Este pequeno conto foi escrito para dois sobrinhos em plena infância. Mas dada certas características de "meninos" e "meninas" cada qual se concentrando numa das terminações da palavra Cariri em seus endereços, achei por bem torná-la conhecida destes leitores.
Crato e Bia são dois discípulos do Deus Vulcano. O Deus que fabrica os objetos de metais do Olimpo. Elmos, espadas, escudos, ferraduras, lanças e pontas de flechas. Pratos, bacias, espelhos, colheres, facas e garfos. O Deus que mora embaixo da terra, usando os vulcões como a sua forja, necessita de dois poderes fundamentais para o seu ofício. A força para moldar os metais e a violência para lhe emprestar o dom de sua finalidade.
Crato é a força. A qualidade de quem é forte, possui o dom do vigor físico. O principal dom que possuía o herói mitológico Hércules ou o personagem da bíblia, chamado Sansão. Aquilo que tem o dom da influência, o que tem o poder para determinar alguma coisa. Que impõe autoridade, tem a capacidade de causar uma vigorosa impressão no outro.
Bia é a violência. Que pode ser a impetuosidade com que movimenta as coisas, transporta os objetos de um lado para outro, como fazem os ventos fortes. O ardor com que queima as coisas, qual o fulgor com que o sol demonstra a todos, tão logo nasce no horizonte. A intensidade com que transforma as coisas sob o ângulo de sua ação.
Crato é a concentração da energia num determinado ponto do espaço, enquanto Bia é a dispersão dos elementos no cenário em que se movem. Quando Bia voa, Crato aterrissa. Se este aponta para um local, Bia segue a rosa dos ventos. Ela ascende em espiral e ele migra direto feito uma seta. Bia se multiplica e Crato se reduz à unidade.
Complementares quando nos objetivos de Vulcano, diferenciados se em natureza de si próprios. Crato realiza um trabalho contínuo, mas Bia brinca sem compromissos com mais nada, a não ser a vontade de movimentar as coisas. Diferentes, mas inseparáveis, quando dizes Crato, ao lado Bia está.
Bia tem muitos brinquedos, mas sempre busca novidades nos pertences de Crato. Ele não gosta e demonstra o quanto se sente contrariado com aquela invasão dos seus domínios. Bia, só por pirraça, sai correndo, levando pela mão, pequeno objeto o qual é mais querido de Crato. Bia rodopia pela sala, entra e sai dos quartos, vira pela cozinha, com Crato ao seu encalço e larga o objeto para distrai-lo. Ele pára e apanha o objeto, ela vai para sala e, rindo, desafia a raiva de Crato.
Crato sai resmungando e vai se concentrar na leitura de um livro do Monteiro Lobato. Bia continua se movimentando ao longo do apartamento, pede alguma coisa para Jô, atende o telefone como se fosse para ela, vai andando e termina por se aproximar de Crato. Tão logo ela, cantando uma música do Sítio do Pica Pau Amarelo, se senta ao seu lado, Crato esbarra nela e Bia cai.
Pronto outro movimento de Bia, chorando a prantos largos, chamando a atenção dos adultos a sua volta, provoca a ira reclamatória de todos contra Crato. Ele por ser a força sente-se culpado do ato praticado e desconfiado, sem ter como se defender, concentra-se ainda mais na leitura. É o que Bia queria para mais uma vez movimentar o dia.
Bia logo se esquece do choro exagerado e vai, com seu ar de vítima beber um copo de leite morno com chocolate que Jô procura lhe oferecer em sinal de apaziguamento. Engano de Jô. Logo Bia estará reclamando do leite, da barriga doendo, da vontade de vomitar, tudo isso com cara de amargura. Jô sente-se contrariada na sua ação e ameaça telefonar para a mãe de Bia com a finalidade desta lhe ordenar o que fazer. Bia sai resmungando na direção da porta da cozinha e vai para a varanda do apartamento examinar o tempo lá fora em seu movimento.
Foi para a varanda, pois logo estará novamente pegando, com uma conversa de quem não quer nada, os brinquedos de Crato.
Crato e Bia são dois discípulos do Deus Vulcano. O Deus que fabrica os objetos de metais do Olimpo. Elmos, espadas, escudos, ferraduras, lanças e pontas de flechas. Pratos, bacias, espelhos, colheres, facas e garfos. O Deus que mora embaixo da terra, usando os vulcões como a sua forja, necessita de dois poderes fundamentais para o seu ofício. A força para moldar os metais e a violência para lhe emprestar o dom de sua finalidade.
Crato é a força. A qualidade de quem é forte, possui o dom do vigor físico. O principal dom que possuía o herói mitológico Hércules ou o personagem da bíblia, chamado Sansão. Aquilo que tem o dom da influência, o que tem o poder para determinar alguma coisa. Que impõe autoridade, tem a capacidade de causar uma vigorosa impressão no outro.
Bia é a violência. Que pode ser a impetuosidade com que movimenta as coisas, transporta os objetos de um lado para outro, como fazem os ventos fortes. O ardor com que queima as coisas, qual o fulgor com que o sol demonstra a todos, tão logo nasce no horizonte. A intensidade com que transforma as coisas sob o ângulo de sua ação.
