A internet é o espaço livre da informação, da manipulação e da contradição. Se não tivermos o pulso do que lemos, cairemos facilmente naquele diálogo das tias falando de carestia: não sei quem me disse, que não sei onde, estão vendendo não sei o quê por não sei quanto! Menina e onde vamos parar com esta carestia?
As tias não precisavam de dados, a carestia em si era um dado posto e estava acabada a história. Não sei quantas vezes nos chega do mais profundo sentimento conservador e de algumas vozes ultra liberais e-mails apontando o dedo duro para os nordestinos produtores de vida. Se não os nordestinos e os favelados.
Há semana recebi de um paulista eleitor do Alckmin um longo texto contra o Serra considerado “estatizante” tanto quanto o Lula e advogando o fim de toda proteção social e deixando o território livre ao mercado. Um dos argumentos: os nordestinos continuam inundando o mundo de filhos. Parem com os programas sociais para que não continuem fornicando e gerando cabeças chatas.
Era uma alma carcomida. Sem luzes. Cheia de teias de aranha. A fertilidade brasileira há muito que mudou. E mudou numa escala sem precedente no mundo. Nenhum país na história da humanidade reduziu tão rapidamente a fecundidade quanto o Brasil. Isso ocorreu por uma série de fatores inclusive pela urbanização, pela existência de uma previdência social e de um sistema público de saúde de natureza universal.
Estudo recente do IBGE mostra uma redução na taxa de fecundidade em todas as idades entre 1980 e 2006, até mesmo no grupo etário que passou a ser preocupação do SUS: a gravidez na adolescência, entre 15 e 19 anos. Na idade mais fértil (25 e 29 anos) a redução na taxa foi de 0,25% para 0,10 %.
A redução no número de nascimento continua mesmo nos anos mais recentes. Entre 2000 e 2006, o número de nascidos vivos passou de 3,2 milhões para 2,9 milhões. Á exceção da região norte esta redução ocorreu em todas as regiões do país, inclusive no nordeste.
O debate no país precisa efetivamente mudar de qualidade. Acrescentar mais perspectiva de aceleração das melhorias e menos “auto-imagem de vira-lata”. A rigor a democracia fez bem ao país, a Constituição permitiu uma sociedade melhor, a vida e as políticas de transformação avançam na redução de desigualdades regionais e entre as classes sociais.
A título de resumo apenas citando os tópicos do estudo do IBGE: 1) as desigualdades regionais na mortalidade reduziram muito entre 1960 e 2005; 2) a diferença na esperança de vida entre os sexos acentuou-se muito nos anos 80 (mulheres vivem mais); reduziram-se as diferenças de fecundidade entre as mulheres de menor idade e da maior escolaridade (o planejamento familiar atingiu mulheres de menor escolaridade); doenças crônicas atingem 75,5% dos idosos (mais inovação em medicamentos e melhor acesso); os idosos do nordeste têm menor mobilidade (incapacidade funcional e isso pode se associar com a urbanização); aumentou a proporção de mães que realizaram o exame de pré-natal; mortalidade infantil mantém a trajetória de queda; o número de equipamentos para imagem cresce com maior intensidade no setor público e assim por diante. Quem tiver interesse no estudo abaixo segue o endereço:
hhtp://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1445&id_pagina=1
Que algum desavisado não tome isso apenas como propaganda do situacionismo. Ao contrário, não se pode é negar as evidências de melhoria e os avanços nos últimos anos. E ao não se fazer isso cada um que convença a sociedade que tem o melhor projeto para aceleração de tais melhorias.
As tias não precisavam de dados, a carestia em si era um dado posto e estava acabada a história. Não sei quantas vezes nos chega do mais profundo sentimento conservador e de algumas vozes ultra liberais e-mails apontando o dedo duro para os nordestinos produtores de vida. Se não os nordestinos e os favelados.
Há semana recebi de um paulista eleitor do Alckmin um longo texto contra o Serra considerado “estatizante” tanto quanto o Lula e advogando o fim de toda proteção social e deixando o território livre ao mercado. Um dos argumentos: os nordestinos continuam inundando o mundo de filhos. Parem com os programas sociais para que não continuem fornicando e gerando cabeças chatas.
Era uma alma carcomida. Sem luzes. Cheia de teias de aranha. A fertilidade brasileira há muito que mudou. E mudou numa escala sem precedente no mundo. Nenhum país na história da humanidade reduziu tão rapidamente a fecundidade quanto o Brasil. Isso ocorreu por uma série de fatores inclusive pela urbanização, pela existência de uma previdência social e de um sistema público de saúde de natureza universal.
