Quando eu me casei, em 1979 , todas as casas tinham quintal e pilão. Tratei logo de arranjar um, mas já não existiam em qualquer feira para se comprar, , nem quem os fizesse. Uma vez por semana, eu ia na casa da minha tia Ivone pilar a carne seca pra fazer paçoca , acompanhada do baião . A gente fritava a carne na gordura do toucinho , e adicionava bastante cebola roxa, e aí então , socávamos no pilão com um pouco de farinha de mandioca. Tínhamos então , a verdadeira paçoca . Ela nem se acompanhava de outra carne. Não era complemento. Era o prato principal. Ficava um pouco úmida , e a carne numa consistência fibrosa, fiapenta. Essa era a nossa paçoca original. Hoje , imaginem, a gente usa o liquidificador pra fazê-la, numa quantidade desproporcional de farinha, e achamos, enchemos a boca pra dizer, que adoramos paçoca... Ora, ora, a gente adora é farofa ! Nunca peço paçoca , nos restaurantes. Eu sei o que é uma paçoca gostosa ! Naquele tempo acompanhava o baião de dois com queijo de coalho e nata de leite com torresmos e cheiro verde. Se fazia mal isso é outra questão . Só sei que era tudo natural. Existe algo pior do que os conservantes dos nossos enlatados? A gente pensa que usando um creme de leite light tá tudo compensado...Cuidado !
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Paçoca light ( ?) :
1/2 Kg de carne de sol
2 cebolas roxas
Um mão de farinha de mandioca ( use o mínimo possível)
Óleo para fritar a carne ( canola é o melhor)
alho , cheiro verde
manteiga de garrafa ( facultativo- só pra quem pode e gosta)
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Médodo : ferventar a carne em pedaços. Passá-la no óleo com a metade da cebola e o alho. Processar no aparelho que você tiver ( moinho, centrífuga , liquidificador ...ou pilão!) com a farinha de mandioca crua e o restante da cebola. Nos aparelhos modernos tem que ser rápido e grotescamente , pra que ela não fique muito moída ou triturada. Se ficar muita seca, passe aos pouquinhos, no pulsar , e se puder, acrescente uma colher de manteiga de garrafa. Perfume com cheiro verde batidinho, e pronto ! Acompanha um baião de dois pegando fogo, com muito queijo, e uma banana prata da bandeja.
* manteiga de garrafa é a manteiga da terra . Aquela que se fazia em casa ou vinha da fazenda. O cheiro da borra é inesquecível .Eu diria que é poesia !
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A sugestão de um doce , sobremesa ?
Agora eu vou pro futuro, hoje passado, nos meus tempos de Friburgo. Vocês acreditam que passei dois anos saindo do trabalho pra comer do mesmo pavê? Não conseguia descobrir a receita , e achava ético não indagar. Quando vim embora, pedi ao dono da doceria, que me passasse a dica. Ele contou o segredo, e eu finalmente fiz, comi, e nunca abusei.Experimentem também!
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Pavê de banana
-6 bananas nanicas( Casca verde.Não serve outro tipo de banana)
-duas latas de creme de leite
-uma xícara de açúcar mascavo
-suco de 3 laranjas
-um pacote de biscoitos de maisena
-2 colheres cheias de manteiga ou margarina
-canela em pó.
-Nozes trituradas ( facultativo)
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Método:
Parta as bananas em rodelas ,e leve-as ao fogo para com um pouco de manteiga , açúcar e suco de uma laranja.Cozinhar até desmanchar e virar um doce cremoso.
Molhe os biscoitos no suco de laranja;
Faça um creme com o açúcar mascavo e a manteiga, até ficar bem homogêneo. Acrescente o creme de leite sem soro.
Montagem : biscoito, bananas, creme ( alternados). Polvilhar com canela e nozes trituradas .Levar para gelar. É "viciante" !
Nesse cardápio vale como acompanhamento uma bela salada de folhas , e um purê de macaxeira ( aquele que vocês sabem fazer). Se sobrar carne e purê, façam um escondidinho para o jantar.
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Um domingo luminoso para todos.
Socorro Moreira
2 comentários:
Eita Socorro você de novo.
Eu cheguei a fazer essa paçoca com esses mesmos ingridientes. Detalhe, a carne seca era torrada na banha dotoucinho. A cebola tinha que ser a roxa mesmo, dava um gosto caracteristico.
Parabens pelas suas boas receitas
Um forte abraço
Jair Rolim
Queres matar a gente, danada ? Esta já está no meu caderninho de "Receita´S"
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