Crato é a concentração da energia num determinado ponto do espaço, enquanto Bia é a dispersão dos elementos no cenário em que se movem. Quando Bia voa, Crato aterrissa. Se este aponta para um local, Bia segue a rosa dos ventos. Ela ascende em espiral e ele migra direto feito uma seta. Bia se multiplica e Crato se reduz à unidade.
Complementares quando nos objetivos de Vulcano, diferenciados se em natureza de si próprios. Crato realiza um trabalho contínuo, mas Bia brinca sem compromissos com mais nada, a não ser a vontade de movimentar as coisas. Diferentes, mas inseparáveis, quando dizes Crato, ao lado Bia está.
Bia tem muitos brinquedos, mas sempre busca novidades nos pertences de Crato. Ele não gosta e demonstra o quanto se sente contrariado com aquela invasão dos seus domínios. Bia, só por pirraça, sai correndo, levando pela mão, pequeno objeto o qual é mais querido de Crato. Bia rodopia pela sala, entra e sai dos quartos, vira pela cozinha, com Crato ao seu encalço e larga o objeto para distrai-lo. Ele pára e apanha o objeto, ela vai para sala e, rindo, desafia a raiva de Crato.
Crato sai resmungando e vai se concentrar na leitura de um livro do Monteiro Lobato. Bia continua se movimentando ao longo do apartamento, pede alguma coisa para Jô, atende o telefone como se fosse para ela, vai andando e termina por se aproximar de Crato. Tão logo ela, cantando uma música do Sítio do Pica Pau Amarelo, se senta ao seu lado, Crato esbarra nela e Bia cai.
Pronto outro movimento de Bia, chorando a prantos largos, chamando a atenção dos adultos a sua volta, provoca a ira reclamatória de todos contra Crato. Ele por ser a força sente-se culpado do ato praticado e desconfiado, sem ter como se defender, concentra-se ainda mais na leitura. É o que Bia queria para mais uma vez movimentar o dia.
Bia logo se esquece do choro exagerado e vai, com seu ar de vítima beber um copo de leite morno com chocolate que Jô procura lhe oferecer em sinal de apaziguamento. Engano de Jô. Logo Bia estará reclamando do leite, da barriga doendo, da vontade de vomitar, tudo isso com cara de amargura. Jô sente-se contrariada na sua ação e ameaça telefonar para a mãe de Bia com a finalidade desta lhe ordenar o que fazer. Bia sai resmungando na direção da porta da cozinha e vai para a varanda do apartamento examinar o tempo lá fora em seu movimento.
Foi para a varanda, pois logo estará novamente pegando, com uma conversa de quem não quer nada, os brinquedos de Crato.
4 comentários:
Pirraça. Palavra chave do conto. O cenário se desloca da infância , e mostra o percurso contínuo. As trilhas de Vulcão não quebram , o trem ainda apita, os vagões estão lotados pelo Mambembe , trupe, tripulação ...2009 odisséia cratense.
Barbalha e Leo também se movimentam. Aposto que são colegas de escola do Crato e da Bia. Crianças são repetitivas. Os humanos, se repetem. Custa ser diferente? Parece que a genética nem se diferencia. Porisso acredito em astrologia. Barbalha é de Vênus;Leo é ariano.
Importa é que a vida tá rolando. Uma comunicação truncada , mas cada um sabe onde a tecla aperta. Qualquer coisa é só deletar o leite morno com canela. E Bia vai dormir , no mingau de aveia. Crato já pediu uma piza por telefone, com adiantamento da mesada.
Deixando essa confusão pra lá... Vem cá?!
A noite é serena. A calçada não espera nada do interior da terra. Ela levanta as vistas pro céu, e canta um bolero. Fecha depois os olhos , fica pingada de lua, e adormece, pra traquinar , nos brinquedos quebrados, e nos sonhos emendados.
José do Vale,
Fiquei presa na simbologia.
Sentei-me ao lado de Bia. Dei-lhe bronca.
Puxei a orelha de Crato e falei-lhe baixinho: "Liga não, Bia só quer brincar com você, por isso tá fazendo fita..."
Daí ela pegou a fita que fez, pôs no cabelo e saiu, dançando, pulando rodopiando...
Abraço,
Claude
Considerando que Vulcano não existe, as inquietações mercurianas são solitárias.
O cruzeiro é antigo.A viagem é segura.Não existe a tempestade em copo d'água. Existe é um mar profundo...Mergulhar pra perder o medo é uma !
Socorro e Claude,
Vocês conhecem bem a matéria. Nem sempre há um começo claro para um texto. Pelo menos no nível motor da digitação e do pensamento imediato. As coisas se juntam e se encaixam de tal modo que pareciam prontas. Aliás já estavam: os sobrinhos eram reais e eu bem conhecia esta rivalidade entre irmãos, especialmente no campo do gênero. Acontece que ao tentar entender a origem da palavra Crato, não bem a suposta corruptela de Curato, mas a originária palavra da cidade Portuguêsa, certamente não a estudei em profundidade, mas encontrei este semi-deus grego chamado Crato. Foi uma bela surpresa e ao estudar vis-a-vis o outro semi-deus, até pelo nome sugestivamente feminino, encontrei o eixo, a minha sobrinha chama-se Beatrice e o apelido é Bia. Agora voltando à introdução: o Cariricult está a cara do "blog dos meninos", inclusive com as exibições de virilidade bem típica.
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