Estudo recente do IBGE mostra uma redução na taxa de fecundidade em todas as idades entre 1980 e 2006, até mesmo no grupo etário que passou a ser preocupação do SUS: a gravidez na adolescência, entre 15 e 19 anos. Na idade mais fértil (25 e 29 anos) a redução na taxa foi de 0,25% para 0,10 %.
A redução no número de nascimento continua mesmo nos anos mais recentes. Entre 2000 e 2006, o número de nascidos vivos passou de 3,2 milhões para 2,9 milhões. Á exceção da região norte esta redução ocorreu em todas as regiões do país, inclusive no nordeste.
O debate no país precisa efetivamente mudar de qualidade. Acrescentar mais perspectiva de aceleração das melhorias e menos “auto-imagem de vira-lata”. A rigor a democracia fez bem ao país, a Constituição permitiu uma sociedade melhor, a vida e as políticas de transformação avançam na redução de desigualdades regionais e entre as classes sociais.
A título de resumo apenas citando os tópicos do estudo do IBGE: 1) as desigualdades regionais na mortalidade reduziram muito entre 1960 e 2005; 2) a diferença na esperança de vida entre os sexos acentuou-se muito nos anos 80 (mulheres vivem mais); reduziram-se as diferenças de fecundidade entre as mulheres de menor idade e da maior escolaridade (o planejamento familiar atingiu mulheres de menor escolaridade); doenças crônicas atingem 75,5% dos idosos (mais inovação em medicamentos e melhor acesso); os idosos do nordeste têm menor mobilidade (incapacidade funcional e isso pode se associar com a urbanização); aumentou a proporção de mães que realizaram o exame de pré-natal; mortalidade infantil mantém a trajetória de queda; o número de equipamentos para imagem cresce com maior intensidade no setor público e assim por diante. Quem tiver interesse no estudo abaixo segue o endereço:
hhtp://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1445&id_pagina=1
Que algum desavisado não tome isso apenas como propaganda do situacionismo. Ao contrário, não se pode é negar as evidências de melhoria e os avanços nos últimos anos. E ao não se fazer isso cada um que convença a sociedade que tem o melhor projeto para aceleração de tais melhorias.
Um comentário:
O homem por excelência é um ser político. Sabemos disso. O Zé do Vale não poderia fugir à regra, com o nível de informação e discernimento conquistados. Admiro sobremaneira sua bem formada consciência crítica e, confesso que nos faz falta, nesse âmbito coletivo, mais discursos sobre política , cidadania, etc.
Fico satisfeita também, quando você nos traz textos dessa natureza.
Quando eu era criança o Crato tinha uma vida política ativista. Nossos pais, pelo menos o meu, mesmo sem ser e sem pretender ser, candidato a nada, se envolvia emocionalmente, bastante, nas épocas de eleições. Meus avôs, idem... E a gente também entrava na sintonia da paixão. Íamos aos comícios, vibrávamos pelos candidatos, e chegávamos a nos indispor com alguns de partido oposicionista.
Quando a gente passou a entender melhor da realidade política, na época de leitura do Pasquim, da ditadura, a gente sentia um misto de fascínio e medo. Então pela pouca idade, nos ajoelhamos diante da repressão. Mas, o nosso espírito criava raízes um tanto ou muito libertárias. No crescente vivenciamento dos fatos, fui me identificando com o anarquismo. Depois fui me tornando apática, para não explodir de paixão, a minha "passionalidade".
Na adolescência namorei um marxista (pessoa humana e linda), e não nego que me coloquei como curiosa, e simpatizante. Mas nunca assumi partidarismo, nem militâncias. Nem me arrependo (?).
Resolvi enquadrar-me ao tradicional. Também não consegui. Existia na minha geração uma rebeldia filogenética, incontestável. Um dia, a democracia voltou a ser "soberana". Foi como se eu saísse de um eterno estado de sítio. Resolvi naqueles tempos de silêncio sair pela tangente e ser boêmia. Todos os boêmios, na maioria eram leninistas... Pois é, os grupos de vanguarda marginalizavam os alienados.
Continuo ficando à margem das discussões políticas... Acho um campo poluído. Não me traz serenidade. Mas gosto, gosto com avidez!
Comentário é pra ser feito, em poucas linhas. Já estiquei a corda...Já parei !
É que sai um pouco do texto, desabafei.
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