarez Távora, Escola Técnica de Comércio, sob a direção do professor Pedro Felício Cavalcante. Movimento constante. Quem não podia estudar no Colégio Diocesano ou no Santa Teresa, formava-se lá. E naquela Instituição, muita gente se instruiu, e conquistou seu lugar-berço natural da Faculdade de Economia do Crato.

Até chegar na Praça Siqueira Campos, a gente tinha que pisar na calçada de Dr. Meudo, casa de Dr. Aníbal, Seu Eunício Dantas, Armazém Recife, Alfaiataria de "Rivadave", consultório de Dr. Derval Peixoto, sobrado de Joaquim Patrício ou seria de Antonio Luiz? Armarinho dos Vilar, Casas São José (ainda permanente na venda de chapéus); em frente à Azteca de seu Modesto a Livraria de Seu Ramiro Maia(Ronald no atendimento), e meu olhar a cobiçar livros, notadamente, os Romances; Tipografia Cariri de Seu Raimundo Maia e Dona Conceição: Casa Vênus, Casa Abraão, Casa Alencar, Livraria Católica de José do Vale e Vieirinha... (aposto que viviam por lá Do Vale e Zé Flávio, que ainda eram meninos); Ernani Silva, "Sal Míneo", Anísio Calçados, e O Grande Hotel.

Lado oposto, a partir da Pça S.Vicente, eu lembro da relojoaria Nonato, Casa do Pintor, Ótica aonde Sofia (irmã de Maildes Siqueira) trabalhava; Tércio Vidraçaria (ainda no mesmo lugar, e do mesmo jeito...!). A Babilônia de Wilson, sobrinho de Cícero Coló, Casas Pernambucanas, Banco Caixeiral de Seu Pedro, Augusto Gonçalves (meu padrinho de batismo), Ésio Braga... Na memória, ainda trabalham por lá; A Cratense de Seu Euclides Lima Barros e Dona Neném; Juvêncio Mariano, Loja Azteca, que calçava a nossa elegância; Thomaz Osterne de Alencar, e a praça!

A praça, a Frigidaire, Bantim e o Cassino. Essa rua era o nosso Shopping, nosso passeio público, nossa vitrine, nossas luzes de néon, nosso caminho!

* Não confiem plenamente, na memória de uma menina. A intenção é atiçar lembranças, e torná-las mais completas. Acrescentem. Cada nome citado merece um conto!

.

9 comentários:

Claude Bloc disse...

Kd a Azteca?

Nilo Sergio Monteiro disse...

Socorro, não venha enaltecer minha memória quando vc descreve dessa ameira o cotidiano, fatos e pessoas. Esqueceu a casa Azteca...lembra Claude atenta!
bjo

socorro moreira disse...

Esqueci a loja qu possuía a única vitrine da rua. Ponto de entrar e checar a imagem , nos espelhos.
Agora, diga-me, quem vivia na varanda de Ernani Silva, olhando o movimento da rua ?

Anônimo disse...

Socorro,

Com essas suas lembranças da rua D.João pessoa, recordei os momentos maravilhosos da minha infância. Lembra que pulávamos corda jogávamos macaca, birro e muitas outras brincadeiras? Era você, eu, Ermira, Elisa, Beta (as filhas de Zeneuda) Antonieta era mais velha não participava das nossas brincadeiras. Tenho um carinho especial por essa rua, pois além de ter nascido no casarão da Rua João Pessoa, morei lá até os meus treze anos.

Abraços

Maria Amélia Castro disse...

Socorro,

Que maravilha seu passeio pela Dr. João Pessoa,tinha a casa das Zabulo, tres irmas a casa , vizinha de Dr Meudo e a residencia de D. Nene e Sr. João Felipe.

Camila Arraes disse...

`Socorro, agora fiquei curiosa... Quem vivia na loja de Ernani Silva olhando o movimento da rua? Este homem deixou em mim saudades e inúmeras lembranças. Beijo grande Camila Arraes

Camila Arraes disse...

Socorro, só agora conseguí finalizar um comentário. Estou feliz por poder agora compartilhar os sentimentos que seus escritos me causam. Liguei para vc um dia antes do seu aniversário sem saber das belas comemorações, talvez, inconscientemente, minha alma desejou/precisou abraçar a tua. Te desejo em dobro toda emoção e contentamento que nos transmites diariamente. BJ GRANDE CAMILA ARRAES.

socorro moreira disse...

Camila querida,

O Crato era amante do seu avô.
Quem vivia na varanda de Ernani Silva era o nosso amigo Nilo Sérgio . ( risos)
Fiqui muito fliz com a sua ligação , viu ?
Já te adotei , no meu coração.

Beijo, e fique perto da gente. Invente a sua alegria . Comente, critique, sugira, aqui é tudo free.

A Claude já havia m falado de você. Agora posso dizer , como ela, o quanto você é doce.

socorro moreira disse...

Ninguém como Magali faz parte da minha infância e adolescência.
Magali é a minha amiga de infância!
Mélia é a amiga da minha irmã Zélia.
Somos todos amigos entre si. Isso é tribal, minha gente !
Como diria o Nilo isso é o açúcar do Cratim !


Abraços a todos. Amo vocês !